Vastos

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      Jake Blake ofega quando escuta a carne sendo mastigada lentamente ao fundo do teto do prédio. Dois mortos-vivos ajoelhados arrancam com as mãos, pedaços das vísceras do corpo estirado no chão. Os errantes não prestam atenção em Jake e Norman.
      Grady pula de um dos aparelhos de ar-condicionado e tira uma de suas flechas da aljava no cinto, ele puxa as dezenas de quilos do fio do arco e solta, disparando a flecha na lateral craniana do morto-vivo ajoelhado na direita.
      Jake abaixa o revóver.
      O corpo gordo daquele homem, está caido e com uma cratera aberta na barriga. Norman analisa-o e se abaixa para apalpar os bolsos. Ele encontra um relógio e levanta, aproximando o objeto dos olhos:
      - Tá quebrado... - Norman Grady joga o relógio de pulso do alto do prédio. O objeto acerta a lataria de um dos carros batidos na beira da calçada. - Alguém deixou a porta aberta...
      Norman põe o arco nas costas pela alça e abre a porta de metal da sacada do prédio. O resto dos homens o segue.
      O interior do prédio tem um fedor de mofo tão terrível, que faz as gargantas deles queimarem. Jake gosta do cheiro do papel dos livros, antes, mas não é o mesmo cheiro. Eles prosseguem descendo a escada de metal, Norman Grady dá um assobio que ecoa pelos corredores escuros, ele está checando se há errantes neste andar.
      O fim da escadaria chega. O chão é coberto por um carpete de veludo gasto. As paredes estão cobertas por pedaços rasgados de papelão. Norman abre um buraco e olha para o outro lado. Os olhos avistam um salão do outro lado, o chão está com uma enorme cratera, o piso tinha caido para o andar de baixo, onde um grupo de mortos desnorteados vaga em meio aos destroços.
      Norman bufa e Jake se aproxima para ver também. Um pequeno pedaço do chão ainda está intácto próximo à parede, formando uma passarela de um metro de largura que leva até a lateral do prédio, com uma saída de emegência no fim. Aquela era a passagem mais próxima e por incrível que pareça, era a mais segura. Eles não podiam voltar ao teto, haviam visto alguns errantes no andar de cima.
      - A gente vai ter que passar... - Jake suspira.
      Jim revista uma estante velha atrás dele. A porta não abre, até que Jim tira um pé-de-cabra de sua mochila e arromba a porta. Ele salta para trás, quando vários pacotes de alimento caem em seus pés, Jim ri.
      - Eu não acredito! - Tyler vê a montanha de pacotes e enlatados e passa duas malas para Jim, que enche-as com a comida.
      - Temos o que precisamos, vamos voltar pro trailer e depois pro acampamento. - Jake falou para todos.
      - Espera! - Jim critica - A gente vai passar por aí?
      - É a nossa chance mais próxima. - Norman abre um portão enferrujado e coberto de jornais, abrindo visão e passagem para a passarela.
...

      Eles pisam no terreno hostil. Os mortos lá embaixo não os notaram ainda. Jake está na frente, os quatro homens correm com cuidado, eles podem ver os grandes pedaços do piso no andar de baixo. O cheiro dos errantes é perturbador.
      Eles já estão na metade do percurso. Jim leva as bolsas pretas, uma em cada mão. Seus tênis da Nike esbarram em uma das rachaduras, fazendo-o tropeçar.
      Jim cai e tenta segurar no braço de Tyler. Todos os mortos desviam instantaneamente os olhos cor de chumbo, para a figura de Jim Rovia pendurado. Ele grita. Tyler volta e tenta segurá-lo, o rapaz mantém as mãos firmes no concreto para não cair. Jake e Norman param.
      Os errantes juntam-se abaixo de Jim e tentam agarrar suas pernas. As duas sacolas pendem na mão dele, os mortos puxam as malas fazendo Jim balançar.
      - NÃO ME DEIXA CAIR! TYLER! - Jim grita quase rasgando a garganta.
      Jake volta e consegue puxar o braço dele. Norman chega até a porta do outro lado. Alguns mortos do andar de cima escutam os gritos e cambaleiam até o portão enferrujado. Norman Grady acerta uma flecha na morta-viva que vem na frente, o corpo seco cai com a flecha na cara.
      Pelo menos uns cinco errantes vem em direção a eles. Jake sente o chão trincar e puxa Jim com mais força, trazendo-o de volta. As sacolas caem.
      Norman abre a porta e pula para a escada em zigue-zague na lateral do prédio. Os outros três caem na escada e Norman ligeiramente fecha a porta. Os mortos batem do outro lado e eles descem para o beco.
      Jim corre para uma lata de lixo e se apoia nela, vomitando todo o medo no chão.
      - Merda! - praguejou Jake.
      - As sacolas ficaram! - Tyler passa a mão no rosto. - O que a gente vai fazer agora? Voltar pro acampamento de mãos vazias?
      - Não, nós vamos recuperar. Vamos ter o que comer hoje a noite ok... - Jake tenta passar coragem para os outros.
      - Como? Você não viu? Aquele salão tá lotado. - Norman rebate.
      - Vamos dar um jeito. - Jake fala bem próximo do rosto de Norman, com uma voz firme.
      Os quatro homens se juntam e vão andando sorrateiramente até a saída do beco.
...

T.W.D. DEAD ZONE- PRIMEIRA TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora