Cafajeste

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Imagino que você me considera um cafajeste.
Realmente eu não faço muito para mudar esta imagem, mesmo eu acreditando piamente que ela seja errada. No mínimo mal interpretada. Não, eu não me considero um cafajeste, mas contra mim há o conceito que poucos cafajestes se consideram assim. Cafajeste não é um título auto-imposto, é uma pecha adquirida pelos hábitos e pela biografia. E neste caso também não tenho como me defender.
Mas mesmo assim não me considero um cafajeste.
A menos não um típico.
(A gente sabe que está se enganando quando perde mais tempo tentanto se justificar do que explicando alguma coisa.)
A verdade é que sou uma pessoa facilmente seduzível. Basta um olhar, um esbarrão, uma pisada no pé, um "oi" descompromissado e já sou teu. De corpo e alma. Não sou daqueles caras que chegam na mulherada, que saem para "caçar" nem nada disso. Claro, eu trabalho minhas chances. Eu me mostro disponível. Mas é o máximo que faço. Odeio frases prontas. Odeio gracinhas cheias de subtextos implícitos ou explícitos. Prefiro quando as coisas simplesmente acontecem. Naturalmente.
(Isso conta como arrependimento prévio, padre?)
Toda mulher tem algum atrativo. E não é difícil encontrar na maioria das vezes. Mulheres sabem se promover bem melhor que homens. Uma análise de cinco segundos já é o suficiente para você saber o que esperar. Claro, há surpresas. E nem todas são agradáveis. Mas o que seria da regra sem suas exceções confirmatórias? Qual é a graça de iniciar uma história quando você sempre sabe como vai terminar?
Há poucas regras a seguir. Em primeiro lugar, eu nunca minto. Omito, claro, pois mesmo um livro aberto tem o direito a entrelinhas. Em segundo, nunca esqueço da primeira regra. Em terceiro trato-a como se fosse sempre a última vez. Na maioria dos casos é, mas não é uma escolha voluntária. Acontece. Eu vivo com isso.
Infelizmente elas não.
Caso eu te encontre por aí algum dia, lembre-se disso. E se eu tenho alguma credencial para dar um conselho, que seja este:
Fuja.

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