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Esperei ansiosamente por quarta-feira para que eu pudesse ver Florence novamente. Nós trocávamos mensagens todos os dias e conversávamos sobre diversos assuntos. Era completamente estranho aquilo, eu sentia como se estivesse me apaixonando por ela em uma quantidade tão pequena de tempo e vendo ela pouquíssimas vezes.

Saí da oficina uma hora antes do horário de almoço para que eu pudesse ir para casa e tirar toda a graxa do meu corpo.

Tínhamos combinado de nos encontrar em um lugar perto da escola onde ela trabalhava e cheguei lá vinte minutos antes dela sair para o almoço. Eu não tinha nem como negar que estava extremamente ansioso para vê-la de novo.

- Boa tarde, senhor. – ouvi uma voz forçada atrás de mim e me virei, encontrando Florence com sua melhor caracterização de professora.

- Você realmente usa óculos? – apontei a armação grossa em seu rosto.

- É claro que eu uso. – ela riu – Mas eu uso só no trabalho, me deixa com cara de séria. – ela me olhou de um jeito extremamente excitante.

- Você não olha para os alunos assim, né?

- Porque? – ela riu.

- É meio... – gesticulei tentando achar uma palavra que não a ofendesse – Sexual demais.

- Ai meu Deus. – ela riu – Não, Noah, eu não olho para eles assim.

- Fico mais tranquilo.

- Vamos entrar. – ela entrelaçou seu braço no meu e senti um arrepio na espinha com o toque da sua pele na minha.

Nos sentamos em uma mesa e ela ficamos escondidos atrás do cardápio enorme. Florence me surpreendeu pedindo hambúrguer com batata-frita e milk-shake de chocolate. Não que eu esperasse que ela pedisse salada, mas também não imaginava que ela ia pedir tudo aquilo. Onde toda aquela comida ia?

- Não era para você estar usando um macacão e ter graxa até a alma? – ela olhou para minha camiseta e a bermuda.

- Existe uma coisinha chamada água e sabão, você conhece? – arqueei as sobrancelhas e ela riu.

- Ok, essa eu mereci. – ela sorriu – Quando eu vou te ver de macacão e todo sujo?

- É fetiche? – perguntei rindo e ela assentiu – Quem sabe quando seu carro precisar de algum reparo.

- Deixa eu ver sua mão. – estendi a mão para ela.

Ela ficou passando a ponta do dedo pela palma da minha mão e analisou atentamente minhas unhas.

- Você deixa todo o trabalho para o seu pai, né? – ela me olhou.

- Porque?

- Você é muito limpinho, Noah. – ela gargalhou – Meu avô não conseguia por nada tirar a graxa das unhas.

- Minha mãe nunca gostou muito que meu pai ficasse com as unhas sujas, aí eu sempre limpo bem as mãos. – dei de ombros – Virou meio que um costume não deixar resíduos do trabalho no corpo.

- Eu ainda estou com a minha camisa cheia de giz. – ela apontou para o lado esquerdo de sua blusa cinza que estava cheia de manchas brancas.

- E depois falam que nós homens somos porcos. – falei rindo.

- Vocês são. – ela encolheu os ombros – Essa blusa vai para a roupa suja hoje, mas se fosse com vocês ela estaria boa para uso amanhã.

- Talvez. – sorri.

Ela segurou meu queixo e ficou virando meu rosto atrás de algo.

- Caramba, nenhum pouquinho de graxa. Nem na barba. – ela riu.

Can I Have Your Number?Onde histórias criam vida. Descubra agora