Um Final Feliz?

663 55 12
                                    

Meus leões rasgavam as serpentes de água com os dentes enquanto elas se retorciam e tentavam revisar sem sucesso. Os trous de pedra se faziam em mil pedacinhos a cada pancada que Pietra dava. Os pássaros de vento se desfaziam, desaparecendo por completo no ar e os dragões não conseguiam mais soltar fogo, quando Cristian acertava suas gargantas com o tridente. Luck parecia tomado por um ódio descomunal e, começou a criar outros tipos de criatura. Lobos, tigres, fênix, enguias, nada resistia ao toque de nossas armas. Não acredito!  Estamos mesmo ganhando? Luck parecia incansável e, por mais que estivesse perdendo, continuava criando suas bestas e usando o amuleto de Leonato para criar tempestades de vento que dificultavam a nossa visão e, isso estava começando a nos cansar.

- Vocês não irão vencer! Eu posso continuar criando meus bixinhos por horas! Dias! Enquanto vocês, não devem aguentar nem mais alguns minutos!  - Gritava ele.

Alguém tem que matá-lo. Esta é a hora. Detesto admitir mas, se continuarmos nesse ritmo, logo estaremos cansados demais para lutar. De repente, Asfír surge correndo em meio a batalha, com as duas "lobas" correndo atrás dele, rugindo e gritando. Ordenei que um dos meus leões impedisse que as duas proseguissem. Asfír aproximou-se e, me entregou meu amuleto. - Eu consegui pegar quase todos, menos o que está na mão de Luck. - Disse ele, e eu assenti. Asfír apressou-se em devolver aos outros os colares, enquanto Leonato se aproximou de mim, com uma expressão determinada. Leonato me virou, fazendo com que ficássemos frente a frente, olhando um nos olhos do outro. Seu olhar continha uma tristeza, misturada com determinação que eu não conseguia explicar. Ele depositou um beijo suave e demorado em minha testa, depois voltou a me encarar.

- Me prometa que serás feliz.

- Leonato o que você tem?

- Apenas me prometa.

- Eu... prometo. - Falei sem entender o porquê daquilo.

Cristian se aproximou e, observou o rosto do seu irmão, confuso.

- Cuida bem dela irmão. - Disse ele, abraçando Cristian.

A tempestade de vento, agora, estava levantando bastante poeira nos permitindo ver apenas a luz branca de Leonato em meio a poeira. Ele caminhou em passos firmes me na direção de Luck, que estava distraído, tentando libertar suas lobas. O barulho de uma lâmina cortando o ar, fez a tempestade parar imediatamente, enquanto os monstros de Luck caiam por terra.

- Maldito!  - Gritou Luck.

A poeira abaixava tornando tudo visível novamente, e foi nesta hora que uma dor invadiu meu peito. Pude visualizar Leonato em frente à Luck com a espada encravada no peito do feiticeiro, que por sua vez, tinha encravado as unhas no peitoral de Leonato.

- Naaaaaaão! - Gritei, boquiaberta.

Cristian correu até a pedra, onde os corpos decaíram pesarosos e, desvincilhou o irmão daquele ser horrendo. O corpo de Luck, se transformou em uma fumaça negra que se dicipou no ar, deixando cair o amuleto que foi de Leonato. Todos corremos de encontro aos gêmeos, enquanto Cristian observava o corpo do irmão, sem acreditar que aquilo tinha acontecido.

- Porquê ele? - Perguntou ele, olhando o corpo gélido do irmão.

- Sempre foi ele. - Disse Edward. - Ele morreu para salvar a todos. Morreu por amor a vocês. Ele era o escolhido.

Todos choramos a morte de Leonato. De todos nós, ele era o que menos merecia este fim. Parecia tão injusto. Por isso ele veio até mim durante a batalha. Para se despedir. Ele sabia que era o guardião escolhido para matar o feiticeiro. Um flashback passava pela minha cabeça, desde aquele dia no mosteiro, quando nos vimos pela primeira vez. O seu jeito doce, e as vezes sábio, que tentava alegrar todo mundo. O seu cheiro, seu jeito de falar, a maneira como me chamava de "pequena." Tudo isso aumentava a dor que eu sentia no fundo do peito.
Um clarão vindo de cima, me puxou de meus pensamentos tristes. A luz forte me fez estreitar os olhos, para poder enchergar o que acontecia. Me surpreendi ao perceber uma silhueta descendo do céu, e então reconheci que se tratava do anjo Gabriel. Ele pousou sobre a pedra olhando o corpo de Leonato, sem vida. Cristian ergueu o olhar para o anjo e, disse:

- Faça alguma coisa por ele.

