Encarando o Inimigo

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Um novo lugar se materializava em minha frente. Diversas árvores frutíferas, descansavam sobre um solo de terra fofa, alguns pequenos pássaros e animais quebravam o silêncio da mata, carregando comida para lá e para cá. Fui até uma das árvores e toquei seu tronco, onde as iniciais A + P estavam escritas dentro de um coração. Quem poderia ter feito isso?  Eu me encontrava admirando a floresta, quando os outros surgiram, e se juntaram a mim.

- E aí gente. Preparados para a batalha final? - Perguntou Pietra.

- Espero que ganhemos. - Disse Asfír, empunhando sua adaga.

Um barulho em meio a mata nos deixou em alerta, e uma risada maquiavélica ecoou por entre a floresta. Detrás de uma árvore, saiu um homem, com o rosto cheio de cicatrizes e, dentes finos e pontiagudos. Seus olhos eram vermelhos, destoando para uma cor negra, e sua pele era grossa e seca. O homem usava um terno elegante de seda, preto, e uma capa da mesma cor. Eu podia jurar que estava diante de um verdadeiro demônio.

- Hahaha. minhas presas finalmente chegaram. Achei que seriam mais... rápidos em suas missões. - Disse o homem com voz estrondosa. - Eu tive que usar de toda a minha paciência para observá - los de longe e não acabar com tudo de uma vez!

- Luck! - Esbravejou Cristian,  cerrando os punhos.

- Oh, desculpe, eu nem sequer me apresentei aos demais. Eu sou Luck, o dominador da magia, o ser que irá levar a raça humana a perdição total... Assim que eu destruir vocês!

Luck ergueu as mãos e uma nuvem negra cobriu o céu azul, tornando-o negro e tempestuoso. Raios e trovões estrondosos faziam a terra tremer, no entanto, não havia chuva.
Todos empunharam suas armas e, eu criei leões que rugiam na direção do ser maligno. Luck soltou um sorriso maldoso e, estendeu as mãos à nossa frente, fazendo com que centenas de seres horríveis se posicionassem prontos para nos atacar. Eram trous de pedra, dragões de fogo, águias gigantes feitas de fumaça e, serpentes enormes de água. Cada uma destinada a seu inimigo. Meu coração batia forte e, minha respiração se tornara pesarosa enquanto os seres chegavam cada vez mais perto.

- Vocês ainda acham que tem alguma chance contra mim? - Perguntou Luck, triunfante. - Meus bixinhos vão se livrar de vocês tão rápido que vocês nem vão saber de onde o ataque veio. Mas, é claro que há sempre uma segunda opção. Me entreguem os amuletos, que eu os deixo saírem vivos.

- Você acha mesmo que nós vamos colaborar com um ser tão repugnante e assassino quanto você?  - Perguntou Pietra, com ódio no olhar.

- Entendo sua raiva. Afinal, acabar com seus pais foi uma tarefa fácil demais. Assisti-los morrer pelos olhos dos meus seres. Pedindo socorro desesperadamente. Tudo para proteger pirralhos que nem mesmo foram capazes de defender as pessoas que diziam amar.

- Cala a boca! - Gritou Pietra, entre lágrimas.

- Não dê ouvidos a ele Pietra. Ele só quer tirar sua concentração. - Disse Asfír, tentando acalmá-la.

- Vocês são tão patéticos! Trouxeram até um simples mortal para a batalha, sabendo que apenas as suas armas são letais para meus bichos. Vocês estão deixando isto fácil demais!

- Vamos parar de lengalenga e ,ir direto pra parte que nós derrotamos você! - Falou Pietra, apertando a clava com força.

- Hehe... Parabéns pela iniciativa jovenzinha. Você tem razão. Já esperei demais para vê-los sangrar até a morte.

Luck estalou os dedos e,  os monstros correram em nossa direção, rugindo com ferocidade. Meus leões foram em direção às serpentes de água, que os engoliu com uma só mordida; Leonato usou o poder pra planar no ar e, ficar no nível dos pássaros de fumaça, porém por serem de ar, eles desviavam com e facilidade da espada; Cristian tentava matar os seres com o tridente, fincando na pele grossa dos dragões porém os animais acabavam acertando suas chamas bem perto de seu corpo; Pietra, acertava a cabeça dos trous de pedra, porém sua carcaça resistia as pancadas que mais pareciam não servir para nada; Asfír, tentava ajudá-la, porém um dos monstros acertou - o com força o jogando para bem longe dali. Depois disso não o vimos mais. Eu não entendo. Porque as armas não funcionam?  Pra mim,  ficava cada vez mais claro que aquela era uma batalha perdida. As serpentes se livravam das minhas criaturas como se estivessem brincando de pegar-pega, os trous acertavam mais Pietra do que ela a eles,  as águias vez por outra, sufocavam Leonato com sua fumaça e, os dragões por várias vezes, quase transformaram Cristian em churrasco.
Essa luta é inútil, porque Luck continua brincando conosco se sabe que só um estalar dos seus dedos acabaria com tudo? Logo nossas forças estavam se esgotando e, quando Luck percebeu isso ordenou aos animais que dessem um "jeito" em todos nós. Logo, os dragões colocaram Cristian em uma espécie de prisão de fogo da qual ele não conseguia sair. Leonato após inalar tanta fumaça parecia meio zonzo e, acabou caindo desacordado. Um dos trous de pedra, seguraram Pietra pelos braços e, a ergueu fazendo a clava cair no chão. Uma das serpentes, cercou, eu corpo e me apertou a ponto que eu não conseguia me mexer.

- Hahaha... As criancinhas nem mesmo sabem usar as armas "divinas".- Disse Luck, indicando aspas com os dedos. - Aposto que nem mesmo chegaram a se perguntar como eu sabia onde vocês estavam o tempo todo. Bom, eu irei contar para vocês verem que não sou tão mal assim. Você deve lembrar da morte daquela humana patética que criou você. - Disse ele, dirigindo-se a mim. - Bem, eu fiz aquilo porque tinha certeza que você iria dar o seu último adeus a sua pobre mamãezinha. Desde então, um dos meus bichinhos feitos de ar vem monitorando cada passo que vocês deram. Ele era perfeito! Podia se infiltrar em todos os lugares sem vocês nem mesmo perceberem! Pena que aquele idiota do Huji, o afastou com sua magia barata, deixando-o preso em outra dimensão. Enfim... Agora, vamos ao que interessa.

Luck passou por cada um de nós e, arrancou os colares dos nossos pescoços. Senti o poder se esvaindo do meu corpo deixando um vazio em meu peito.

- Eu precisarei levar um de vocês comigo. Afinal, apenas os verdadeiros donos podem juntar os pedaços da pedra. Qual de vocês será o felizardo?

Luck nos observou com atenção e soltou um sorriso malicioso vindo em minha direção.

- Fica longe dela! - Gritou Cristian com olhar de ódio.

- Gosta dela não é?  Melhor ainda. Não tem dor mais prazerosa que ver um coração partido. Luck ordenou as serpentes que saíssem dali e, me levassem com elas. Enquanto disse para os outros monstros que acabassem com os meus amigos. Não,  não era para acabar assim! Não Desse Jeito!  Nós passamos por tudo aquilo pra nada? Isso me parece muito injusto! Lágrimas quentes caiam do meu rosto, enquanto eu era arrastada para um destino desconhecido.

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