Capítulo 12

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- Será que você poderia por gentileza me ajudar? - pedi com falsa simpatia, sentando-me na beirada da minha mesa de madeira.

- Será que você poderia calar sua boquinha linda e me deixar trabalhar? - Peeta rebateu, fechando a porta atrás dele e andou até mim.

- Deixa de ser grosso, Peeta. - resmunguei quase manhosa. - Tá doendo.

Peeta revirou os olhos e me entregou a bolsa de gelo que ele havia pego na cozinha. Em seguida foi até o meu armário, em busca da caixa de primeiros socorros.

- Eu não deveria fazer isso. Você precisa de um médico de verdade. - disse voltando até mim, e colocando a maleta branca com uma cruz vermelha ao meu lado sobre a mesa.

- Que se dane o médico de verdade. Foi só uma torção. - retruquei, segurando o gelo contra meu pulso direito.

- E por que eu te ajudaria, se você é tão antipática? - rebateu, abrindo um sorriso.

- Porque a culpa foi sua. - ergui a sobrancelha, desafiando-o a dizer o contrário.

- Você me empurrou pra fora do seu caminho, pra pegar um ladrãozinho de bolsas. - disse abrindo a maleta.

- E você passou por mim correndo, me fazendo cair como uma policial daquele filme idiota, com policiais idiotas, que fazem coisas idiotas. - rebati franzindo as sobrancelhas. - Mas espera eu ficar melhor, pra você ver se não vai apanhar. - ameacei.

Peeta soltou uma risada gostosa.

- Não seja marrenta. - ele colocou as mãos sobre a mesa, prendendo-me entre seus braços.

Mordi o lábio inferior, e desviei o olhar quando notei que seus olhos brilhantes encaravam os meus.

- Você devia se afastar. - pedi em tom baixo.

Pela primeira vez Peeta não discutiu. Logo ele tirou suas mãos de perto de mim, e deu um passo para trás.

- Eu poderia ter te beijado agora. - Peeta sorrio, tomando a bolsa de gelo da minha mão, e segurou contra meu pulso.

- Poderia, mas não deve. - rebati.

- Eu sei. - ele abaixou a cabeça.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

- Você consegue fechar os dedos? - perguntou voltando a me olhar.

Os movimentei normalmente.

- E o pulso? - questionou. - Consegue dobra-lo?

Movimentei devagar, porém senti meus nervos repuxarem por toda a extensão do braço.

Fiz uma careta, o que Peeta pareceu usar como resposta.

- Eu vou enfaixar. Você coloca mais gelo durante a noite e enfaixe novamente. Caso amanhã esteja roxo, inchado, e os movimentos tenham piorado, eu mesmo vou te levar ao hospital. - Peeta disse com a voz firme, como se fossem ordens a um simples oficial.

Revirei os olhos, mas não retruquei.

O processo de pomada para lesões e enfaixar, foi silencioso. Suas mãos eram leves, o que reduzia a dor que eu ainda sentia.

- Obrigada. - agradeci quando Peeta colou a fita para prender a faixa.

- Se você ainda tiver em casa, use o imobilizador. - sugeriu guardando o que ele havia usado, de volta na caixa.

- Tudo bem. - respondi, observando-o andar até o meu armário.

- Por que não quis ir ao médico? - perguntou, voltando até mim.

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