CAPÍTULO 24
- Você estava espiando o Daniel tomando sol?...
- Eu? Tá louco?
- O louco aqui é você que fica dando uma bandeira dessas, tudo bem que quem está do lado de fora não consegue ver aqui dentro porque o vidro é espelhado, mas se no meu lugar viesse seu pai e te pegasse aqui, aliás, ele sabe que você é gay?
- Tá tirando?
- Algum problema aqui?
- Nenhum, o Flavio estava...
- Estava tirando umas dúvidas sobre aquele trabalho de inglês...
- Tá certo, estou indo até a feira, avise sua mãe quando ela acordar.
- Tudo bem.
- Vai querer pastel?
- Sim, de calabresa com queijo.
- Ok.
O Flávio era um garoto até que bonito, não parecia ter mais que 20 anos, loirinho, algumas marcas de acne no rosto, magrinho, usava um óculos de nerd, estatura média.
Acho que se ele não tivesse me interrompido eu teria contado para seu pai que ele espiava o meu namorado pela porta da piscina, eu queria ver só a cara do Carlos ao saber que seu filho era gay, mas isso era pra pagar sua língua cumprida, cuidou tanto da minha vida com a do Daniel que esqueceu de olhar o que tinha dentro de casa.
- Bom, o convite ainda está de pé, se você quiser vir tomar sol comigo e com MEU NAMORADO, fique a vontade.
- Deixe pra outra oportunidade.
- Você que sabe.
- Mas agradeço pelo convite e muito obrigado por não ter contado nada pro meu pai.
- Não tem do que agradecer, mas tome mais cuidado da próxima vez que quiser espiar um homem seminu.
- Pode deixar. É melhor eu correr e apagar o histórico do meu computador antes que meu pai volte. Tchau.
- Falou.
Cheguei à piscina, forrei a toalha na cadeira ao lado do Daniel e me deitei pra tomar sol.
- Demorou, hein...
- É que tive um contratempo no caminho...
- O que aconteceu?
- Peguei o Flávio espiando você tomar sol...
- Quem é Flávio?
- O filho do Carlos.
- Sério? Hahaha...
- Pois é, o coitado ficou morrendo de medo que eu contasse pro pai dele.
- Mas você ia contar?
- Não sei, acho que se ele não tivesse me interrompido eu teria contado sim.
- Deixa aquele bosta do pai dele vim me aloprar que ele vai ver só.
Naquela época do ano em São Paulo chovia muito e fazia frio, eu já estava quase curado da gripe, voltei a trabalhar na produtora e retomei meus treinos na academia.
Na segunda feira acordei cedo pra trabalhar, resolvi ir de manhã para ter a tarde livre, já o Daniel só iria trabalhar à tarde, pois seu sócio ficava cuidando da academia na parte da amanhã. Separei uns projetos que estavam parados em casa para levar e apresentar para o pessoal, não era muita coisa, três ou quatro ideias de Outdoors para as próximas temporadas que estavam pra entrar. Dei um beijo no Daniel que ainda estava deitado e saí apressado. Quando cheguei no S1 notei que havia esquecido a chave do carro em cima da mesa da sala, mas a porta do elevador já havia fechado e eu não ia ficar esperando ele descer se não iria acabar me atrasando para a reunião, resolvi subir os 19 andares de escada mesmo. Elas ficavam no corredor atrás do elevador social, no mesmo corredor que tinha o elevador de serviço, cujo estavam ocupando com um novo morador que estava transportando sua mobília até o 28º andar.
Comecei a subir as escadas, quando cheguei no 3º andar o pessoal da limpeza estava recolhendo os sacos de lixo que ficava no espaço entre as duas portas corta-fogo, eram vários sacos pretos enormes que estavam dentro de duas grandes lixeiras. Com as duas portas abertas consegui ver que o elevador estava descendo, pois a porta do elevador social tinha um detalhe em vidro no puxador que dava pra ver quando ele parava no andar ou passava, como eu já estava cansado de ter subido aqueles andares de escada decidi esperar o elevador subir e pegar uma carona, afinal ainda faltavam 16 andares pra subir. Pedi licença para os dois faxineiros que recolhiam os sacos de lixo e apertei o botão de subir, enquanto eu fiquei ali esperando o elevador escutava algumas gargalhadas vindo da casa do Carlos, que morava no apartamento 33, também notei alguns comentários dos faxineiros se referindo ao próprio Carlos, em tom de gozação:
- Esse Carlos é foda...
