Capítulo Quatro

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15 de Novembro de 2005 - Palo Alto, Califórnia

  - Dean 

Sam sentou na cama assustado, suor corria por seu rosto junto com lágrimas. Ainda confuso ele olhou para os lados tentando descobrir quem havia chamado seu irmão. E foi só quando Jess pôs a mão em seu ombro perguntando se ele estava bem, que ele percebeu que fora ele mesmo. Lembranças de seu sonho brilham em flashes na sua mente.

Flash:

Dean Gritando de dor de uma forma que nunca havia ouvido antes enquanto uma voz ria perversamente.

Flash:

  Uma mancha de sangue se formando no abdômen de Dean, o líquido vermelho pingando no chão enquanto seus gritos se reduziam a gemidos. 

Flash:

  Dean preso ao teto, as chamas devorando seu corpo enquanto ele gritava. E um riso sádico preenchendo o ambiente.

   Sam não conseguiu mais aguentar, ele correu para o banheiro e vomitou. Mesmo os pesadelos com Jessica, nunca haviam sido tão intensos. Ele apenas à via morrer, nada tão detalhado quanto as imagens que recebera do irmão.

   -Sam? - uma voz o chamou e o rapaz sentiu o toque de Jess em suas costas enquanto ele continuava abaixado sobre o vaso. Seu estômago vazio ainda se contraia em espasmos dolorosos - Sam, o que aconteceu?

  -Apenas um pesadelo - disse Sam ofegante.

  - O que pode ter sido tão... Oh, é aquele pesadelo que você me disse a algumas semanas?
Sam engasgou, ele havia contado à Jessica sobre os pesadelos quando achava que eles não significavam nada. Tê-la por perto tranquilizando-o  havia feito ele se sentir melhor. Mas agora ele sabia que era real e não importava o que ela pudesse dizer ou fazer, nada o faria se sentir melhor.

  -Quase isso - foi tudo o que Sam disse. Ele voltou ao quarto e foi direto até seu celular. 4:28. 

  -Quer falar sobre isso? 

  -Não - o rapaz sacudiu a cabeça 

  -Vamos Sam, eu sou sua noiva agora, lembra? - Ela mostrou o anel em seu dedo como uma confirmação - Você pode me dizer qualquer coisa. 

  -Não. - repetiu Sam dessa vez de forma mais agressiva. Quando percebeu a mágoa no rosto de Jess, seu tom abrandou - me desculpe Jess eu só... Não. Volte a dormir, OK?

  -E quanto a você?

  -Ele olhou para o celular em suas mãos e mordeu o lábio inferior - Eu já volto, tenho que fazer uma ligação.

  Jess pensou discutir, mas, ao olhar para o rosto de Sam, percebeu que ele realmente precisava fazer isso. Apesar de não dizer nada sobre isso, ela o havia ouvido chamar pelo irmão, e podia apostar que era para ele que Sam pretendia ligar agora. 

  -Tudo bem, - disse a garota, beijando seu rosto de leve, - só Não demore. 

  Sam concordou com a cabeça e deixou Jess sozinha no quarto, ele saiu do apartamento e foi para o estacionamento. 

  Ele discou o número com as mãos trêmulas e esperou ansioso para seu irmão atender. Após o terceiro toque ele podia ouvir seu coração bater acelerado assim como sua respiração, ele estava a beira de um ataque de pânico

  -Alô - disse uma voz sonolenta do outro lado e Sam não pode conter o suspiro de alívio.

  -Graças a Deus 

  -Sam? - a voz de Dean pareceu ficar mais atenta - Sam, o que é? Você está bem?

  Sam não sabia se ria ou chorava com a pergunta, ele não fez nenhum dos dois no entanto, em vez disso contou a ele tudo sobre seus pesadelos com Jess, sobre Brady, e finalmente sobre o sonho daquela noite.

  -Por que diabos você não me contou isso antes, Sam? - Dean perguntou parecendo irritado - Eu tenho que esperar você sonhar comigo morrendo para saber que a Porra de um demônio estava atrás de você?

  -Dean, isso não é importante agora, ele foi embora. 

  -Sam... - começou Dean mas foi interrompido 

  -Por favor, Dean - Sam se sentia exausto - apenas prometa que vai se cuidar. Eu não posso... O que eu vi...

  -Ei, calma Maninho - disse Dean em um tom suave - Eu sei me cuidar, vai precisar muito mais que um filho do inferno desgraçado para me matar. 

  Lá estava toda aquela arrogância que era a marca de Dean, mas isso de certa forma tranquilizou o mais jovem, seu irmão era um grande caçador, talvez o melhor com a exceção do pai. Ainda assim ele não podia deixar de dizer:

  -Talvez seja melhor eu...

  -Sam, não. 

  -Mas eu pensei que você me queria de volta na caça...

  -Eu queria, eu quero. Mas você fez sua escolha...

  -Não vamos começar com isso novamente. Esse papo de eu ter abandonado vocês...

  -Cala a boca e ouça, Sam.  Você tem que ficar com a garota, tem que protegê-la, por mais que eu queira que você volte a caça, eu nunca seria tão egoísta a ponto de pedir para deixar sua namorada em perigo para isso acontecer. Eu vou ficar bem. Apenas cuide de Jessica e de si mesmo.

  -Obrigado, Dean. Eu realmente precisava ouvir isso.

  -Ótimo - disse Dean - agora pare de bancar a princesa e me deixe dormir.

  -Idiota 

  -Vadia - disse Dean em um bocejo antes de desligar.

  Sam voltou para cama e se deitou abraçado a Jess que dormia tranquilamente. Era incrível como seu irmão ainda tinha a capacidade de acalma-lo mesmo depois de todos aqueles anos. "Algumas coisas nunca mudam" e ele estava feliz por Dean ser uma delas.

Live And Let DieOnde histórias criam vida. Descubra agora