Capítulo 13

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Me dei mal, mais uma vez. Sem moral de nada, preferi dormir. Dormi pensando nas ilusões que por vários momentos tomaram conta de mim, mas enfim não fui feita para pessoas sérias ou relações sérias. Apaguei sem sequer pensar em mais bobagens.

Logo muito cedo, ouço alguém bater forte na porta do meu quarto, algo muito anormal e a mesma entra.

- Bom dia, vim mesmo avisar que o motorista virá te levar 1h antes da hora da tua entrada na escola ! E vim levar o celular que não nos é útil. - Minha mãe fala logo que entra.

Me levanto, levo o celular na gaveta da cabeceira e a entrego sem mesmo desejar um bom dia e ela se retira depois de receber o assunto que lhe convém. Voltei a me deitar mas sem sono, o meu sono foi brutalmente morto. Agora tenho que arranjar um jeito de ter outro cell, e se eu retirar algum valor da minha conta obviamente eles saberão e vão pensar coisas piores, só posso continuar a pensar numa outra forma.
Na cama sem fazer nada, fico com a impressão da minha vida estar parada, olho para o relógio da parede do quarto que aponta 07h 32min, wauh tão cedo. Porras, recordei que de hoje em diante andarei com um guarda, então não preciso ter muita pressa ao me preparar ! Levanto e vou até à casa de banho , quando a Atalli me chama.

- PYPA. . .
- Sim Atalli
- Bom dia. - fala se aproximando da casa de banho
- Sim bom dia
- O Der está lá em baixo, o jovem que apareceu no outro dia.
- Sério? O idiota está cá? Porquê você permitiu entrada dele? - retorqui com uma cara da Atalli ter culpa do Der estar cá
- Porque no outro dia, você disse que era teu amigo etc.
- Está bem, mande-lhe esperar.

O pior é que é uma visita esperada, acabei me esquecendo que havia ficado com o Phone dele, e obviamente ele vem levar o que lhe pertence, termino de lavar os dentes e arrumo minha cara e saio de pijama e calço as pantufas, de seguida desço ao encontro dele.

- Bom dia, aqui está teu pertencente. - Logo que o vi, estiquei a mão com intenção de lhe entregar o Phone e mais nada.
- Bom dia Pypa, tudo bem? Dormiu bem? Acordou mal de humor ou é impressão minha ?
- Isso te interessa? Estou para fazer alguns trabalhos da escola, falamos um dia desses. - Falo saindo da sala, quando ele pega forte meu braço.
- Não vai, eu pensei que fossemos ao Ginásio juntos hoje, como falaste que estavas interessada, e combinamos começar hoje.
- Já não estou interessada, vá levar a Suzy. - Digo por impulso, não deveria ter falado dela.
- Suzy? Minha namorada? - Covarde, ainda responde com uma normalidade da nada.
- Hoje você diz que tem namorada?
- Sim, porque hoje você fala dela como se a conhecesses. Diga, a Suzanne soube da nossa tranza? - Ele fala preocupado com a tal Suzanne e esquece-se totalmente de mim.
- Saia da minha casa e faça o favor de nunca mais cruzar o meu caminho... - digo toda eufórica, e vou em direcção às escadas
- Mas foi bom te conhecer PYPAAA. - Diz ele zuando da minha cara.

Vou até o quarto e fecho a porta da pior forma possível, me dei mal mais uma vez por alguém que nem o meu olhar merecia. Me iludi, cheguei a pensar que homem dos meus sonhos tornou se realidade e o pior é que virou pesadelo de hoje em diante, tudo mudou por besteiras de quem nada vale. Chorar não vou, por este nem por ninguém. Hoje mais do que nunca quero ir a escola, apanhar o ar que não me sufoca, hoje mais do que nunca preciso daquelas piadinhas da minha classe, e a droga do motorista contratado só virá a hora marcada, espero que não seja um desses velhos gagas, algo muito provável.
Mas vou me preparar, depois tomo o café e o resto do tempo fico na TV a assistir os seriados que gravei e ainda não me dei o tempo de ver. Dito feito. Vou até o banheiro, faço um banho bem demorado, sentindo a água quentinha passando da minha cabeça até o resto do corpo, a água me acalma, passa como se estivesse também limpando a sujidade interior. Levo e uso a toalha, faço o cabelo secar com o secador a mão, e vou directamente vestir, uso os sapatos "Paez" que me deixam mais a vontade quando uso para escola, levo a mochila já organizada e vou até cozinha ver o que estava preparado para o pequeno - almoço, e a Atalli preparou umas batatas fritas, ovo mal passado e salsichas acompanhado de um leite bem fresco, a Atalli sempre no ponto, não sei o que seria de mim sem ela, porque ela se dá muito tempo de ensinar me a gastronomia Moçambicana, mas pouco interesse da minha parte mas aos poucos vejo necessidade de aprender.
Termino o café, e me sento na sala, assistindo "A camionista" do telemundo, me concentro tanto na novela e esqueço da grande surpresa que prepararam para mim com meus pais. Quando a Atalli informar que o Sr Omar, o motorista, já está do lado de fora a minha espera, para o meu azar ele é muito pontual. Saio, em direcção ao carro, e abro a porta de trás e me sento.

