Dias insanos

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Um carro de polícia avança lentamente em direção ao engavetamento bloqueando uma vasta estrada de Waynesboro Geórgia. O cheiro da carnificina aparente chega devastando o olfato do delegado de polícia Jake Blake. As dezenas de automóveis batidos forma um cenário lúgubre de tremer os ossos.
Shawn Bush diminui a velocidade da viatura e aperta as mãos no volante de couro. O óleo queimado está escorrendo por debaixo das latarias. O carro finalmente para, quando Shawn afunda a bota no freio. Para um homenzarrão, Shawn está com o coração elétrico. Jake passa a mão na barba bem feita e olha para Shawn respirando fundo.
Jake balança a cabeça e está quase rindo.
Shawn abre a porta e desce, puxando uma Glock .17 do coldre de couro. Ele vai sumindo em meio a bagunça e envestigando o local. Aquela manhã quente e ensolarada como de costume está dificultando o trabalho. Jake permanece dentro do carro, ele está pondo balas no revólver Magunum .44 da policia, em seu colo. O homem alto de fardamento desce do carro. Ele tem quase 40 anos, e está casado e com dois filhos.
Jake empunha firmemente o revólver potente. Suas botas marrons de bico fino estão se desgastando. Jake começa a perceber os corpos estirados por trás dos veiculos. O cheiro é um soco no estômago, ele escuta o barulho das moscas decompondo os cadáveres. Os vidros das janelas estão sujos de escarlate enegrecido.
A fita amarela de " Keep out " está bloquendo o local onde uma mulher está estirada. O corpo cadavérico tem uma colônia de moscas alojada em todo o corpo. Está apenas com roupas de baixo, o corpo secou e o fedor é terrivel.
Jake anda mais um metro, sua cara está agoniante. E se enrijece mais ainda ao identificar as formas de mãos no asfalto, marcadas com sangue.
Nunca ele sentiu tanto a força que lhe dizia que algo não estava bem. Os corpos recostados nos bancos estão tranquilos.
Os ouvidos escutam algo de travar a garganta. A pele arrepia, os ossos estão congelando, quase perde os sentidos. Jake avista aquela figura dura que sai de trás de um dos carros convergido com outro. O homem manco de fardamento policial, continua andando. A cabeça está tombada para a esquerda. O chapéu amarronzado cai, e ele continua a andar numa lentidão a esmo.
- Ei você... - gritou Jake com a voz trêmula - Sou o delegado daqui. Eu e meu colega estamos fazendo uma investigação... de onde você é?... - o homem continua andar - Eu fiz uma pergunta!
O corpo do cara trava, quando Jake grita. O homem se vira. Aquele rosto desfigurado faz o delegado cambalear para tráz. O olho esquerdo abriga um fungo enegrecido, a metade da bochecha foi arrancada perto do olho, os musculos expostos da cara estão secos e os lábios não existem mais.
Jake se engasga com a própria saliva. Ele ergue o Magnum prateado. A criatura de olhos leitosos cor de chumbo vem andando em direção a Jake.
- Pare ai mesmo! Afaste-se agora!
Ele está a 3 metros, logo dois, aumentando a velocidade e rosnando cavernosamente. Jake puxa o gatilho. A bala de alto calibre acerta e arranca o pedaço acima da sobrancelha. O sangue escuro e um pouco de massa encefálica, jorram por trás. O corpo cai lentamente de joelhos dobrados, naquele asfalto áspero.
Jake endurece.
...

Shawn freia, leve como uma pena. Ele gosta daquela cena de crianças brincando no gramado em frente as escolas. As rondas pela cidade não eram tão rigorosas, mas ele terá seu salário no fim do mês e aliás... um policial nunca descansa. O rosto duro de Jake Blake agora está mais feliz, ele é outra pessoa dentro do fardamento bege.
- O que acha? - perguntou Shawn - O dia está bem tranquilo, está calmo demais pro meu gosto.
Jake ri.
- É sério isso? - ele está rindo com os dedos no rosto.
- É cara! Sabe, eu gosto de viver intensamente. - Shawn tenta se manter sério, mas o riso silencioso pula da boca. - E um combate de vez em quando é legal.
- Melhor que passar o dia atendendo ocorrências de gatos em árvores... Lembrei da semana passada naquele estacionamento, eu vi que aquele policial...
- Cara, Jake, eu acho que a Sarah anda colocando alguma coisa no seu café. - Shawn ri com menos intensidade e corre os dedos pelo cabelo loiro.
- Eu estou começando a acreditar que vejo coisas. - Os dois se calam.
O rádio da viatura da delegacia, começa a chiar. Jake ajusta o botão, a estática as vezes dá problemas, eles podem escutar. Uma voz de homem anunciando algo, os chiados atrapalham, mas eles percebem a voz comentando histericamente sobre pessoas em um carro.
Eles rapidamente sabem do que se trata.
...

T.W.D. DEAD ZONE- PRIMEIRA TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora