Ambrosia

22 1 0
                                    


Vitoria ainda se sentia um pouco tonta. Nada fazia sentido algum para ela. Uma criatura a fez uma "visita", disse que precisava ir para algum lugar, e, de repente uma flecha estava cravada em seu braço. Lembrando da história, abriu um pequeno sorriso pensando consigo mesma: Só tem uma explicação. Foi um sonho. Nossa, minha mente é tão maluca que eu sonhei essa história toda. Melhor eu me levantar e falar isso para a minha mãe, ela vai morrer de rir. Ela abriu os olhos e percebeu que não estava no seu quarto, e sim numa floresta. Aquilo não fora um sonho.

Ela dormira numa cama improvisada, que era basicamente feita de folhas e agulhas de pinheiro espalhadas pelo chão. Ela era tão macia que as únicas coisas que tiraram Vitoria de lá foram a raiva, o medo e os dois misturados. Olhou em volta procurando pelos sequestradores. Ela estava numa pequena clareira. As únicas coisas que encontrou foram duas camas parecidas com a que dormiu na outra extremidade da clareira. Eles estiveram ali. Então, decidiu sair da clareira, pois onde quer que estivesse, seria um alvo muito fácil num campo aberto. Foi até uma árvore e começou a subir de galho em galho. As árvores de lá eram bem mais altas que as da alameda, o que obrigou Vitoria a subir a uma altura de mais de cinquenta metros para camuflar-se na copa. Os galhos pareciam ser mais resistentes, porém, eram mais distantes um do outro. Ficou lá em cima alguns minutos até que ouviu alguém se aproximando. Olhou discretamente para baixo e viu as criaturas. Ela se apressou, subiu o mais rápido que pode até a copa, estava nervosa, pisou em falso duas vezes, e, pela primeira vez na sua vida ela se sentia a pessoa mais segura do mundo na copa de uma árvore. Olhou novamente para baixo. Cada uma segurava um arco e tinham cada um uma aljava cheia de flechas. Eles carregavam alguns coelhos e esquilos mortos. Eles estavam caçando, e, segundo a linha de raciocínio de Vitoria, não demoraria muito para virar a caça.

Quando os sequestradores perceberam que Vitoria não estava lá, puxaram sincronizadamente uma flecha da aljava cada, as posicionaram nos arcos e começaram a procura-la nas redondezas da clareira. Eles trocavam olhares preoucpados. Não dava para ouvir muito bem lá de cima, de modo que Vitoria só ouviu alguns fragmentos das conversas como temos que acha-la e ele nos fez jurar. Ela estava confusa. Por que eles precisavam dela e quem os fez jurar?

Um deles, depois de vários olhares trocados e conversas preocupadas, se irritou e deu um grito

−VITORIA! ONDE QUER QUE VOCÊ ESTEJA VENHA AQUI AGORA!

Assustada, pulou de árvore em árvore, saindo daquela clareira o mais rápido possível. Sua vida estava de ponta cabeça. Ela só se concentrava em fugir, o medo a dominou, estava muito nervosa. Enquanto corria, as vezes imagens das criaturas apareciam em sua mente, o que a fazia pensar as coisas horríveis que eles podiam fazer, e por um momento ela pensou na morte. Quando a imagem de uma Vitoria morta, com uma flecha no peito passou na sua mente, ela pisou em falso em um galho e caiu de costas no chão. O impacto a fez soltar um grito, mas ela obrigou-se a ficar quieta. Droga, agora aqueles filhos da mãe vão vir aqui me pegar.

Ela tentou se levantar para fugir, mas a tentativa foi em vão, ela não conseguia se mexer, a dor dominava seu corpo tentou ficar quieta para que não a achassem, mas a dor fez lágrimas escorrerem pelo seu rosto, ela começou a soluçar, e ao ouvir as criaturas chegando, sua respiração aumentou o ritmo, seus pulmões queimavam. Eles chegaram perto de Vitoria, olharam bem para ela e Tyler disse:

−Não podemos mantê-la aqui até que a situação no acampamento melhore. Precisamos leva-la até lá agora Josh.

A outra criatura apenas assentiu. Tyler colocou-a nos braços de Josh. Os dois foram correndo pela floresta, desviando dos galhos. Essa era a última lembrança de Vitoria antes de sentir tudo ir perdendo a cor gradativamente até chegar no tom mais escuro possível.

A BATALHA PELA FLORESTA PROIBIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora