Naquela mesma hora o Daniel se levantou, vestiu uma roupa e me levou até o médico:
- Que susto você me deu...
- Eu não sei o que aconteceu...
- Se arrume que vou te levar ao médico pra ver isso.
Quando eram por volta de 4h da manhã estávamos chegando ao pronto socorro, eu estava de pijama, pálido e sem forças, de tanto que eu tossia minha barriga estava doendo e meu peito apertado. Na recepção só havia a recepcionista, nenhum paciente esperando para ser atendido.
- Bom dia!
- Bom dia, ele vai passar com o clínico geral.
- O que ele tem?
- Dor nas costas e falta de ar.
- A carteirinha dele e RG, por favor?
- Estão aqui.
- Obrigada, podem aguardar que o médico já chama.
- Obrigado.
Ele sentou ao meu lado no banco da recepção e junto comigo ficou aguardando o médico me chamar, eu não estava bem, meu corpo doía, sentia sono, falta de ar, deitei no seu ombro e assim permaneci até ouvir meu nome:
- Bader Pires.
- Vamos, petit...
- Bom dia!
- Bom dia!
- Você que é o Bader?
- Não, o Bader é ele.
- Ah... Tudo bem, Bader?
- Não muito...
- Você está sentindo dor nas costas e falta de ar...
- Acordei com a respiração travada, quase morri sufocado.
Enquanto eu ia falando ele escrevia um relatório em uma folha verde com uma etiqueta contendo todos os meus dados:
- Sente-se na maca pra eu te examinar...
- Tudo bem.
- Levante um pouco a camisa... Agora respire fundo... Mais uma vez...
- Humpft.
- Ok...
- Vou te pedir um raio-x do pulmão agora e assim que terminar você volta aqui comigo.
- Agora?
- Sim... Entregue esse papel na recepção e depois me traga o resultado aqui.
- Tudo bem.
Deixamos a sala do médico e fomos até a recepção entregar a guia do médico solicitando o raio-x, enquanto o Daniel conversava com a recepcionista eu esperava sentado no sofá da recepção, pois de repente passei a sentir tontura, ainda tinha a tosse que não parava...
- Petit, vem comigo...
- Espere...
- O quê você tem?
- Estou sentindo tontura.
- Olha como você está pálido... Quer um copo d'água?
- Não precisa...
Segurando minha mão o tempo todo ele esperou com a maior paciência eu melhorar um pouco, assim que me senti melhor fomos até a sala de raio-x tirar uma chapa do pulmão.
- Você é o Bader Pires?
- Sou...
- Muito bem, e você quem é?
- Sou o Daniel.
- O quê você é dele?
- Eu sou namorado dele.
- Ah...
Chegou uma hora em que o Daniel já não escondia mais de ninguém seus sentimentos por mim, coisa que pra uma pessoa que estava tendo sua primeira experiência homossexual não era fácil. Para os próprios homossexuais que são assumidos, é difícil ver andando de mãos dadas com o namorado ou assumindo em público que ama outro homem.
Na maioria das vezes, se comportam como amigos em público e só expressam seus sentimentos em lugares destinados ao público GLBT.
Sempre achei isso uma idiotice, pois andar de mãos dadas não é crime, não agride ninguém, apenas demonstra uma atitude de carinho, raramente eu via dois garotos andando de mãos dadas, até para mim foi surpresa, acho que é por não ser tão comum ver cenas assim.
- Eu vou pedir ao senhor que aguarde lá fora...
- Por quê?
- Por causa da radiação dentro da sala...
- Ah... Tudo bem...
Enquanto eu tirava o raio-x do pulmão o Daniel me aguardou na porta, creio que não demorou mais que cinco minutos, voltamos para a recepção e aguardamos o resultado ficar pronto. Já não estávamos mais sozinhos na sala de espera, ficamos sentados no sofá de mãos dadas, apoiei minha cabeça no ombro do Daniel e adormeci. Eu tinha que dar graças a Deus por ter colocado essa pessoa maravilhosa em minha vida, às vezes eu me perguntava se ele existia mesmo ou era um sonho, todo mundo tem um pouquinho de "Daniel" dentro de si, só o que falta é expor esse sentimento que fica oculto dentro de você mesmo.
Ele ficou ao meu lado o tempo todo, me acompanhava até no banheiro, o coitado nem dormiu preocupado o tempo inteiro comigo.
- Bader Pires...
- Sim?
- Você é o Bader?
- Não, ele está sentado na sala de espera, eu estou junto com ele.
- Ah, tudo bem... Está aqui a radiografia... Pode levar direto pro médico na sala dele.
- Ok... Obrigado.
- Ficou pronta?
- Já sim, amor... Vamos lá levar pro médico?
- Vamos.
As pessoas estranharam a forma que nós nos tratávamos e principalmente como o
Daniel me tratava, só faltou me pegar no colo. Eu ainda me sentia um pouco fraco, estava pálido, com febre, tossia muito, algumas pessoas daquela sala davam umas olhadas estranhando, algumas tentavam olhar disfarçadamente, era até engraçado.
Eu sei que não é comum dois homens abraçados daquela forma demonstrando um
afeto matrimonial, mas também não é algo anormal que possa traumatizar alguém, talvez tenham agido assim por não verem cenas como essa com frequência. O fato é de que o mundo está em constante mudança e nós temos que ter mente aberta para nos adaptarmos a elas, a Terra não pára de girar.
Entrei na sala do médico de mão dada com o Daniel:
- Fez o raio-x, Bader?
- Fiz, está com o Daniel...
- Ele está um pouco fraco, doutor...
- Você não tem se alimentado direito?
- Tive alguns problemas e descuidei um pouco da saúde.
- Fez mal... Muito mal... Acabou pegando uma pneumonia.
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Uma história de amor - escrito por Salém
عاطفيةOlá, em primeiro lugar devo esclarecer que esse romance não é de minha autoria. Me dei a liberdade de repostar os capítulos dessa história para que você, caro leitor e leitora, aprecie uma história bem escrita e desenvolvida que vai te emocionar. Es...