Vinte e um.

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Niall...

Sinto o cheiro da Elisa e por um instante esqueço de tudo que ela acabou de falar. Eu não posso se quer pensar em viver sem ela. Mas ela parece realmente está sofrendo. Por mais que eu não queira aceitar o fato é que ela está indo embora.

"Quando eu chegar lá em cima eu vou estar olhar por você" sua voz saí baixa.

"Não Elisa" meu choro volta.

"Por favor Niall. Se você me ama me deixe ir" sinto suas lágrimas cairem.

Meu corpo cola no seu fraco. Suas mãos pequenas estão geladas tocam no meu rosto e fazem nossos rostos se unirem um no outro. Observo que todos comentam o fato de estarmos chorando. Puxo ela mais ao meu corpo. Preciso aproveitar cada segundo com ela.
Saímos mais cedo da festa já que a Elisa se sentiu um pouco mal. A deixo em casa e entro no meu apartamento. Todas suas palavras soam na minha cabeça. Depois de uma hora ouço gritos vindo da sua casa. Pelo que entendi da discussão a mãe implora para que ela não desista. O que realmente estranho já que foram eles que proibiriam seu tratamento. Penso mil vezes em sair de casa e ir até lá. Preciso a abraçar e pedir que fique comigo mas não consigo nem mesmo me mexer. Pouco tempo depois observo minha porta sendo aberta aos poucos. Elisa aparece na minha frente e se aproxima sentando ao meu lado no sofá.
Observo quando ela põe as mãos no rosto e abaixa a cabeça. Fico na mesma posição e pego o copo de whisky que enchi a pouco tempo tomando um gole. Não sou realmente de beber mas agora só isso poderia me acalmar.

"Falei com eles" sua voz soa calma.

"Eu ouvi" olho para a porta fechada.

"Falamos tão alto assim?" sua voz me causa um arrepio.

"Sim" minha voz saí falha.

"Niall eu..." sua mão toca a minha mas levanto.

"Eu amo você... E é por isso que vou entender se quiser isso" as palavras quase não saem.

"Eu juro Niall que isso me fará bem" ela começa a chorar.

Em um movimento rápido a levanto do sofá e a abraço. Seu corpo quase caí com o peso do meu.

(...)

6 meses depois.

A vida muitas vezes nos surpreende. O que são milagres? O que são amores? Vida? Acordo todo dia com a certeza que a vida pode ser num tanto surpreendente. Hoje está um belo dia, acordei cedo depois de tanto tempo e vim para o clube. Jogar golfe é a única coisa que faz meu dia melhorar ainda mais com tudo que está acontecendo. Minha vida nunca foi tão bagunçada. Assim que entro no clube depois de tanto tempo umas pessoas me perguntam como estou. Abro um sorriso sem jeito e as cumprimento. Logo mais à frente vejo o pai da Elisa que abre um sorriso de lado quando vou o cumprimentar. Um pequeno torneio está acontecendo. A área verde está enfeitada com bandeirolas e pessoas para todo o lado. Desde que comprei o clube gosto que ele seja democrático e aberto gratuitamente nos finais de semana como hoje. Gosto de vê todos reunidos, amigos, namorados, famílias. Olho para todos e caminho por entre as áreas. As particulares não tem muitas pessoas. Piso no gramado molhando soltando um cheiro típico. Tiro os tacos da bolsa que os carrego e me posiciono. Primeira tacada e logo corro atrás da pequena bola. Ela quica por diversas vezes ficando ao lado da placa de identificação da área.

"Elisa" olho a pequena placa.

Abro um pequeno sorriso. Elisa foi a melhor pessoa que conheci na vida. Exatamente hoje fazem 4 meses da sua partida. Lembro exatamente daquela noite. Todos se reuniram no hospital. Nossos poucos amigos e sua familia. Conversamos todos ao redor da cama enquanto ela falava fracamente das lembranças de cada um. Ela ria a todo momento enquanto eu estava em um canto do quarto qualquer. As enfermeiras logo entraram falando que o horário de visita tinha acabado. Todos saíram antes sua mãe lhe deu um grande beijo na testa e seu pai fez o mesmo. Elisa me pediu para ser seu acompanhante aquela noite. Fiquei do seu lado em um poltrona enquanto comentávamos as séries que passavam noite a dentro da tv. Ela me pediu para deitar ao seu lado burlando qualquer tipo de regra que tinha naquele hospital. Sua respiração era pesada, ela me pediu para cantar e assim fiz. Cantei a música que tinha feito para ela enquanto inalava seu cheiro único ao terminar a música ouvi um eu te amo fraco... Logo o barulho estridente da máquina ao lado apitou. Linhas correram pela tela. Chacoalhei seu corpo é levantei correndo até a porta gritando por todos. Fui colocado para fora do quarto e logo após meia hora os pais dela chegaram. Sentei em um dos bancos do corredor. Logo no fim os pais dela falavam com o médico. Quando ele fez "não" com a cabeça a mãe da Elisa gritava e o pai murava a parede. Coloquei minha cabeça para trás e larguei todas a lágrimas possíveis. Ela tinha me deixado. O amor da minha vida.
Ela foi a pequena esperança que tive e em menos de um ano me fez o cara mais feliz do mundo. Pego a bola e dou uma tacada rápida. Olho para o céu e a vejo lendo um bom livro, com prato de cupcakes ao lado. Sinto falta de tudo que ela possuía. Mas como ela me pediu antes de morrer tento seguir a vida. Hoje foi a primeira vez que saí de casa em 4 meses.
Algo que aprendi é que para cada final feliz são dois tristes o meu foi um deles. E antes de tudo eu fui feliz. Feliz como nunca fui. Feliz por ter tido uma pequena esperança de vida chamada Elisa. E é nessa esperança que olho para o futuro. Carregando comigo a melhor das certezas.

Fim.

Uma pequena esperança| Niall HoranOnde histórias criam vida. Descubra agora