Nível 5 Da Atração

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Demoro um pouco com alguns e-mail's no escritório, Júlia me envia a mensagem avisando que Maria já está na varanda, gostaria de poder ir até lá e ficar um pouco com ela... mas eu não sou assim, eu não consigo, sou ainda um grande covarde. Me sinto medroso e exposto, ao mesmo tempo é como se a presença dela me trouxesse uma enorme tranquilidade, trás.

Saio pra fora da sacada suspensa, vejo as ondas quebrando nas rochas do lado e me viro, e daqui eu a vejo sentada no sofá da varanda olhando pras ondas do mar mais a frente, Maria não me vê, estou mais alto que ela, o máximo que pode ver é as minhas pernas, ela também está muito distraída, os cabelos úmidos caem em suas costas, ela ainda está abatida, os lábios esbranquiçados novamente, está realmente com o semblante de alguém fragilizado.

Pego o celular no bolso e ligo pra ela, depois do terceiro toque ela atende.

—gostou?—questiono.

—é perfeito—responde—gostaria de poder descer.

—deixe pra amanhã—falo analisando-a—suas amigas estão na cozinha com Júlia, elas estão preparando sanduíches.

—ah!

Gil está com ela, vai alimentá-la, Maria fecha a cara pra Gil assim tão séria que até eu teria medo, ela odeia esse tipo de coisa pelo visto.

—como se explica em inglês pra sua enfermeira que eu não quero que ela aja como você ?

—ela é paga pra isso, coma!

—onde está Olaf?—pergunta.

—dei folga pra ele descansar esses dias, por que?

—ele não está me vigiando nem nada.

—tenho mais gente agora.

Quase vejo um pequeno sorriso em seus lábios.

—é claro, sua "mordoma" parece uma mão de ferro.

—ela não é uma "mordoma", ela é a esposa do meu tio.

Os traços de sorriso desaparecem de suas feições.

—ela entende...

—absolutamente não, ela sempre vem com a Júlia, ela tem medo que eu a desvie pro caminho do mal.

—desculpe, ela é muito séria.

—é o jeito dela, nada parecida com meu tio, ele é mais simpático.

Ela começa a aceitar a comida que Gil lhe oferece, se inclina e paga uma torrada, olha fixamente pro mar, e os meus olhos estão nela... não consigo ser diferente disso.

—preciso ligar pro Nando—fala vagamente.

—Sarah disse que ligou ontem a noite, ele está bem, descanse depois ligue pra ele.

Sarah me disse isso mais cedo, também estou um pouco incerto sobre isso, Maria tem uma criança de dez anos, algo que prefiro não entender simplesmente por que ela era virgem, eu sei que sim, mas é algo que não se explica.

—se importa se eu usar o seu celular?

Maria e seu orgulho que não me serve pra nada... mas ainda continua sendo até que cativante esse lado dela.

—ele é seu!

—vou devolver.

—não vai não, Maria não comece.

Atraído (Livro I) - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora