Capítulo 16

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Chego na estrada e me deparo com um garoto, todo arrumado e tal, e por coincidência desceu do carro para comprar coisas numa loja daqui, na beira da estrada. Não sei se o correcto seria eu tentar pedir uma carrona ou hesitar porque me encontro toda desfeita, ou seja, de qualquer maneira, alguém não merecida para subir um Mercedes, o carro que ele trazia. Mas tomo coragem e me arrumo até onde posso, e segui em frente,ele caminhando em direcção ao carro !

- Oiiii, desculpa importunar. - digo-o deixando concentrado em mim !

- Olá, em que a posso ajudar?

- Peço uma carrona, me encontro perdida... - sou mais directa

- Eu moro logo aqui ! Mas onde você vai?

- Mora logo aqui !? Eu vou até aquela zona da matola, muito distante daqui. . . - faço uma cara de insatisfação

- Mas irei ajudá-la até onde posso. Pode entrar no carro. - Todo cavaleiro, abre a porta

- Hum Obrigada. - Entro e sento.
Daí não trocamos mais o palavreado por uns bons minutos, até ele quebrar o silêncio.

- A propósito como a senhorita veio parar aqui, nesse fim do mundo? - Ele perguntou

- Nem eu sei sabes, apenas acordei nessa zona, sem mesmo saber como voltar. Claro, aproveitar e agradecer pela atitude tua!!

- Não tens de quê, e a mocinha como se chama?

- Pypa e você? - digo sorrindo

- Genny ...

- Hum okay, nome feminino não acha?

- Muitos confundem, talvez porque pronunciam mal. E a Sra também faz parte das pessoas que mal sabem pronunciar meu nome.. - diz sorrindo.

- Rsrsrsrsrs, olha ele.

- Pronuncie meu nome e pare de me chamar por atributos !! - Profere piscando o seu olho direito

- Genny, Genny, Genny!! Mas tu rsrsrsrsrs - solto uma gargalhada

- Até que dá para qualquer coisa, rsrsrsrsrs. Infelizmente não poderei deixar-te em sua residência, mas irei deixar-te em um sitio que irás chegar em casa facilmente.

- Não te preocupes, já fizeste muito por mim Genny. - sorrio

- Sim sim Pypa ! Não costumo simpatizar com pessoas logo de primeira, ou seja, com estranhos. Mas fui com a sua aparência! - retribuiu o sorriso

-Também Genny.

- Aqui é o melhor sítio para apanhar um táxi. - disse ele parando o carro

Fiquei parva, porque não me encontrava em condições de pagar táxi ou um outro transporte qualquer, apenas eu em pessoa é que valia.
Mas quando o vejo abrir a carteira

- Toma, e suba um desses taxi's.
- diz ele esticando a mão me passando o valor

- Não precisa. - digo me fazendo de quem não quer, enquanto é a vergonha tomando conta de mim..

- Toma vai, ainda me sinto mal de não ter te ajudado o suficiente. - Olha-me com um olhar carinhoso

- Está bem, sinto me lisonjeada pelo acto. - recebo-o com um jeitinho meio tímido

- Fique com meu contacto para informares assim que chegares em casa. - Tira o cartão do bolso

- Está bem, agradecida Genny. - sorrio e desço do carro indo em direcção ao primeiro táxi que vi e o Genny ainda estacionado.

Nem acredito que diante de tanta coisa que aconteceu veio essa bomba para botar luz o meu dia, ele me acompanha e me despede com uma nota que só entra no meu bolso mensalmente.
Entro no táxi e o motorista não perde o tempo e o Genny de seguida vai embora.
Que dia estranho, primeiramente fui "raptada" pelo Lopez, e vim parar em um lugar jamais conhecido por mim, claro que já vim uma vez com o Lopez mas não pude ter tempo de conhecer a zona ou coisa igual, apenas conheci o terreno dele em fase de construção e já faz um bom tempão, mas eu julgando não ter como voltar, encontro um garoto lindo e dono do seu próprio nariz, este que me ajuda sem nada em troca, achei legal a atitude dele, não sei o que nos espera, já que fiquei com o contacto dele, tudo depende de mim..
Genny, Genny.. - Cito nome dele em meus silenciosos pensamentos . Até que a lembrança dos meus pais me assusta afugentando qualquer tipo de pensamento, não sei o que me espera na maldita casa.
Será que o Sr Omar falou alguma coisa? - indago
Se falou o problema será ainda mais grave, pensarão um montão de coisas ao meu respeito, se bebo? se fumo? ou por outras, se consumo drogas, enquanto de todos os problemas que tive até aqui resumem se em homens e homens. Eles sim, são e serão motivos dos meus problemas até aqui!!
O taxista é muito sério, não conversa, apenas cumpre com o trabalho dado sem sequer saber de alguma coisa ou querer ganhar simpatia dos clientes. Enquanto Sr Omar é super diferente, queria eu lhe tratar mal mas no final das contas vi que ele é o que nada fez para mim, apenas cumpriu o que ordenaram - o, defendendo assim o seu pão.
Chego na minha zona e indico o taxista a estrada que dá na minha rua, até minha casa. São nesse momento 18h 48min, eu em frente de casa, já desci do táxi, e não sei o que me espera, o pior é que do lado de fora de casa não dá para ver os carros que estão estacionados, senão saberia quem me espera do outro lado da casa.
Mas em fim, ganho coragem e vou directamente ao portão e por coincidência encontro a Atalli de saída.

- Ainda bem que te encontrei.. - digo com muita aflição

- Só agora Pypa, estávamos preocupados , eu cheguei ao ponto de pensar que foste sequestrada pelo carro que tanto buzinava, eu e Sr Omar não sabíamos mais o que fazer, até que os seus pais chegaram e ele aqui em casa a tua espera. -explicou-se

- Isso quer dizer que meus pais sabem de tudo, inclusive da buzina? E agora o que faço? Meu pai vai procurar saber onde foi que eu me meti, o que vou responder Atalli? - Lágrimas caem sem controlo com uma voz mais tremida

- Eu nada posso dizer, apenas dizer que eles estão a tua espera e você deve falar a verdade para não chegar aos extremos de tanta mentira!!

- Que verdade? Tudo que aconteceu, nem eu sei como aconteceu. . Apenas sei que foi um milagre chegar aqui e a essa hora.

- tá bem Pypa. Não perca mais tempo entre e encare - os

- Você tem razão! Fique bem

Me dispenso da Atalli e toco a campainha, chamando assim a atenção dos meus cães, o Bob, a Kim e o Dragão. De seguida o Sr António veio abrir a porta e sem hesitar cumprimentei - o e entrei.
Meu medo é maior, porque qualquer coisa na minha casa é motivo de grandiosos castigos, principalmente por parte do meu pai, ele é cheio de regras e desconfianças, não sei o que lhe posso dizer, se é que terei esse espaço de me pronunciar.

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