Quem sou eu?

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O rapaz levantou-se de sua cama, andou até a porta e ao abrir a mesma viu uma multidão de pessoas que andavam calmamente umas atrás das outras.
- Ei, sigam-nos - Era um dos monitores. Ela disse e continuou a andar. Quatro os seguiu em passos lentos até que sentiu um vento frio tocar seu rosto, seus olhos se fecharam por um instante e um céu estrelado apareceu em sua visão, como uma lembrança, o rapaz parou em meio a multidão que continuava a andar como robôs, ao olhar para os lados Quatro viu um corredor preenchido pela escuridão e mais frio do que o resto da ala. O moreno adentrou no mesmo e a cada passo a escuridão e o frio aumentavam, deixando-o sempre alerta e arrepiado, entre o som de seus pés tocando o chão frio o rapaz pensou ouvir algo, uma respiração mais forte ou um tropeço…Olhou para trás em um gesto estúpido de encontrar algo ou alguém mas a única coisa que viu foi a escuridão então algo frio foi forçado contra suas costas, era pequeno mas fez sua espinha arrepiar.
- Quieto ou eu atiro - Era uma voz feminina mas não gentil e doce como as das monitoras da Ala, era firme e rígida.
- Tu..tudo bem - Disse o moreno ao erguer suas mãos para o alto em um sinal de rendição.
- Por aqui - Disse a voz ao empurrar o menino ao lado contrário qual ele ia, ele não havia visto que dentro do tal corredor frio existia outro corredor, um escondido, imerso na escuridão. A voz guiou Quatro por alguns minutos até que o garoto enxergou uma luz fraca e branca há alguns metros da onde se encontrava.
- Para onde tá me levando? - Perguntou Quatro nervoso.
- Eu disse quieto! - Ela ordenou agora mais alto do que antes. Quatro se silenciou e continuou a andar, em um piscar de olhos descobriu da onde saia a luz que enxergava há poucos segundos atrás, era da lanterna de um homem, com aproximadamente 45 anos, alto e moreno acompanhado de um rapaz que aparentava ter a mesma idade que Quatro porém estava mais saudável.
- Que merda é essa, Malia? - Gritou o rapaz ao olhar para Quatro.
- Ele ia encontrar a gente, esse alienado tava vagando pelo corredor - Disse quem Quatro julgou ser Malia, sem tirar a arma das costas do moreno.
- Malia, ele não é um soldado e Theo, não grite - Disse o homem enquanto analisava Quatro de cima a baixo, cuidadosamente - Nem parece estar alienado… - O homem olhou Quatro nos olhos e suspirou - Vamos ter que leva-lo - Respondeu.
- Porque não o matamos, Tony? - Perguntou Malia e Quatro sentiu seu coração disparar.
- Não queira se igualar a eles, Malia - Tony respondeu ao virar de costas e dar um chute contra a parede então um buraco se abriu, era redondo como se tivesse sido feito com alguma ferramenta mas dava para todos ali passarmos um por um. Primeiro, o moreno passou, o segundo foi Quatro, escoltado por Malia até que passou pelo buraco e Theo assumiu o trabalho logo vinheram Tony e Malia, um atrás do outro.
Quatro olhou em volta e pode sentir um frio percorrer sua espinha, ele estava fora da Ala e isso era claro, ele sentia o vento frio bater em seu rosto e conseguia ver as estrelas como em sua lembrança. As estrelas e a Lua eram as únicas coisas que iluminavam tudo o que Quatro via, o que era nada.
- Você precisa disso - Tony disse enquanto tirava uma de suas jaquetas e dava para Quatro - Aqui é frio e essa sua farda não esquenta nada - Falou seco enquanto dava as costas e seguia reto. Quatro vestiu a jaqueta e se sentiu um pouco mais aquecido, o lado de fora era frio e seco, o rapaz sentia seu nariz totalmente seco e quase que queimando por dentro mas seguia sem reclamar. O solo qual pisava era reto e duro em alguns momentos ele conseguia sentir uma areia fina tocar seu rosto mas não sabia de onde vinha.
- Você não se lembra de nada mesmo? - Perguntou Theo com a arma em suas costas.
- As vezes tenho algumas lembranças de… - Quatro começou mas foi interrompido por Malia.
- Como? Como consegue ter lembranças? - Perguntou quase que surpresa.
- Eu não sei, eu apenas tenho - Respondeu o moreno.
