CAPITULO XIII - COMO FALAR COM RATOS

754 86 97
                                    

O Palácio de Cupid tinha ainda mais coisas do que aparentava, não digo isso porque explorei parte do local, pelo contrário, o tanto que consegui ver não deveria chegar nem na metade do que ele realmente tem, portanto não foi surpresa nenhuma quando me vi perdido depois de descer algumas escadas e virar algumas direitas e esquerdas. Como sempre passávamos por vários dragões, e eu ainda conseguia achar incrível a variedade dessas criaturas, eram tantas cores e tamanhos, e todos pareciam gostar muito de Cupid, os filhotes principalmente.

O momento também não parecia ser melhor, já estávamos andando há algum tempo e em nenhum momento ele soltou meu braço, mas também não se deu ao luxo de olhar para trás, ainda bem. Em meu estômago pareciam ter borboletas, se ele tivesse pego na minha mão, provável que teria sentido o meu coração bater mais rápido, pois era isso que ele causava.

Nossa relação era estranha, em um momento estávamos bem, no outro ele já está me dando um gelo, se é que isso fosse possível comigo, logo em seguida ele estava segurando meu braço como se fossemos grandes amigos, imagino o que viria a seguir e só prezo para que ele não queira colocar fogo em mim.

Agora estávamos descendo uma escadaria em espiral, sinceramente, se fosse para voltar à entrada do Palácio, já não conseguiria voltar mais, era mais fácil sentar ali e esperar por ajuda. Logo já tínhamos chegado ao fim da escadaria e nos deparamos com duas portas, uma em cada lado, Cupid largou do meu braço pela primeira vez e começou a tatear a parede.

— O que está fazendo? — Resolvi perguntar. — Não se lembra qual das portas temos de passar? — Porém ele continuava a me ignorar. — Olha, tudo bem admitir que está perdido, seu palácio é realmente enorme, então tudo bem se você estiver perdido. — Ele resolveu me olhar, aquele tipo de olhar: "Você realmente está dizendo isso?" com uma sobrancelha arqueada. Apenas levantei os braços em defesa.

— Essas portas são apenas fachada para o que realmente tem aqui. — Respondeu sem me olhar. — Achei. — Ele empurrou uma pedra da parede, a mesma voltou para frente, então ele a puxou em sua direção com certa dificuldade, fazendo com que uma parte da parede se deslocasse abrindo passagem, da mesma saiu um pouco de pó, não consegui não tossir. Cupid riu. — Você devia ver a sua cara agora.

Ele deu espaço para que eu pudesse passar primeiro e fechou passagem logo atrás, era um pequeno corredor com algumas tochas em seu caminho, e conforme nós caminhávamos por ele as mesmas iam acendendo sozinhas, pelo que parecia faziam anos que ninguém aparecia naquele lugar, haviam tantas teias de aranha e pó circulando, e logo mais a frente o corredor terminava num pequeno cômodo.

— O que é isso? — Assim que pisei o pé no local outras tochas se acenderam, não tinha nenhuma luz natural, fora a produzida pelas chamas. Deixei com que meus olhos se acostumassem com a claridade e atentei aos detalhes, era um local circular e ali tinham sete portas sendo que cada uma delas tinha um entalho diferente, separadas apenas por algumas tochas, eram as únicas coisas de diferente dali.

— Essas são as portas dos feriados.

A voz do outro guardião surgiu logo atrás de mim e tomei um susto, tinha esquecido que ele estava ali comigo. Continuei as observando, todas elas tinham um desenho diferente, da minha esquerda para direita, eles eram, respectivamente: uma suposta árvore de natal, um que parecia um ovo de páscoa, outro um trevo de quatro folhas, a do lado uma abóbora sorrindo, a seguinte era uma estrutura quadrada vermelha com algumas estrelas dentro, outra um peru e por fim um coração. Atrevi a me aproximar mais delas, passando a mão em cada uma, porém a que mais me chamou a atenção foi a da abóbora sorridente, provavelmente era aquela que levaria a Halloween Town. E era justamente aquela que queria abrir.

— Jack? — Cupid me tirou do transe. — É por aqui. — Estava ao lado da porta com a árvore de Natal. — Vamos temos coisas a resolver. — Voltei o olhar para porta com abóbora, não seria agora a hora de usá-la então. Acenei a cabeça para o outro e aproximei-me enquanto ele virava a maçaneta da porta que mais parecia uma das bolas coloridas que ficam penduradas nas árvores de Natal.

A Origem dos Guardiões - O Guardião PrimordialOnde histórias criam vida. Descubra agora