- Bom dia, Omar . - Ele se apresenta olhando para mim do espelho e eu nem aí para ele.
- Bom dia, imagino que já te proferiram meu nome. - Mostro uma rebeldia da minha parte
- Pypa, certo?
- Duvida?
- Não, apenas queria confirmar.
- Não o quê, se precisas confirmar é porque duvidas. - digo toda irónica
- Está bem cachopa, desculpa qualquer coisa.

Me calo e fico na minha, o mais engraçado é que nem sequer olhei para cara dele, só consegui ver os olhos do espelho do carro e uma voz de jovem. Chegamos em frente a minha escola 20min antes do toque e eu faço movimentos para descer, quando ele tranca a porta.

- Podes abrir essa porta? - Digo toda arrogante
- Não, a senhorita só pode sair do carro depois do toque. É o que me orientaram.
- Desculpaaa? ? Assim sou obrigada a ficar no carro sem nada a fazer enquanto na escola podia fazer montão de coisas ..!! - indago
- Nada posso fazer diante de uma ordem. - Ele me responde com ares de obediência
- Passe bem. - Digo isso a destrancar a porta mostrando rebeldia e me retiro do carro.

Desci do carro e fui sem sequer olhar para trás, e entro na escola, primeiramente queria falar com a Ross, mas prefiro esquecer esse assunto por um tempo, então me juntei a um grupo de conversa, me ambientei tão rápido, risadas atrás de risadas até o sinal da escola tocar para estragar tudo.
Bem, estou no meu último ano do ensino secundário, e por sorte no meu último trimestre, e próxima semana se realizarão os últimos testes trimestrais, logo essa semana é de preparação para os testes finais.
Felizmente, em breve, me sentirei mais livre de todos, porque criarei uma personalidade só minha, onde ficarei mais independente.

As aulas passam tão rápido, e mal presto atenção, eu toda desactualizada por falta de celular, me sinto tão sozinha, quando a Rossy decide se aproximar

- E aí como vai Pypa?
- Tudo tranquilo, e aí?
- Também está tudo favorável. Como vão as coisas do teu lado? O celular que do Der que estava na tua bolsa como vais entrega-lo?
- Ele veio levar hoje cedo em minha casa, não vamos falar dele por hoje, por favor. - Evito mais questões da Ro a cerca do Der para não estragar a minha noite com pensamentos malignos.
- O que aconteceu? Mas se não quiseres falar dele, entendo. Tenho comigo algo que você vai adorar !!
- O quê? - Pergunto toda curiosa.
- Um celular, não é dos melhores mas ao menos vais continuar online e tudo. - fala tirado o celular da mochila
- Sério? Own, que fofa, sinto me lisonjeada pela grande atitude tua, esperada claro. - falo recebendo o Iphone 5s da Ro. Claro que não é melhor que o meu, mas desde o momento que fiquei sem phone tudo seria útil.
- Não tens de quê amiga, esse phone estava guardado sem nenhum utilizador, logo pensei em ti !
- Agora ao menos vou ter algo para me distrair e tal...
- E aí tem todas as fotos que me enviavas. - Soltou um sorrisinho meigo
- você é inacreditável, sabe ! Eu sabia e sei que posso contar contigo para tudo .
- Que bom. Agora deixe me ir. - instalou um beijinho de carrinho em minha testa.
- Eu também estou de saída, o motorista está a minha espera...
- O sr Jown? A essa hora?
- Não, poxxa esqueci de te dizer que já tenho um motorista particular, contratado pelos meus pais.
- Assim é uma forma de te controlarem?? - Disse lançando uma gargalhada
- Exactamente, e eu não vou entrar na onda deles.
- Só você Pypa, eu vou continuando a Rossy de sempre, não quero mais decepcionar meus pais por asneiras. Principalmente deixa-los a minha espera. Fui.
- Está bem. - Lhe dispenso admirando a sua forma de ser e tal, mas eu não vou a tempo de ser ou me comportar que nem a Ro. Anima ser eu.

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