- Qualquer hora ele vai arrumar pra cabeça dele.
- Eu acho que ele pegou pesado com veneno...
Quando eles falaram em "veneno" o assunto me interessou, será que o Carlos mandou dedetizar o prédio e acabou envenenando a Dani? Resolvi discretamente perguntar o que acontecia:
- Vocês também já estão sabendo da história do veneno?
- Qual? Ah... Que o Carlos colocou veneno em um biscoito e deu pro cachorro de um viado do 19?...
- Isso...
- Ficamos sabendo agora... Ele tá se divertindo...
- Ah é?
Joguei um verde e colhi maduro, aliás, colhi um podre. Eles estavam falando de mim sem saber quem era eu, deveriam achar que o viado que o Carlos pegava no pé era visível à distância, cheio de frescuras e trejeitos, mas se enganaram, nem de longe eu aparentava ser gay. Naquela hora meu sangue subiu, mexeu com a Dani mexeu comigo, escutei o Carlos e o Flávio se matando de rir, claro que rindo da minha cara achando que tinham conseguido me tirar uma das coisas mais importantes da minha vida. Eu não entendo o que se passava pela sua cabeça, não entendia o por que me odiava tanto, mas motivo nenhum lhe dava o direito de tirar a vida de um inocente. Sem pensar duas vezes eu fui falar com ele, toquei a campainha, mas ele não atendia, fiquei muito puto e comecei a dar vários socos na porta:
- Carlos, abre essa porta... Anda seu filho da puta... Não tem coragem de me enfrentar?... Eu ainda te cato, aí vamos resolver nossas diferenças.
O elevador chegou no 3º andar e eu subi pra casa, se ele tivesse aberto a porta naquela hora eu teria quebrado a cara dele, aí eu queria ver quem era o viadinho do condomínio, como ele costumava falar pelas minhas costas.
Cheguei em casa e puto da vida, bati a porta da sala assustando o Daniel que estava usando o computador no nosso quarto, na mesma hora ele veio correndo ver o que acontecia:
- Mas o que foi isso?... Por que bateu a porta desse jeito?
- Porque estou puto, querendo quebrar a cara do primeiro que aparecer.
- Mas o que aconteceu?
- Eu estava subindo e escutei um ti-ti-ti...
- Lá vai você dar atenção pra fofocas.
- Pois é, só que a fofoca dessa vez foi que o Carlos quem deu veneno pra Dani...
- O quê? Esse cara é louco?
- Eu tentei falar com ele, mas o covarde não abriu a porta.
- Mas como ele conseguiu envenenar a Dani?
- Parece que passou um biscoito por baixo da porta com alguma substância tóxica, se aproveitando da situação enquanto ficamos fora...
Fui até o quarto ver como a Dani estava, pois havia saído com o coração apertado, me abaixei diante da caminha dela quando escutei a porta da sala bater, corri até lá e o Daniel não estava, na hora imaginei que ele teria ido tirar satisfações com o Carlos, e quando cheguei no 3º andar comprovei que estava certo. Enquanto eu fui até o quarto o
Daniel não conseguiu se segurar, pegou o elevador e foi até o 3º andar, chegando lá o Flávio estava saindo de casa para ir ao curso de inglês, o Daniel o empurrou com tudo fazendo ele cair com os livros no chão, quando a porta ia fechando o Daniel deu um chute que chamou atenção do Carlos, fazendo com que ele fosse ver o que estava acontecendo:
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Uma história de amor - escrito por Salém
RomanceOlá, em primeiro lugar devo esclarecer que esse romance não é de minha autoria. Me dei a liberdade de repostar os capítulos dessa história para que você, caro leitor e leitora, aprecie uma história bem escrita e desenvolvida que vai te emocionar. Es...