CAPITULO VI - OS TRÊS ASSUSTADORES ASSUSTADOS

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Não era possível ver nem a minha mão, estava tudo escuro, ali não era a biblioteca e nem sabia onde estava. Não havia nada físico ao meu redor, a não ser o chão, ou o que poderia ser um chão, onde estava em pé. Podia andar para qualquer lado, mas não esbarrava em nada, nenhum tropeço, só um vazio total.

– P-por favor não faça isso! – Ouvi de todos os lados, era a primeira e única voz que ouvia depois de um tempo naquela escuridão. – Não!

Algumas coisas começaram a ficar claras, aos poucos sombras foram se formando, nada colorido, tudo era preto e cinza. Então algumas foram tomando formas, três figuras. Duas usavam capuz preto que os cobriam completamente e a outra foi fácil de identificar. Foi o cabelo e sua silhueta que o delataram. Pitch.

Ele estava contra a parede, parecia com... Medo, de seja lá quem fosse aqueles dois, não consegui, em nenhum momento, ouvir sua voz, ou sua respiração, estavam completamente mudos.

– Não! – Pitch gritou de novo. – Calma, e-eu sei que falhei, mas juntos, n-nós pod-demos resolver isso juntos, não podemos? – Silencio. – Foi graças a você que eu pude deixar de ser um simples monstro debaixo da cama e virar algo maior. – As figuras encapuzadas se entreolharam, estavam conversando? Uma delas, a mais baixa se colocou a frente, esticando um dos braços na direção de Pitch. Comecei a caminhar na direção deles. – Ainda posso ser útil a você! – Mas mesmo correndo parecia que eu não saia do lugar. – Por favor!

Houve um estrondo. Pitch estava fora do chão, prensado contra a parede que rachava enquanto partes dela caiam no chão, parecia que estavam enforcando ele, segurando seu pescoço, mas de repente, Pitch caiu no chão completamente fraco, só que a outra figura ainda estava com o braço levantado e consegui ver na parede uma forma preta, plana. Tudo escureceu de novo.

– Jaack. – Alguém cantarolou. – Jack. – Era de um homem, soava maliciosa. O lugar começou a mudar, parecia uma estrada, do meu lado direito apareceu uma placa, não consegui ler muito a não ser a palavra "Hollow", rapidamente a placa se desfez como pó. – Ele estará esperando por você aqui, Jack. – Mudou de novo, várias lapides foram aparecendo, até por fim duas árvores sem folhas se formarem, a cima delas a Lua brilhava cheia. – Ele te espera aqui. – A voz riu. Tudo se dissipou novamente, menos a Lua que me iluminava, tentei procurar pelo seu dono, até olhar para atrás e encontra-lo. – Tendo pesadelos, Frost? – Ele pulou em mim e tudo ficou preto novamente.

Acordei num sobressalto, derrubando a cadeira onde estava sentado, vários livros estavam sobre a mesa onde eu tinha dormido e o lugar inteiro estava coberto com uma fina camada branca de neve.

❄❅❆❆❅❄

Cupid vai ficar muito irritado. Olhei a janela, era dia, tinha passado a noite inteira ali? Peguei o cajado e me dirigi a saída da biblioteca pensando em meu sonho... Pesadelo, teria sido só isso mesmo? Minha mente procurando tão desesperadamente por respostas que decidiu criar uma própria?

– Esse é um dos efeitos daquele lugar. – Uma voz ecoou pela biblioteca, parei exatamente onde estava, nem um pouco perto da saída.

– Quem está ai? – Perguntei alto. Ouvi passos atrás de mim como se alguém estivesse correndo, virei tentando encontrar o dono e apenas vi uma figura se escondendo atrás de uma estante. – Quem é você?! – Saltei na sua direção e não encontrei ninguém.

– Não se preocupe Jack Frost. – A voz vinha atrás de mim, virei novamente e encontrei seu dono, mirei o cajado para ele que não demonstrou medo. Era uma figura estranha. Estava sob um pano branco, tinha um pescoço fino e uma cara parecida com uma abóbora, se é que aquilo era a cabeça, não tinha braços, só pernas. – Não somos inimigos.

A Origem dos Guardiões - O Guardião PrimordialOnde histórias criam vida. Descubra agora