Capítulo 31

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Capítulo 31

[Álvaro]

Três meses depois...

Meu celular toca no instante que entro no escritório. A vontade que tenho de atendê-lo é a mesma que tive de me levantar da cama hoje. Na verdade nem queria estar nessa sala, e poderia apostar que era a minha mãe, de novo, me perguntando se estou bem, se estou comendo bem, dormindo bem...

Assim que a Mel me expulsou do hospital e da sua vida eu passei a viver no modo automático, o que estava preocupando meus pais. Saí algumas vezes, só para beber e encher a cara, tentar esquecer minhas burradas. Nenhuma mulher me atraía mais desde que nos casamos. 

Desde pequeno eu tive problemas, e quando não conseguia o que eu queria, me trancava em meu mundo. 

" Não comece com essas maricagens de novo Álvaro."

Meus irmãos sempre implicavam comigo por isso e eu sempre ficava naquele mundo tentando resolver tudo. Mas dessa vez não dependia de mim, eu havia estragado tudo e teria que conviver com aquilo. Sei que fui um completo idiota, agi como um imbecil e estou perdendo tudo o construí: minha família principalmente. Eu sabia que era o fim, só não queria aceitar nem acreditar nisso, não sem lutar. A Mel estava tão decidida, até pensei que poderia ter sido por causa do acidente recente, mas ela estava determinada a seguir o seu caminho. 

E eu não estava mais nele.

Em meu bolso o toque do celular continuava insistente e estridente. Não poderia mais enrolar e resolvi acabar com o inevitável.

- Oi. – quando vi que não era minha mãe, meu humor piorou eu sabia quem era e o que ela queria.

- Álvaro, diga que já assinou a papelada e que já posso pegá-los com você.

A Carla estava do outro lado, calma como sempre, sendo muito mais que amiga para a Mel e de certa forma para mim também.

- Você sabe o quanto é difícil olhar esses papéis e saber que isso equivale à minha sentença de morte? Que quando meu nome estiver ali minha vida acabará, não sabe?

- Meu querido amigo estou sendo a advogada do diabo nesse caso. Eu quero ajudar aos dois, mas não posso.

- Sim eu sei querida. Eu pedi por isso, foi somente minha culpa e tenho consciência disso Carla... Como ela está?

- Álvaro!

- Por favor Carla, só me diga como eles estão. Ela me enviou uma mensagem indicando o local dia e a hora da consulta pra saber o sexo do bebê, ela mudou de médica e estou perdido sem saber como eles estão.

- Sim ela me disse que te avisou sobre o ultrassom. Acho que é aquela do tipo em 3D.

- Me fala como ela está. Não vai me fazer implorar. Vai? – ela respirou condescendente.

- Tá bom. Ela está bem e mal. Estou tentando cuidar dela, mas como você já sabe ela conseguiu o antigo apartamento de volta. A pessoa que o alugou entregou as chaves e ela aproveitou a situação. – eu não queria saber sobre isso, o que me importava era ela e meu filho, mas ela continuou. – o bebê mexe muito e ela está linda. Reclamando de tudo, do que come, do que veste, mas quando deita na poltrona e o pequeno começa o show dele, ela fica uma bobona.

- Como eu queria estar participando disso tudo.

- Se não está, o único culpado é você. – mereci ouvir isso.

- Sim eu sei que sou.

- Álvaro faça um favor a vocês dois, assine esses papéis e siga a sua vida.

A Irmã Errada (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora