Atlanta

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Os mortos-vivos fixam os olhos leitosos na figura de Jake caido no chão. Ele caiu sentado.
Uma horda de dúzias de zumbis começa a andar para cima dele, com uma fome e voracidade impressionantes. Jake levanta rápido e corre para a rua, levando a horda de mortos famintos atrás dele.
As ruas em ambos os lados estão lotadas pelos zumbis que andam todos rapidamente em direção a ele. Jake levanta o Colt Phyton e atira contra o primeiro zumbi fétido que aparece pela frente. Ele dispara em cada um dos zumbis mais próximos, os cinco tiros restantes se acabam. Jake se irrita ao ouvir o característico som de uma arma sem balas.
Um morto-vivo de terno se joga em cima dele, mas Jake envolve seus braços nele e o derruba como um atacante de futebol americano.
Não há nenhuma saída. A Harley e a sacola de armas estão caídas no chão. Os olhos de Jake visualizam 360 graus em todas as direções. Os mortos bloquearam tudo.
Jake pega uma pedra no pé da calçada e a usa para derrubar uma mulher morta, dando-lhe uma pedrada na cavidade nasal que a faz cair. Ele acerta mais dois. Os zumbis se fecham ao redor dele, esticando os braços e rosnando ferozmente. Não há nenhuma chance, Jake cai curvado e ergue a cabeça vendo o grupo de mortos chegarem a um metro. Jake põe a mão no chão e algo lhe choca.
Ele olha para o asfalto abaixo dele, os dedos quase se quebram ao arrancarem a tampa de um bueiro do chão. Jake empurra a pesada tampa e escorre para o esgoto, colocando suas pernas no buraco e se deixando cair para dentro.
Ele cai no túnel molhado do esgoto. A tampa está cobrindo a metade da abertura esférica. Os braços pálidos entram pelo buraco, Jake vê os rostos estraçalhados com olhos de chumbo querendo devorá-lo.
Ele pula numa pequena escada que há na parede e puxa a tampa do bueiro, bloqueando o buraco. Jake cai novamente e vê o aro de luz que se formou quando ele fechou com a tampa.
O coração pode ser ouvido por ele próprio, e a respiração queima a garganta. Ele abre o tambor do revólver e vê que está fazio. Os mortos-vivos batem com fúria na tampa.
O local é escuro úmido e fede a carniça com bosta, fazendo-o quase vomitar entre as pernas. Todos os túneis estão bloqueados por grades de aço, prendendo Jake em uma verdadeira sala de tortura. Neste momento ele quer gritar, chorar, pois mal acredita que Deus lhe deu abaixo de seus pés outra chance de sobreviver. Aquela passou perto.
Ele levanta tentando raciocinar. Jake se encosta na grade e ofega sem cessar. De repente os braços de um zumbi o envolve pelo peito. Jake tenta se livrar das mãos quase cravando as unhas em seu tórax. Ele consegue escapar do zumbi pelo outro lado da grade, grunhindo como um porco. Jake puxa o braço do homem branco, fazendo-o se bater com força na grade. Jake puxa de novo, novamente, outra vez, sem parar, a cabeça do homem se choca violentamente da barra de aço, estilhaçando a caixa craniana e derrubando o zumbi abatido.
Ele anda para trás e vomita, pondo as mãos no joelho.
Jake passa uns dez minutos parado, ouvindo os mortos baterem e gemerem acima dele.
Suavemente com um eco formidável, uma voz é ouvida claramente.
- Ei você ai embaixo... - parece uma voz feminina. - Aparece ai cuzão!
Jake franze a testa para baixo e se arrasta sentado para a esquerda. Ele olha para cima e vê um túnel vertical, indo tão longe para o alto que ele nem podia identificar a sombra que está no final. Jake levanta.
- Tá bem encrencado sabia? - falou novamente.
- Eu preciso de ajuda! ... - grita Jake para cima. A voz demora dez segundos para responder.
- Não acha que é pedir muito?
- A rua está lotada deles... tem pessoas ai com você?!
- É... tem pessoas aqui comigo... mas não vai dar pra ajudar. Adimita que você está fodido.
- Não precisa vir até aqui... poderia me dar uma arma, ou alguma instrução.
- Tem um cara aqui comigo... eu... eu vou jogar um walkie talkie, veja se consegue pegar.
O pescoço de Jake dói. Um pequeno objeto vem caindo.
