A Fuga

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Hélices giravam rapidamente, impedindo a passagem de qualquer coisa. A menina entrou em desespero, não sabia o que fazer. Arrancou o sapato do pé e atirou em direção às hélices. O sapato bateu em uma hélice e voltou no rosto dela. Seu rosto ardia. Raiva fervia dentro dela. Ela não podia fracassar. Aquilo era fundamental para a sobrevivência. Foi então que pensou: tenho que me pensar num jeito de passar. Tentou se lembrar de tudo o que aprendera até o momento e uma frase veio a sua mente: use o terreno a seu favor. Mas, o que poderia fazer? Estava em uma caixa metálica. O que poderia usar? Ela olhou em volta e iluminou o caminho com a lanterna. Em vão. A lanterna começou a perder a luz, a bateria estava acabando, logo tudo estaria perdido.

De repente uma ideia veio a sua mente. A lanterna precisa de energia. As hélices também. Lembrou-se dos fios expostos. Se cortasse o fio certo ela poderia passar. A lanterna começou a piscar. Ela apontou a lanterna para as hélices e conseguiu ver um fio roxo ao fundo. Começou a procurar outro fio roxo até que olhou para cima, viu algo roxo segundos antes da lanterna apagar. Sem pensar duas vezes puxou a faca que estava em seu bolso e cortou o fio. As hélices pararam aos poucos. A menina pegou o sapato, a lanterna e a mochila. Seguiu até a saída de ar e entrou na sala de controle.

A sala de controle era uma sala com um teclado cheio de botões luminosos e várias telas mostrando a visão das câmeras do mercado. Uma revista estava apoiada em cima do teclado. A revista era sobre uns óculos noturnos que acabaram de chegar na cidade. Ela pegou a revista e começou a ler:

Óculos de Visão Noturna 2000. Já disponível!

Disponível em: Mercado, Loja de Utilidades e Funcionalidades e InfoTech.

Está esperando o que para comprar o seu?

A menina adorou o novo produto. Decidiu que pegaria um. Seguindo o plano, ela apertou um botão vermelho e brilhante com um desenho de uma câmera. Automaticamente, todas as telas apagaram, e ela partiu para a parte interessante.

A menina conhecia o mercado como a palma da sua mão, sabia onde ficava cada coisa, então foi até a seção de "Novidades" e foi procurando os óculos. Por sorte, eram os primeiros produtos da prateleira. Ela pegou um, colocou no rosto. A sensação era incrível. Tudo estava nítido. Os óculos mostravam as horas em um pequeno relógio digital no canto da lente direita. O relógio marcava 5:01. O mercado abria 6:30. A menina decidiu se apressar.

Foi correndo até o estoque. Ao chegar lá, percebeu que a porta estava trancada. Rapidamente, pegou um grampo e destrancou a fechadura. Apressada, entrou no estoque e bateu a porta com força. Graças ao novo produto, ela não teve dificuldade em encontrar cada alimento - antes ela usava a lanterna, mas ela chamava muita atenção e a bateria acabava muito rapidamente. Os óculos pereciam ter uma bateria mais duradoura, e não chamavam atenção. Pegou alguns pães recheados com creme de confeiteiro, um saco de doces sortidos Fini, - que eram seus favoritos - e um bolo cheio de confeitos com uma frase escrita: Feliz Aniversário! A frase estava escrita uma letra cursiva trabalhada e com glacê. Parecia delicioso. Ela pegou tudo e botou na sua mochila. Decidiu ir embora logo. Foi andando até a porta e parou abruptamente ao ouvir uma conversa:

− Ei Josh, disseram que ela estava aqui, a tal da "Schlange". Nenhum sinal dela.

Ela estremeceu. Ninguém ficava no mercado além dela. Ficou em silêncio, desejando estar do lado de fora.

− Temos que achá-la. Temos que... - ele parou como se tivesse visto alguma coisa. - Ela está lá fora, vamos, Tyler.

− Mas o cheiro dela é daqui!

− Quieto, Tyler! Vamos!

Ela ouviu cascos batendo no chão, enquanto eles foram embora. Não sabia se saía da despensa ou se ficava lá escondida. Se saísse quem estivesse lá fora a veria, e sabe-se lá o que faria. Se ficasse seria pega ao amanhecer. Resolveu sair daquele lugar. Foi correndo silenciosamente até a sala de controle e religou as câmeras. Depois, saiu do mercado pela mesma "porta" em que entrou. Arrancou os óculos de visão noturna e saiu correndo pela floresta em direção à sua casa. Os galhos batiam em sua cara. Eles a arranhavam. Não importava. Ela só queria se sentir segura. Só queria estar em casa.

A BATALHA PELA FLORESTA PROIBIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora