Ala Central

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Stiles e Augustus treinavam toda noite após o jantar, sozinhos no térreo, no começo Stiles sempre apanhava, acordava dolorido, alguns roxos na barriga e rosto porém não passava um dia sem treinar, sua magreza era boa para se desviar dos murros e chutes de Augustus que sempre dizia quão importante era aprender a se reerguer rápido e manter em sua cabeça que perder em uma luta contra uma besta não era uma opção. Após alguns dias de treino Stiles acertou seu primeiro murro em Augustus que revidou na hora que Stiles tentou comemorar e disse que não havia comemoração em meio da guerra há não ser quando ela termina e ele ainda não estava no chão. Após algumas semanas Stiles derrubou Augustus e dessa vez Stiles não comemorou parecia cansado demais para tal ação.
- Parabéns, magrelo, está se saindo melhor do que eu esperava - Augustus riu ao pegar uma caneca com água e dar um longo gole.
- Preciso ser o melhor - Stiles disse ofegante enquanto se deitava no chão.
- Não seja tão duro consigo mesmo - Augustus disse ao dar a caneca para Stiles que bebeu toda água que havia ali.
- Eu preciso se quiser salva-la - O moreno murmurou.
- Salvar a quem? - Perguntou o alemão ao se sentar no chão.
- Lydia - Disse Stiles, com uma normalidade em sua voz.
- A amiga de Allison? Garoto, sabe os boatos que rolam? - Augustus perguntou incrédulo.
- Que ela está morta, eu não me importo - Stiles disse com o semblante sério, o rapaz precisava ver para crer, era tudo ou nada.
- Que ela está na Ala central, rapaz - Disse o homem ao passar a mão em seu rosto, o olhar de Augustus dizia tudo. Stiles era um pobre esquecido inocente, mal sabia o que corria entre essas ruas vazias ou o que acontecia dentro das tais Alas.
- O que é isso? - Stiles perguntou sem nem pensar.
- Onde eles querem criar o soro, dizem que lá só ficam os mais importantes e claro, os testes, a Lydia é um deles - Augustus dizia com calma.
- E por que não fazem nada? Vão deixa-la morrer lá? - Perguntou o moreno nervoso.
- Porque ninguém quer morrer por boatos, magrelo - Disse Augustus e o seu olhar que sempre foi frio e superior agora tinha um ponto de tristeza - Vamos dormir, amanhã é um dia cheio - Concluiu.
Stiles voltou para seus aposentos e se deitou em seu colchão. Todos a sua volta já dormiam, pareciam relaxados mas Stiles tinha uma nuvem sob sua cabeça, uma nuvem cheia de confusão e angústia. Uma nuvem que tinha nome e belos olhos verdes, Lydia.

Noutro dia, Stiles sempre acordava antes dos outros e subia alguns dos suprimentos para o café da manhã, aos poucos o rapaz acabou se enturmando com as pessoas do abrigo, ninguém ali era má pessoa ou parecia ter outros desejos além salvar a própria vida, todos haviam perdido algo importante e não poderiam mais recupera-los mas Stiles sabia que se tivessem chance eles o fariam e isso só o dava mais vontade de ir atrás de Lydia.
- Stiles - Era Allison, desde da discussão eles não haviam mais se falado.
- Sim? - Respondeu.
- Queria me desculpar pelo o que eu disse, eu estava nervosa, esse assunto me deixa...me deixa diferente - Allison disse com os lábios trêmulos, Lydia significava muito para ela e isso era óbvio em seu olhar.
- Tudo bem, Allison - Stiles sorriu enquanto empilhava as caixas vazias de madeira. Alguém a chamou no mesmo instante e ela pediu licença, seu semblante parecia mais leve como se estivesse se livrado de um peso. O rapaz tomou seu café em silêncio enquanto observava os outros conversarem em um círculo até que alguém se aproximou, era Scott, ele se sentou ao seu lado.
- Scott... - Stiles passou a língua entre os lábios enquanto tomava coragem para perguntar - O que é Ala Central? - Perguntou o moreno como quem não queria nada. Scott fez uma cara um tanto confusa, já havia de ter ouvido entre a tal Ala Central mas não sabia que Stiles sabia de sua existência.
- A Ala Central é onde ficam os cientistas, as pessoas que realmente importam para a cura. Por que? - Scott perguntou.
- Nunca se perguntou o que eles fazem lá? Com seres humanos? - Stiles aumentou o tom na última frase, ele não aceitava que todos sabiam da existência da tal Ala e nunca fizeram nada por Lydia, nunca fizeram nada por ele.
- Stiles, ir até lá...descobrir algo seria como pedir para morrer - Scott respondeu com calma.
- Já estamos todos mortos, Scott. Você não enxerga? Olhe a sua volta, vivemos trancados, vivemos nessa cidade morta com bestas que comem carne humana, sabemos da existência de pessoas que são usadas como ratos e não nós importamos. Scott, você não se importou comigo, não se importa com Lydia - Stiles disse alto, ele mal acreditava que podia ter dito tanta coisa de uma só vez, seu coração batia tão forte. Todos que ali estavam olharam para Stiles como se ele fosse um louco e ele já estava acostumado com isso. De ser tratado como um doente. O moreno saiu do térreo e correu até o quarto onde havia acordado a primeira vez, ele estava cansado de imaginar o que poderiam estar fazendo com Lydia na tal Ala, não poderia aceitar que estariam a matando aos poucos.
Ala Central, Ala Central, Ala Central, a palavra ecoava em sua mente, cada vez mais fundo, cada vez mais familiar, seus olhos se fecharam.

Escuridão, um som irritante insistia em se aproximar cada vez mais, o som despertava medo, era frio, ele estava preso.
- Respire, respire, Quatro - Era uma voz estranha, masculina e rouca.
- Onde está ela? Onde está Lydia? - Era Stiles, ele estava desesperado, seus batimentos eram tão fracos mas ainda tinha forças para falar. Seus olhos se abriram, havia um velho de cabelos grisalhos e olhos verdes escuros. Ele preparava o que parecia ser uma injeção. Os olhos castanhos do menino se viraram e lá estava Lydia, seus cabelos ruivos estavam sujos de sangue, ela ainda parecia estar viva, seus olhos derramavam lágrimas - Lydia - Stiles chamou.
Os olhos verdes da garota se abriram e ela o olhou como uma despedida, estava cheia de dor, estava cheia de medo.
- Me desculpe - Ela murmurou.
- Mandem-a para a Ala Central, ele fica na 12 - Era o velho quem falava agora, uma picada foi sentida no pescoço do rapaz, o líquido parecia ácido, queimava seu corpo por dentro, lhe fazia gritar.
- Sim, Dr. Argent - Foi a última frase ouvida antes de apagar.

Os olhos de Stiles se abriram, ele estava deitado no chão, seu corpo estava suado e sua cabeça doía. Mais uma memória havia retornado, uma não tão boa, uma não tão prazerosa, mas importante ele sabia onde Lydia estava. Ele sabia que ela ainda estava viva e ele precisava salva-la. O garoto se sentou na cama e respirou fundo.
Como ele salvaria Lydia? Ele precisava de um plano, precisava de mantimentos e um mapa Imediatamente a imagem de Cora guardando o mapa em seu bolso veio a mente do rapaz. Hoje era o dia, após todos dormirem, Stiles partiria.

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