Live And Let Die

Capítulo Dois

02 de Novembro de 2005 - Palo Alto, Califórnia

Sam acordou assustado em sua cama, por um momento achou que havia acordado devido ao terror causado pelo pesadelo recorrente que tivera nas últimas semanas. No sonho ele  via Jess com a barriga rasgada presa ao teto enquanto o fogo a consumia. Achava que isso tinha algo a ver com proximidade com o aniversário da morte de sua mãe, talvez depois dessa noite os sonhos se acabassem. O rapaz se virou na cama tentando adormecer novamente quando ouviu um ruido no outro cômodo. Ele pegou o celular na mesinha de cabeceira, eram 22:15

 Com uma forte sensação de deja vu ele se levantou colocou o celular no bolso e pegou o taco de beisebol, caminhou lentamente até a sala. Uma parte dele pensava que era apenas Dean que havia voltado com sua maneira nada convencional de fazer visitas, mas outra parte, aquela que lá no fundo continuava a ser um caçador, sabia que algo estava errado

 -Dean? - ele chamou quando viu a sombra se movendo

  -Tente novamente - disse uma voz familiar

  -Brady? - Sam acendeu a luz e obteve a confirmação de que era realmente o amigo que estava parado ali sorrindo para ele - Brady, o que você está fazendo aqui?

  -Estava procurando uma cerveja - respondeu o rapaz copiando Dean, tanto que havia dito no outro dia quanto no tapa amigável que deu em deu ombro, isso fez um arrepio percorrer-lhe o corpo.

  -Você não é o Brady - disse, os instintos de caçadores assumindo o controle 

  -Finalmente -disse Brady batendo palmas - achei que nunca ia perceber.

  -O que você é? - Sam apertou o taco em sua mão com mais força

  -Nada que você consiga matar com essa coisa - disse Brady com um sorriso cínico, ele andou pela sala mexendo em todos os objetos que encontrava - eu realmente achei que encontraria Jess sozinha aqui. Achei que com seu pai desaparecido você iria para Jericho com seu irmão para procurá-lo.

  -Como você... O que você fez com meu pai?

  -Nada, eu apenas sou bem informado, afinal esse é o meu trabalho, saber tudo sobre os Winchester. - ele pegou um porta retrato com a foto de Jessica - essa sua namorada é realmente uma gracinha, acho que posso me divertir um pouco com ela antes de matá-la.

 - Você não vai tocá-la - disse Sam a raiva fervendo seu sangue

 -Eu realmente não precisaria fazê-lo - Brady apontou para o taco que o rapaz segurava, o objeto escapou de sua mão e bateu na parede oposta com força - Mas qual seria a graça nisso?

 -O que você é? - perguntou Sam novamente

 -Você realmente não sabe? - o rapaz sorriu e seus olhos se tornaram negros - depois de um de nós ter matado sua mãe, achei que seu pai os informaria melhor a nosso respeito.

 -Você é um demônio,- disse Sam - está dizendo que um demônio matou minha mãe?

 -Não um demônio qualquer, - disse Brady - um dos superiores, e é por ordem dele que estou aqui hoje, para queimar sua namorada da mesma forma que ele queimou sua mãe. Mesmo dia, - ele olhou para o relógio - Mesma hora, poético não?

 Sam ia dizer algo mais foi interrompido quando Jess entrou na sala vestida com um short curto e uma camiseta desbotada do Bon Jovi.

 -Brady? - ela disse ainda meio sonolenta olhando para o rapaz, ele sorriu e se aproximou mas Sam se pôs entre eles - Sam, o que está acontecendo?

 - Jess, volte para o quarto - disse Sam

 -Não seja um pé no saco, Sam - disse o demônio, ele empurrou o jovem derrubando-o  no chão a dois metros de distância e continuou a se aproximar de Jess, ela se afastou até que ficou presa entre o demônio e a parede, este segurou seu rosto e forçou um beijo em seus lábios, a garota tentou se libertar mas ele era muito forte. Ele bateu a cabeça dela contra a parede fazendo-a desmaiar

  -Exorcizamus te omnis imundus - Brady soltou a garota deixando-a cair no chão e se virou ao ouvir essas palavras, Sam havia se levantado e agora lia algo na tela de seu celular - spiritus, omnis satanica potestas 

 -Qual é Sammy, - disse o demônio já sentindo o desconforto pelas palavras proferidas - estávamos nos divertindo aqui

-Omnis incursio infernalis adiversari - continuou Sam sem dar atenção as palavras de Brady

 -Você sabe, mesmo que me mande de volta para o inferno... Há outros como eu por aí - ele disse 

 -Omnis legio, omnis congregatio

 - Essa conversa está realmente interessante, mas sabe como é - o demônio fez uma pausa quando o mal estar aumentou - Lugares para ir, pessoas para matar, adeus Winchester, - dizendo isso ele abriu a boca e uma nuvem de fumaça escura escapou de seus lábios deixando o corpo de Brady inerte no chão.

 Sam ficou parado por um momento, então verificou o corpo de Brady, ele ainda estava vivo, o rapaz respirou aliviado, seria muito difícil explicar para Jessica se não estivesse. Ele se abaixou ao lado da namorada

 -Hey Jess - chamou ele dando leves tapas em seu rosto, depois de alguns instantes a garota abriu os olhos ainda atordoada - Ei, você está bem?

 - Sim, eu acho, o que aconteceu? - ela olhou para o lado e viu Brady inconsciente - ele está morto? 

 -Não, ele está bem, provavelmente estava drogado. Vou chamar a policia - Sam sabia que isso era injusto com o rapaz, que seria preso sem ao menos saber porque, mas era isso ou explicar para a garota que ele havia sido possuído. Além disso, os pais de Brady eram podres de ricos, ele não ficaria preso nem por 24 horas.

 Olhou para a tela do celular, as palavras do exorcismo ainda estavam ali, ele nunca pensou que seria tão grato ao Google. Apesar do demônio ter escapado, eles estavam vivos graças ao site de pesquisa. Enquanto ligava para a policia, ainda abraçado a Jessica, ele agradecia ao fato de não ter acompanhado o irmão. Sua namorada estava viva graças a sua escolha, e ele sempre estaria por perto para protegê-la. Isso era tudo o que importava.