Ele consegue segurar o walkie talkie e olha novamente para cima.
- Eu peguei... você ainda está ai?! ...
Ele não é respondido. O walkie talkie estala e chia, trazendo uma voz diferente.
- Ei... é você que está ai no esgoto? - falou a voz de homem chiando pela estática.
- É eu ainda estou aqui... eu preciso de ajuda, não tem como você me mandar uma arma?
- Esquece, nós só temos uma arma com munição e não vamos dar ela pra um estranho... mas eu posso te ajudar sim... eu estou vendo tudo aqui de cima e... pra falar a verdade sua situação não é boa... você tem uma arma ai?
- Tenho, mas está sem munição...
- O plano é o seguinte... tinha uns dez zumbis em cima da tampa do bueiro, mas a maioria saiu e ficou só um, então você vai conseguir sair... corre pra calçada do outro lado. Tem um ônibus virado e ele está bloqueando a rua, vá na direção do ônibus...
- Espera... tem mortos do outro lado do ônibus, não é melhor eu ir pro outro lado?
- Você não tá me ouvindo! Eu estou vendo tudo, do outro lado estão vindo mais zumbis, bem juntos. Perto do ônibus eles estão mais espalhados... corre pra lá e a gente te encontra perto do beco na esquerda...
- Você quer mesmo que eu saia desarmado no meio deles? - critica Jake - Droga aqui tá escuro, tá fedendo...
- Infelizmente você tem preocupação maior... eu vou jogar alguma coisa pra você.
Jake para e vai até embaixo do túnel vertical. Ele está suado. Um objeto cai no chão molhado.
Uma chave de fenda, ele a recolhe e pega outro pequeno objeto que cai. Uma caixa de fósforo.
- Você pode ir agora... - fala o rapaz pelo walkie talkie.
- Com uma chave de fenda... e uma caixa de fósforos... pra quê os fósforos?
- Você disse que estava escuro ai... eu não gosto muito de escuro... agora vai...
- Ei... eu vou ser eternamente grato por isso.
- Ok... vai logo você tá perdendo tempo!
Jake põe o aparelho no cinto. Ele olha para cima, a adrenalina corre pelo corpo. As mãos fortes empurram a tampa do bueiro, o barulho infernal dos mortos tapa os ouvidos de Jake.
A rua está infestada. Ele corre para o lado direito. Os zumbis estão bem espalhados, Jake crava a chave de fenda no olho do primeiro desgraçado que o agarra, atravessando a rua como se fosse um Quarterback cruzando a rua rapidamente pelo meio dos mortos que já o notaram. Jake perfura a cabeça de mais dois deles. As pernas quase amolecem estremecendo dentro da calça preta.
Os mortos estão quase correndo, vindo de todos os lados e poucos metros atrás dele. O ônibus está em sua frente. Jake se agarra na lataria como um macaco e sobe no grande veículo. Os dois lados do ônibus estão cercados, os zumbis esticam os braços como fãs alucinados em um show. O coração de Jake bate na garganta, os mortos do outro lado do ônibus estão a uns dois metros.
Jake tinha que fazer algo além de simplesmente se salvar. Ele percebe o córrego de gasolina vazando do tanque do ônibus pelos pés dos zumbis. Jake puxa a caixa de fósforos do bolso, acendendo rapidamente um palito e o jogando contra o asfalto encharcado em meio aos mortos. E em questão de um segundo a chama vibrante sobe se agarrando aos corpos dos zumbis, o fogo se espalha por onde a gasolina escorre enquanto as chamas queimam os mortos.
Jake pula do ônibus, o pequeno grupo de zumbis vem para cima dele. Duas figuras aparecem rápido na entrada de um dos becos, atraindo Jake que corre em direção a eles.
Um rapaz de boné e uma bela mulher ruiva empurram uma enorme grade para bloquear a passagem. Os mortos a empurram.
- Vem a gente tem que ir! - grita o rapaz puxando Jake para uma das escadas de emergência na lateral dos prédios. - Frida vem logo!
A mulher ruiva larga a grade e pula para a escada, onde Jake e o rapaz estão subindo. Os mortos derrubam a grade e correm para o pé da escada, onde puxam no pé da mulher.
A ruiva se solta e segue os outros subindo pela escada.
...

T.W.D. DEAD ZONE- PRIMEIRA TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora