T.W.D. DEAD ZONE- PRIMEIRA TEMPORADA

Piloto

Os corações estão se acalmando dentro da van. O grupo está longe suficiente da cidade para estarem seguros, pelo menos mais seguros do que nas ruas de Atlanta.
Suárez guia o veículo cinza por uma pista deserta em meio a florestas em ambos os lados. Jake está estirado no chão da van, descansando o corpo chocado pela adrenalina. Fryda Campbell olha fixamente para ele, e ela está tentando descobrir o que se passaria na mente dele neste momento:
- Então... o que você vai fazer agora? - Fryda o pergunta calmamente. Jake vira a cabeça para ela e espera para responder.
- Eu não sei direito... - Ele não olha diretamente para Fryda - Na verdade eu sei o que quero fazer, mas não sei bem o meu próximo passo.
- Você pode ir com a gente pro nosso acampamento... - comenta Vanessa sentada ao lado de Tyler no banco da van.
- Pode pegar algumas coisas e depois partir se quiser. - completou Fryda - E o que mesmo você vai fazer?
Antes que Jake responda, Suárez chama a atenção de todos, enquanto olha estranhamente para a beira da pista:
- Ei, acho bom verem isso...
Suárez vê Jim pelo retrovisor vindo com a moto, a uns 10 metros atrás.
Eles descem da van e vão em direção a uma picape Dodge Ram, parada no acostamento. Jim desce da Harley Davidson cambaleando de dormencia nas pernas.
- Ah! Acho que não consigo mais andar. - fala Jim com a voz cansada. Os outros ignoram o que ele fala e fixam seus olhos na picape.
A Dodge Ram cinza está com a porta do motorista aberta e com um morto- vivo, com o pescoço pendurado num buraco no vidro.
- É o Garrett... - diz Tyler Jenkins se sentido culpado.
Jake vê marcas de sangue no asfalto.
- Olha, eu não conheço muito o Garrett, mas pelo pouco que já conheci... ele é um imbecil... mesmo assim foi desumano, deixar ele pra morrer. - Fala Jake olhando para os rostos de cada um.
- Isso quer dizer que o Garrett está por ai... amarrado, ferido e desarmado? - pergunta Fryda quase retóricamente.
- Amarrado sim... ferido talvez... mas desarmado não. - afirma Tyler. A sua pele negra está suada. - Eu deixei cair um revólver no piso do carro. Ele vai conseguir se proteger.
- Acham que ele vai voltar pro acampamento? - Questionou Vanessa. - Não vai ser nada bom.
- Não vai ser nada bom... pra ele. - diz Fryda.
As seis pessoas fazem silêncio por um instante. O balançar dos pinheiros produz um leve brisa sob eles. O céu cor de chumbo está sempre calmo, como se também tivesse morrido.
Os ouvidos detectam um gemido gutural vindo da mata. Seus instintos se aguçam rapidamente, quando uma mulher morta sai cambaleando da floresta e parte violentamente para cima deles. Fryda puxa seu facão dixon do coldre colado em sua perna sexy.
A zumbi parece um manequim atropelado, com roupas esfarrapadas e sujas. Tyler rapidamente faz a volta por trás da morta-viva e a segura pelos braços, fazendo-a rosnar. Fryda e Jake partem para cima dela. A mulher ruiva ergue seu facão, quando a morta-viva a segura pelos pulsos.
Jake dá um chute de calcanhar na perna da zumbi, fazendo o membro apodrecido se quebrar, e dar tempo de Jake cravar uma faca na têmpora da zumbi de rosto parecido com uma ameixa.
Eles se olham. Jim e Vanessa estão ao fundo com Suárez, quando Jim começa a se sentir mal.
- Jim, não vá vomitar... - pede Tyler.
- Eu não tenho o que vomitar. - diz ele cospindo no chão.
Todos entram na van. Tyler levanta a Harley e a liga.
Jim e Jake se sentam lado a lado em um dos bancos. Os dedos duros de Jake acariciam a foto de sua família, chamando a atenção de Jim.
- O que você tem ai? - pergunta Jim.
- Minha família... sinto que estou mais perto deles. - Jake não tira os olhos da foto. Suárez avança com a van e Tyler está de moto à frente.
- Posso ver? - Jim pega a foto e olha fixamente. - Sabe... você é um cara de sorte... e acredite... está mais perto deles do que você imagina...
...

A van percorre uma estreita estrada de terra em meio a uma reserva de pinheiros. A luz alva do sol, reflete no lago azul como o céu. Tyler vai na frente da van com a moto roncando na subida da ladeira.
Os pneus estalam nas pedras na entrada da clareira, onde um grupo de pessoas desesperadas vem recebe-los.
Pelo menos uma dúzia de pessoas vem até o início da pequena clareira no alto de uma colina.
Vanessa Watson salta da van e corre de braços abertos para uma moça, que a corresponde e a abraça chorando. Sua filha Angie de uns 20 anos, seus olhos claros como o lago em frente ao penhasco vazam lágrimas pelo rosto branco, e o vento desgranha seus cabelos loiros como os da mãe.
Tyler desce da Harley.
Fryda, Suárez e Jim saem da van. Angie Watson tira os braços do pescoço da mãe e abraça Jim, colando seus lábios nos dele num beijo rápido. Todos estão soltando palavras ao ar, com sussurros e frases de alívio por eles terem voltado. Um sorriso se abre em cada rosto quando eles se cumprimentam.
Shawn Bush passa pelo meio das pessoas, e vai até Fryda. Ele quase não mudou, sua barba e cabelo loiro refletem na luz. Shawn segura uma escopeta Mossberg.
- Ei, tá todo mundo bem? - pergunta ele para Fryda.
- Estamos... quer dizer... mais ou menos... - ela aperta os olhos azuis - A gente encontrou um cara... ele está esperando na van.
- E ele é confiável? ... - Shawn se vira para a voz feminina que falou atrás dele. Ele vê Sarah Blake parada de braços cruzados , ao lado dos dois filhos.
Jim chega perto deles.
- Pra você? ... - fala Jim num tom misterioso para Sarah. - Que tal tirar suas próprias conclusões... Ei Blake, dá um pulinho aqui!
Jake demora dez segundos, para pensar, ele ainda olha para a foto de sua família. De cabeça baixa e cansado, Jake abre devagar a porta e desce da van, indo pela pequena estrada e sem olhar para frente por causa da luz do Sol.
Todos os olhos se viram para o estranho adentrando a clareira. Demora um segundo para que Sarah reconheça o marido e que sua boca amoleça rapidamente. O pequeno Carson Blake vira o rosto e larga a mão da mãe.
Os olhos de todos captam tudo em câmera lenta. Jake vagarosamente levanta o rosto sombreado pelo chapéu, Shawn congela ao ver Jake.
O choque nos corações é forte.
Jake vê Laurie e Carson correndo para ele. Suas pernas amolecem e ele quase cai para trás, as botas se inclinam. Seu rosto formiga e as lágrimas alagam os olhos sem escorrer.
- J... Jake - Sarah Blake gagueija e crava os dedos nos cabelos cor de carvão, sob a testa. Ela corre quase tropeçando.
Jake cai ajoelhado no cascalho, os dois filhos o agarram e o prendem como imãs. Jake os aperta tão forte que seus dedos quase perfuram as costas dos filhos. Sarah chega tremendo, o homem alto ligeiramente se ergue e avança nela. Seus lábios se encontram, num impacto de dois foguetes, eles se abraçam, as unhas de Sarah furam a camisa de Jake. Ela está elétrica, os batimentos cardíacos quase os explodem.
Os quatros se agacham e se abraçam. O rosto de Shawn está inesplicável, num revezamento de susto e tiques de risadas curtas. Todos os curiosos avançam os 15 metros até eles.
Laurie Blake de uns 13 anos, seca o rosto com as mãos e junta os cabelos castanhos atrás da orelha com uma trança. Carson de 10 anos chora de alegria. Jake levanta e olha todos ali:
- Shawn? - Jake vê o amigo no seu canto esquerdo.
- E ai cara... - Shawn não está acreditando. Os dois dão um abraço e batem nas costas um do outro.
Jake só tem olhos para sua família, ele beija Sarah novamente. Jim está sorrindo.
- Jake, vem conhecer o acampamento. - a voz vem de Fryda, passando a mão em seus encantadores cabelos ruivos, cacheados.
Naquele momento, pela primeira vez desde que ele despertou, Jake Blake está completo novamente, está feliz novamente... está bem novamente, e por um momento ele esquece que o mundo... que esse mundo morto pode arrancar-lhe tudo que ele construiu...
...