Te vejo prostrada em minha cama. Braços e pernas abertos, sem mais vergonha da própria nudez. Boca entreaberta e olhos semicerrados ainda assimilando o que acabou de sentir. Lentamente saio de dentro de você e deito meu corpo suado ao seu lado, apenas observando-a enquanto recupero meu fôlego. Me diz o que você está sentindo. Descreva em uma única frase. Sintetize. Vejo tua boca se movendo, escolhendo as palavras no cérebro ainda febril. Os olhos não se abrem. Calma, não tenha pressa. Só quero uma frase. Só uma. Eu preciso. Você consegue. Sua língua passeia por seus lábios como antes passava em mim. Lá vem. É agora. Você abre os olhos e fala para o teto.
— É simplesmente como uma pequena morte.
Como é que é? Repete. Olhando em meus olhos.
— Uma pequena morte.
Sorrio e beijo a sagrada ironia que você despeja de teus lábios! Será que então é isso? É esta a sensação que todas vem buscar em minha cama? Um vislumbre da própria morte em vida? Uma sensação de que, por uma fração de segundo, o mundo parou de girar? É isso?
E se for, o fato de eu extrapolar este desejo justifica o que invariavelmente acontecerá a seguir?
Não sei.
Mas continuarei tentando descobrir.
(Quem diria, a ciência comprova!)
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Submundos literários
Short StoryPara ler você tem que entender. Pra entender você tem que ler. Se há um mistério nessa história não sei te dizer, mas que é estranha eu posso afirmar. Se algum dia você entender o contexto dessa história me diga. Pode ser balela ou somente tudo fru...