Seis.

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Niall...

Elisa é realmente engraçada. Mas hoje ela me mostrou um lado seu, um lado que me assustou um pouco. Eu não sei o que fizeram pra ela hoje na universidade mas sei que fizeram algo, o pouquinho que já a conheço sei que tem algo de muito errado. Já troquei de roupa que ficaram sujas de lama e agora preparo um chá. Vejo Elisa aparecer na cozinha, um pouco envergonhada. Minha calça de moleton e minha blusa ficaram enormes nela.

"Senta aqui...quer chá?" A chamo até o balcão.

"Pode ser" ela senta envergonhada.

"Cadê seus óculos?" A analiso bem.

"Quebraram" ela senta em um banco.

"Sério? E agora?" Ponho a xícara de chá a sua frente.

"Não tenho necessidade de usar ele mesmo" a vejo tomar um gole de chá e ficar vermelha.

"Está quente" falo e abro um sorriso.

"Nem percebi" ela gargalha.

"Se não precisa de óculos por que usa?" A encaro.

"Me acostumei com eles" ela volta a tomar o chá.

"O que mais houve na universidade?" Sento a sua frente no balcão.

"Teve um idiota... que me chamou de porquinha por cair na lama" não a vejo me olhar.

"Que idiota, como esse tipo de gente entra em uma universidade?" São realmente verdadeiros idiotas.

"Devem perguntar a mesma coisa de mim" seus olhos estão totalmente perdidos.

"Mas e a aula como foi?" Mudo o assunto.

"Eu...eu...Não entrei na sala" minha tentativa de mudar de assunto falhou.

"Por que não? Você estava animada!" Deixo a xícara de lado.

"Eu não sei lidar com isso tá? Eu não sei como não me importa" seus olhos enchem da lágrima.

"Elisa..." tento falar.

"Eu não consegui vê todos rindo de mim, não de novo" as lágrimas agora rolam no seu rosto.

"Você precisa ser forte Elisa! Olha para você..." a encaro.

"Pode apostar que olho todos os dias" ela enxuga as lágrimas.

"Não, não olha. Vem cá" a puxo pela mão.

"O que está fazendo?" Ela me acompanha.

"Olhe aqui... olhe pra esse espelho. Olha como você é linda, inteligente, forte, decidida e sabe o que quer. Olhe para seus olhos, olha como é lindo" a posiciono frente ao espelho.

"Não vejo nada disso. Vejo uma menina insegura, feia, desengonçada, estranha..." a interrompo.

"Não Elisa, isso é o que você acha que pensam de você" a olho pelo reflexo do espelho.

"Obrigada Niall" ela sorrir.

"Então...amanhã você vai entrar naquela sala e vai mostrar a todos para que veio na universidade" levanto uma mão e ela bate.

"Certo" seu sorriso resplandece.

"Seu celular está tocando" ouço o bipi.

"Minha mãe já chegou" ela olha o celular.

"Te levo até a porta" a acompanho.

"Obrigada por tudo mesmo, lavo sua roupa e lhe entrego depois" ela me olha serena.

"Tudo bem. Não esqueça do nosso café mais tarde" a lembro.

"Ah claro, tudo bem" seu sorriso dessa vez tá bem melhor.

"Até mais" fecho a porta assim que a vejo entrar na sua casa.

Algo no olhar de Elisa me fez pensar. Como alguém pode fazer isso com ela? Ela é tão doce...meiga. Tenho certeza que ela se tornará uma grande amiga.

(...)

Acho que a Elisa tem algum problema com horário ou apenas está atrasada. Praticamente uma hora, não sei se deveria ir lá. Na verdade eu tenho que ir. Elisa é uma menina sozinha, acho que seria uma boa apresentar a cidade a ela e todos os points. Ouço a campainha e vou abrir.

"Me desculpe mesmo. Você não sabe como foi difícil me livrar de toda aquela lama" ela fala e mal tenho tempo de entender. E afinal que roupas são essas?

"Tá...tudo. Tudo bem" a olho da cabeça aos pés.

"Vamos?" Ela faz menção de ir ao elevador.

"Andei pensando em pedirmos uma pizza aqui que tal?" Talvez ela goste mesmo de passar vergonha. Essas roupas são horríveis.

"Já entendi tudo...pensei que você seria diferente" ela vira.

"Não! Do que está falando?" A encaro.

"Você sabe muito bem!" Sua rispidez me impressiona.

"Não sabe não. Vamos!" Fecho a porta e empurro seu corpo.

"Não e não" ela bate os pés com as pesadas botas forte no chão.

"Qual é Elisa? Esqueça isso!" chamo o elevador.

"Eu não irei mais Niall Horan" pessoas baixinhas não deveriam querer parecer bravas. Elisa parece uma criança contrariada.

"Vamos sair e não falamos mais nisso" cruzo os braços.

"Eu vou entrar na minha casa e nun..." a interrompo assim que o elevador chega.

Pego ela no colo e jogo contra meu ombro entrando no elevador. Ela me bate e se contorce enquanto isso gargalho com a situação. Logo em seguida a ouço rir também e a ponho no chão lhe dando um belo abraço. É incrível como essa pequena me faz tão bem.

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*foto da roupa na mídia.

Uma pequena esperança| Niall HoranOnde histórias criam vida. Descubra agora