- A profecia foi cumprida. Leonato combateu o ódio com o amor. E deu sua vida para salvar o mundo. A profecia diz: sua alma nobre receberá o galardão eterno. E o preço da vida de um justo é a própria vida.

Gabriel ergueu o corpo de Leonato com uma das mãos e, a luz branca que antes emanava de seu corpo voltou a brilhar mais intensa. Os ferimentos foram fechados e, logo Leonato abriu os olhos confuso. Corremos para abraçá-lo, enquanto meu coração dava pulos de alegria.

- É chegada a hora, irmãos. Depois de anos, o momento de juntar as peças do amuleto chegou. - Lembrou Gabriel, entregando o amuleto de Leonato.

Erguemos nossas mãos e, as peças grudaram como imãs. Elas começaram a girar em grande velocidade, lançando uma luz colorida em direção ao céu azul. A pedra agora, havia voltado ao seu estado normal e se tornado uma linda ametista. O anjo pegou a jóia nas mãos e disse:

- Eu a levarei para um lugar seguro agora. Vocês poderão voltar às suas vidas normais e, logo tudo isso fará parte de um passado distante. Adeus, irmãos. - Assentimos com a cabeça e, o anjo se desfez em luz novamente.

- Bom,  acho que é hora de ir pra casa. - Disse Tio Edward com um sorriso no rosto.

Saímos dali, direto para um avião que nos esperava em um aeroporto particular. Edward explicou que o lugar onde estávamos era na verdade onde a tribo Tippar ficava à anos atrás. Disse também que iríamos direto para Nova York, para a casa que Edward comprou ao lado da minha.
Ficamos conversando durante a viagem inteira sobre as aventuras pelas quais passamos, os perigos que enfrentamos e as descobertas que fizemos. Tio Edward comemorou a notícia de que Cristian e eu estávamos namorando, e Pietra nos surpreendeu dizendo que ela é Asfír também mantinham um relacionamento em segredo. - Por isso tinha um A+P gravados em uma árvore, lá na floresta! - Falei, impressionada. - Vocês esconderam muito bem. - Completei.

- E tem mais... - Falou Asfír, comendo alguns petiscos que estavam na aeronave. - Eu gostaria de anunciar que em breve nós vamos nos casar.

- Mesmo?  - Perguntei, incrédula.

- Bom, você sabe o quanto eu sinto falta de ter uma família então... - Completou Pietra com um sorriso estampado no rosto.

- Bom então, parabéns! - Falei retribuindo o sorriso.

Chegar em casa novamente me encheu de uma alegria inimaginável. Poder tomar um banho quente, vestir minhas roupas, fazer uma refeição em família. Meu Deus, que saudade! Meu tio Edward fez questão de fazer o jantar e, preparou um verdadeiro banquete para todos. A campainha tocou insistente e eu fiz questão de abrir. Sabia que era meu pai. Ao vê-lo, dei-lhe um abraço e, enchi seu rosto de beijos.

- Calma querida, eu não vou fugir. - Falou ele, brincalhão.

- Papai, você não sabe a falta que fez. - Meu pai, segurou meu rosto com as mãos e olhou em meus olhos.

- Você também, mas foi por uma boa causa. - Ele sorriu. - Sua mãe ficaria orgulhosa.

Nos abraçamos novamente, e voltamos a refeição com os outros. Meu pai sentou-se perto de Cristian e lhe deu um tapinha nas costas.

- E então rapaz. Qual suas intenções com a minha filha?

- Pai! - Falei envergonhada.

- As melhores, pode ter certeza!  - Respondeu Cristian, com um sorriso largo.

Durante o jantar, contamos as novidades para o meu pai, inclusive do casamento de Pietra. Também falamos sobre a volta às aulas, que aconteceria daqui a uma semana e, que meu tio teria que dar um jeito de incluir os gêmeos nas aulas Pietra e Asfír, não precisariam entrar na escola pois, já haviam concluído os estudos . Seria ótimo voltar às aulas com o meu namorado e, o meu melhor amigo. 

==================

Guardiões Da ProfeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora