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Eu não sabia o porquê, mas estava muito ansioso para minha noite com Florence. Acabei perguntando para ela o que preferia e ela disse que adoraria ir comer comida mexicana, então foi isso o que combinamos. Iriamos nos encontrar em um restaurante no centro da cidade por volta das seis e meia, e sai da oficina quase duas horas antes.

Chegamos praticamente juntos, e ela sorriu contente ao me ver. Fiquei igual um idiota olhando-a dos pés à cabeça. O jeans colado, a camisa de botões branca por baixo de um casaco azul, tênis e óculos. Aquela não era o tipo de roupa que as mães que eu conhecia usavam.

- Achei que ia acabar chegando atrasada. – ela riu – Não tive nem tempo de passar em casa.

- Está tudo bem. – sorri.

Nos sentamos em uma mesa na parte mais escura e calma do lugar, e eu tinha quase certeza de que aquela parte era onde os casais iam para ter seus jantares românticos.

A maior parte da conversa foi sobre nossos amigos. Os meus idiotas e das amigas dela achando graça quando pedi seu número. Eu queria muito perguntar sobre o filho dela ou coisa do tipo, mas não sabia se ia ser extremamente da minha parte.

- E você trabalha com o que? – ela perguntou.

- Na oficina do meu pai.

- Sério? – ela me olhou surpresa – Meu avô tinha uma oficina. Eu achava muito engraçado quando eles levantavam os carros, sempre queria ficar dentro. – ela riu.

- Estou tentando te imaginar fazendo isso. – falei rindo.

- Eu dizia para o meu avô que queria trabalhar junto com ele, mas ele dizia que isso era profissão de homem. Acabou que agora eu sou professora, super feminina. – ela revirou os olhos.

- Você é professora? – perguntei surpreso e ela assentiu.

- Por isso eu não pude sair ontem. Era dia de reunião de pais, e por mais que tenha um horário para acabar, sempre tem algum pai que aluga a gente para falar sobre como é minha obrigação fazer isso e aquilo. – ela riu.

Então ela não tinha filho coisa nenhuma, apenas teria que trabalhar. O fiozinho de esperança se tornou uma corda e eu me agarrei nela com força. Ela não era casada, não tinha filho, e se estava ali comigo só podia significar que também não tinha um namorado.

- Minha mãe fazia isso. Ela adorava ficar conversando com os professores nas reuniões, mas ela não dizia para eles o que fazer, apenas falava mal de mim mesmo.

- Os pais dos meus alunos são todos muito simpáticos, mas sempre tem um ou dois que adoram ser chatos e achar que se o filho deles tirou um F é por minha culpa. – ela bebeu um pouco do refrigerante.

- Tecnicamente é. – encolhi os ombros e ela riu.

- Claro que não. Eu sou professora de história da terceira série, nada do que eu ensino ali é mais difícil do que matemática. – ela disse rindo – Eu faço de tudo para que eles consigam ir bem nas provas.

- Então você é a professora legal?

- Sim. – ela assentiu – Se eu expliquei uma vez e eles não entenderam, é minha culpa, mas se eu expliquei mil vezes a mesma coisa de diferentes jeitos, eu não acho que o problema seja eu.

- Tudo bem, talvez você esteja certa, mas só porque história era minha matéria favorita tanto na escola quanto na faculdade.

- Você estudou o que?

- Direito. – suspirei – Cheguei até a me graduar.

- Você é formado em Direito e nunca pensou em ganhar milhões? – ela me olhou surpresa.

Can I Have Your Number?Onde histórias criam vida. Descubra agora