Quatro.

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Elisa...

Finalmente tudo no seu devido lugar, na verdade acho que tenho uma espécie de TOC pois a organização para mim é necessária. Não suportaria dividir uma noite inteira com essas caixas no meio do quarto. As luzes ja estão suspensas e todos os outros detalhes já estão na parede grudados. Tudo perfeito! Como meu último cupcake e sento na cama. Preciso de um analgésico pois minha cabeça parece que vai estourar. Meu pai guarda essas coisas, talvez no seu escritório. Já está de noite e meu pai e minha mãe dormem no quarto. Ponho minhas pantufas de pandinhas e saio do quarto sem o mínimo de barulho. Meu pijama rosa e minhas pantufas são considerados deploráveis para minhas amigas, mas são extremamente confortáveis. Já estou frente ao escritório, acendo as luzes e passo pelas diversas caixas espalhadas por lá. Talvez esteja na caixa que ele me fez o ajudar mais cedo. Lá está ela, em cima da mesa. Me aproximo e a abro, que decepção, são apenas papéis. Tem um em meu nome, são exames. Na verdade, são exames do ano de 2010 de quando tinha 12 anos. Não sei por qual motivo meu pai guarda isso, decido os pegar. Ouço então passos, meu pai. Ponho o papel de volta no lugar e fecho a caixa. Vou até outra e me agacho.

''Elisa o que faz aqui?" Ouço a voz rígida do meu pai.

"Diga que tem analgésicos por favor" me ponho de pé.

"O que está sentindo?" Vejo sua preocupação evidente.

"Apenas dor de cabeça, o dia foi cheio" sento em uma das poltronas.

"Devem está em algum lugar" ele pega a mesma caixa que análisei ainda pouco e põe em cima de uma prateleira.

"Por favor ache" faço bico.

"Aqui" ele acha em uma gaveta.

"Obrigada" fico de pé.

"Guardei aqui quando cheguei" ele fecha a gaveta.

"Ótimo" ele me acompanha.

"Boa noite Elisa" o vejo subir os degraus.

Vou até a cozinha e pego um copo de água, ao olhar o relógio da cozinha vejo que já são 4 horas da manhã. Perdi a noção do tempo enquanto viajava nos livros. Pego um copo de água e tomo o analgésico. Guardo o copo e vou até a varanda do apartamento, daqui é possível vê a outra. Deve ser a do Niall, na verdade só pode ser dele já que os nossos apartamentos são os únicos do andar. Por falar em Niall, é incrível a sintonia que tivemos. Ele parece ser bem legal, não me olha com pena como todos me olham e não é legal comigo apenas por educação. Nunca ninguém tinha debatido um livro comigo, e isso também foi algo que me surpreendeu nele. Minha amigas só sabem debater cores de esmaltes nas revistas, ou sapatos. Falando nelas, eu sinto saudades dos velhos tempos. Desde que falei sobre minha mudança elas se afastaram, e desde que concluímos o ensino médio eu não venho mais fazendo parte dos seus passeios. Não por opção, e sim por falta de convite. Aí vem pergunta. Seriam mesmo amigas? A verdade é que eu só tenho elas. Apenas...Elas.

(...)

Já começo a amar essa casa. Pois os raios solares me deram um lindo bom dia. Hoje é meu primeiro dia na universidade de letras. Parece um sonho, mas sim está acontecendo. Abro o guarda roupa e ponho a primeira roupa que encontro. Meus vestido longo florido. Devo ter emagrecido pois ele está enorme no meu corpo. Ponho minhas botas de cano curto e caço meus óculos por entre a escrivaninha, um coque no cabelo e pronto! Desço e vejo que nem minha mãe e nem meu pai acordaram. Vou direto a cozinha, realmente amo esse lugar e amo cozinhar. Panquecas com mel e canela, café e creme de caramelo. Arrumo a mesa e ouço passos vindo e meu pai abrindo os olhos quase fechados ao olhar para a mesa.

"Bom dia Elisa" o vejo sentar e pegar uma xícara.

"Bom dia" sento a sua frente.

"Ansiosa pro primeiro dia na universidade?" Vejo seu olhar orgulhoso.

"Sim, muito" estalo os dedos. Mania chata!

"Bom dia" como é possível minha mãe acordar tão bem arrumada assim.

"Bom dia mãe" a olho e abro um sorriso.

"Aonde vai assim?" Ela me encara. Estava demorando.

"Teresa!" Meu pai adverte.

"Aonde está aquele vestido bonitinho que lhe comprei?" Finalmente ela senta.

"Bom, vou indo se não chego atrasada" levanto e desisto do café. Pego uma maçã de cima da mesa.

"Feliz Amélia?" Ouço meu pai falar assim que fecho a porta.

Caminho até o elevador e o chamo, organizo meus cadernos e checo se tudo está na minha mochila nova. Espero que eu não chegue atrasada, na verdade estou uma hora adiantada mas a pontualidade é fundamental ainda mais no primeiro dia de aula. Assim que ouço o bipi do elevador caminho para entrar. Encaro os olhos azuis que estão ali, Niall saí e me encara. Ele parece cansado e reparo que está com a mesma roupa do dia anterior. Abro um sorriso e seguro meus cadernos contra o peito.

"Bom dia" falo quase baixo.

"Bom dia Elisa" o vejo se posicionar na minha frente e segurar a jaqueta.

"O elevador" tento impedir a porta de fechar mas já era.

"Desculpa, não segurei" Niall fala e chama o elevador novamente.

"Tudo bem" dou um passo para trás e o encaro.

"Aonde vai tão cedo?" Ele cheira a álcool e consigo sentir de uma certa distância.

"Universidade... na verdade é meu primeiro dia hoje!" Abro um sorriso.

"Nossa! Espero que ocorra tudo bem" ele vai até a sua porta.

"Obrigada" volto a olha o espelho.

"Elisa?" O ouço e viro até ele.

"Sim?" O encaro.

"Que tal tomarmos um café mais tarde?" A chegada do elevador me faz acordar.

"Tudo bem" entro e viro de frente pra porta.

"Às 6" ele fecha sua porta no mesmo instante que se fecham a do elevador.

Meu coração bate em um ritmo frenético. Niall Horan me chamou para um café, logo eu?

PERDÃO, É TUDO CULPA DO ENEM.

Uma pequena esperança| Niall HoranOnde histórias criam vida. Descubra agora