O Verdadeiro Poder

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Após horas sendo levada, finalmente chegamos a uma cabana velha que parecia servir para armazenar tonéis de gasolina. Luck usou sua magia para criar duas criaturas quase humanas, muito parecidas com mulheres só que com presas enormes e garras afiadas. Ao invés de roupas, seu corpo era coberto de pelos, tornando-as quase como lobisomens.

- Ajudem-na a se arrumar para a cerimônia de posse. Onde eu tomarei posse do mundo e ela, será minha rainha.

- O quê?! Nem em sonhos eu me uniria a você! - Gritei revoltada e, tentei alcançá-lo para bater nele mais fui jogada no chão pelas criaturas.

- Você não tem escolha. E essa é a graça da história. - Disse ele, enquanto saia da barraca e soltava uma gargalhada de arrepiar a espinha.

Após Luck deixar a barraca, as "lobas" me forçaram a vestir um vestido azul-claro, e fizeram um rabo de cavalo no meu cabelo. Quando vi que as duas iam me amarrar em uma viga, tentei lutar contra, e acabei me sujando de terra. Após me deixarem com os braços praticamente imóveis, as duas colocaram uma flanela velha na minha boca e saíram da cabana. Pude ouvir diversas trancas sendo fechadas, por garantia de que eu não sairia dali de nenhum jeito. Tentei usar a força para me soltar, mas, a viga balançou trêmula, insinuando cair e, com ela, a cabana. O pano em minha boca me fez sentir sede, e a cabana abafada não ajudava. Durante aquele dia, uma vez ou outra, uma das criaturas vinha e me dava um pouco de água, ou um prato de comida. Apesar de meu corpo estar naquele lugar imundo, meus pensamentos se encontravam longe. Eu me perguntava se Cristian e os outros tinham encontrado alguma solução para tudo, ou se ao menos tinham sobrevivido. Meu coração insistia em dizer que sim, mas minha mente ficava criando coisas, e inventando cenas onde os monstros faziam picadinho deles. Deus, como é angustiante não ter noticias! Um burburinho vindo de fora, me trouxe de volta à realidade. As minhas "guardas" estavam agitadas e, faziam barulhos parecidos com rugidos, só que um pouco agudos. Pude ouvir que elas correram em direção a floresta e, logo em seguida um som de luta me fez renovar as esperanças.
Usando o resto das minhas forças, tentei novamente me soltar da viga, rezando para que a cabana resistisse mais um pouco. Após muito esforço, retirei os braços doloridos das cordas e retirei a mordaça, enquanto corria até uma pequena fresta na parede para observar o que ocorria. Pude ouvir vozes chamando por mim, e entre elas reconheci a de Tio Edward. Como ele veio parar aqui? Espera. Isso está parecendo a minha visão!  Um pânico tomou conta do meu corpo quando Cristian surgiu à poucos passos de distância da cabana em que eu estava. Um lindo sorriso saltou do seu rosto ao me ver,  enquanto lágrimas escapavam dos meus olhos.

- CRISTIAN! CORRA! - Gritei em desespero, porém foi tarde demais. Seu sorriso se desfez enquanto seu corpo se curvava para a frente, caindo ao chão com uma flecha de pedra encravada nas costas.

Logo atrás dele, Luck surgiu, com as mãos fumaçando. - Sabe o que eu acabo de descobrir?  - Perguntou ele, sarcástico. - Mesmo que eu não seja capaz de unir as peças do amuleto, eu ainda posso usar os seus poderes.

- Seu... Seu...

- Seu o que? Monstro?  Ora, seja mais criativa quanto a criar adjetivos ao seu futuro marido, querida.

- Eu nunca serei sua esposa! Nem que isso signifique a minha morte!

- Bom, sendo assim... - Luck estendeu uma das mãos, criando uma bola de fogo. - Foi bom conhecer você.

O feiticeiro se preparava para atear fogo na barraca, quando o corpo de Cristian começou a se desfazer diante dos nossos olhos. Traços de fumaça, foram puxadas por um vento repentino e, apenas um monte de pedras ficou no lugar do cadáver. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, e Luck parecia completamente confuso e com bastante raiva.

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