A Terra Dos Metamorfos

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O lugar era quente e úmido, o que me fez soar com rapidez. Olhei a entrada de onde tinha saído, e vi os tigres que me perseguiam, baforarem e, se afastarem vagarosamente. Olhei ao meu redor e, estava cercada por árvores enormes e frondosas que tomavam completamente o local. Mesmo com a dor lacinante do meu braço, fiz um esforço para descer daquela árvore que me apoiava, caindo à poucos metros do chão. Chamei por Cristian e, pelos outros mas não obtive resposta. Saí caminhando silenciosamente, temendo possíveis predadores. Minha visão ficava turva a cada passo, até que decaí nos braços de alguém que eu não conseguia identificar. Então apaguei completamente.
Acordei com um cheiro forte de ervas no ar e, aos poucos minha visão ficou focada. Eu me encontrava em uma espécie de cabana de palhas secas e as ervas de cheiro forte, estancavam meu ferimento, que incrivelmente não estava mais sangrando. O lugar estava vazio, porém eu escutava uma música calma vinda do lado de fora da tapera. Tentei levantar mais uma breve tontura fez meu corpo voltar a posição de descanso. Um ranger na porta de madeira, me fez ficar em alerta, e logo um ser baixinho, muito parecido com um humano, mas de pele esverdeada e presas afiadas que saltavam da boca do ser. Era um metamorfo.

- Ah, pequena mulher já acordada. - Disse ele calmamente.

- O que eu estou fazendo aqui?

- Eu cuidar você. Homem alto suplicar.

- Homem alto?

- Sim... Cristal de fogo. Muito poder.

- Cristian?  Onde? como?

- Manter calma. Amigos bem. Poder de volta no corpo. Elementos carregados.

Pelo que eu entendi, o homem à minha frente sabia dos meus poderes e, segundo eles os poderes voltaram a nós. Mas, algumas peças do quebra - cabeça não se encaixam. Porque ele está nos ajudando?

- Você é um metamorfo. Porque está nos ajudando?

- Jovens passaram no teste. Provaram que podem viver sem poder algum. Merecem poder que habitam em vocês.

- Eu quero ver os outros.

- Todos dormindo. Durma também jovem. Logo mim te dará o presente que vieste buscar.

- A arma?

- Poder maior que arma. Água é a base da vida. Merece poder mais forte. Presente mais precioso. - o homem virou-se para sair e, parou ao pé da porta para dizer alguma a últimas palavras. - Se precisar, mim chamar. Huji, meu nome. O poder vem ao anoitecer. - Dito isso, Huji saiu em silêncio e, a música calma de antes voltou a tocar. O cansaço da viagem me tomou e eu cai em sono profundo.

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Acordei ainda com a música soando do lado de fora e saí para ver do que se tratava. Ao abrir a porta, me deparei com Huji tocando uma gaita de ouro maciço, enquanto meus amigos apreciavam a bela canção. Ao me ver, Cristian veio em minha direção, e me deu um abraço terno e aliviado, por me ver bem.

- Seu braço... - Disse ele, fitando o local onde antes tinha um corte terrível, mas que agora não passava de uma grande cicatriz.

- Uau! Huji, o que eram aquelas ervas? - Perguntei, curiosa.

- Remédios da natureza. Metamorfos brigar muito por território. Mim curar todos eles.

- Bom, de qualquer forma, obrigada.

- Sente pequena jovem. Coma um pouco. - Disse ele, me estendendo uma travessa de frutas frescas.

Agradeci e, comecei a comer, enquanto os outros conversavam, sobre o teste pelo qual passamos com os metamorfos e tudo mais. Huji explicava algumas questões levantadas como: para que servia o teste exatamente e, ele respondia com seu jeito estranho de falar que nenhuma recompensa vem de graça. É preciso superar a si próprio para alcançar aquilo que deseja. E ele tinha toda razão. Logo a noite decaia sobre as enormes árvores e, Huji anunciou que precisávamos começar o ritual de entrega.

- Bom, e cadê a arma? - Perguntou Pietra.

- Maior arma, dentro de vocês. - Disse ele, aproximando - se de mim, e me guiando Até o centro do círculo que estávamos formando. - Todos dêem as mãos.

Todos ficaram de mãos dadas. Huji pediu que eu ficasse de joelhos pois, precisava visualizar o pingente. - Meu poder... - Disse ele, colocando as mãos no centro do peitoral esguio. - ...É mostrar o teu poder. -  Completou, colocando suas mãos sobre meu colar. Huji sorriu, quando o pingente brilhou e começou a me levantar no ar. Senti um ardor suportável percorrer meu corpo, quando os amuletos dos outros começaram a lançar um brilho em meu colar. Uma luz esbranquiçada fez minha visão faltar por alguns segundo e, quando pude ver de novo, estava voltando para o chão. Ao tocar o solo novamente, senti que uma grande mudança havia ocorrido com meus poderes. Ao testá - lo, uma linda ave azul-marinho começou a voar ao meu redor. Eu Sorri.

- Agora, metamorfose junto com o elemento água. - Disse Huji. - Poder dominar minhas criaturas agora.

- Eu posso criar animais?  Todos que eu quiser? - Perguntei.

- Sim. Mas não esquecer que poder do coração ainda maior que poder do cordão. Poder do cordão de vai. Poder do coração fica. Entendido?

- Sim. - Dissemos todos, com determinação.

Huji soltou um último sorriso e, fechou os olhos, levando as mãos até a altura da sua cabeça e, batendo palmas. Um solavanco fez a terra tremer e, Huji começou a desaparecer em uma nuvem azul, assim como todo o lugar. Cristian, Leonato, Pietra e Asfír, também estavam se dissolvendo, me fazendo sentir uma pontada de angústia. Estava chegando a hora pela qual esperamos todo esse tempo e aquela nuvem provavelmente nos levaria a cumprir nosso destino. Respirei fundo e deixei a fumaça tomar conta do meu corpo, que também se desfazia.

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