- Fiquem quietos, ou querem que as bestas os ouçam? - Perguntou Tony. Quatro ouviu Tony e a palavra besta ecoou em sua cabeça, ele reconhecia essa palavra mas não sabia da onde. O rapaz foi pensando nisso todo o caminho, que foi longo e cansativo, as vezes o moreno pensava que havia se perdido, imersos a escuridão e sozinhos no frio mas Tony parecia saber para onde estava ia e nem Malia ou Theo o atrapalhavam. Tony ergueu sua lanterna para um prédio velho, era pequeno com pelo menos 4 ou 5 andares e todas suas janelas estavam fechadas com algo que parecia com tábuas. O céu já estava clareando, o sol já era visível a um lado e a Lua já estava a descansar do outro.
- Chegamos - Disse Tony e todos os seguiram, o homem parou em uma porta de ferro velho, que era trancado por uma corrente e um grande cadeado. Tony bateu palmas três vezes e estalou os dedos uma. O silêncio tomou conta do local e Yra respirou fundo.
- Esse código é estupidez - Malia disse ao passar a mão no rosto - Triz! - Ela gritou tão alto que Theo deixou sua arma cair.
- Malia, que porra - Theo pegou a arma com pressa e uma garota apareceu no portão em poucos segundos. Ela abriu o mesmo com pressa, nós entramos e com a mesma pressa ela o fechou.
- Quem é esse? - Perguntou a garota.
- Um peso morto - Respondeu Malia ao bufar. Talvez Malia só estivesse estressada ou talvez ela fosse sempre assim…mal humorada. Theo levou Quatro até uma sala onde haviam algumas pessoas, elas usavam roupas gastas e velhas diferentemente de Quatro, que usava uma farda totalmente branca agora suja pelo tempo em que andou. A sala estava velha, as paredes beges desgastadas, afiação amostra e algumas lâmpadas estavam pressas por dois ou três fios de eletricidade. As janelas da sala estavam tampadas pelas tábuas que eram visíveis do lado de fora e a fraca luz do sol da manhã passava pelas finas frestas que haviam entre uma tábua e outra.
- St…Stiles? - Uma voz familiar ecoou na cabeça de Quatro e o som de vidro caindo contra o chão se foi ouvido e ecoado pela sala.
Quatro passou os olhos pela sala em busca da voz e a encontrou paralisada com os cacos de vidro a sua volta. Seus cabelos eram castanhos como seus olhos, a pele branca e ela parecia em choque sem tirar os olhos do moreno.
- Stiles! - A garota repetiu e seus olhos se encheram de água enquanto ela corria em direção ao moreno. O abraçou com força e encharcou a blusa do menino com lágrimas - Achei que tivesse morrido, que eles tivessem te levado com ela - Disse a garota enquanto olhava para Quatro, seu olhar era cheio de amor e alegria.
- Desculpe... Nã…não sei quem você é - Disse o rapaz ao olhar para a morena abraçada a ele, e no mesmo instante ela se afastou. Todos que ali estavam não acreditavam naquilo, quando um dos rebeldes é levado para Ala nunca mais volta, ainda mais quando se é como Quatro, quando se é como Stiles.
- Allison, ele é…como você? - Malia perguntou, seu tom de voz era mais gentil agora, seu toque na morena era doce como se tivesse afim de conforta-la. Allison acentiu e um garoto moreno entrou às pressas na sala, olhou para Stiles como Allison havia feito a pouco.
- Não acredito - Ele disse com um enorme sorriso em seu rosto e quando se aproximou para abraçar Quatro, Allison o segurou.
- Ele não se lembra - Ela disse com a voz baixa, quase em um sussurro - Nos apagaram, Scott - Allison desabou no braços de Scott e ele, agora, estava chocado.
- Como? Ele deve se lembrar de algo, Stiles é como nós, Allison - Scott disse e Stiles balançava a cabeça afim de que tudo fosse um sonho, como se ele fosse acordar novamente na Ala. Aquilo devia ser bom, pessoas os conhecem, se lembram dele e o amam mas Stiles não se sentia bem, ele não conhecia ninguém ali, nem a si próprio, sua cabeça parecia querer explodir. O garoto deu passos para trás, se preparando para fugir, ele correu afim de ir embora dali mas assim que chegou no portão se deparou com algo pior do que o que havia naquela sala há metros dele, seu rosto era desfigurado, sua pele meio esverdeada com a arcaria dentária amostra, suas roupas rasgadas e sua boca cheia de sangue. Quatro se assustou e tropeçou em um pedaço de concreto, fazendo o garoto bater a cabeça no chão, sua visão escureceu e Malia apareceu no pouco que ele ainda via, ela gritava e sua voz havia voltado ao normal.
- Não dur...acordado... - Quatro ouvia tudo pela metade, seus olhos estavam se fechando e sua mente ficando cada vez mais lenta até que seus olhos se fecharam totalmente.

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