Representatividade e Monarquia

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Importante compreendermos o significado verdadeiro de DEMOCRACIA. De modo bem resumido: é o nome que deram ao sistema na Grécia antiga em que TODA a população se reunia para elaborar suas próprias leis e escolhiam entre os mais aptos para desempenharem cargos públicos: Eram escolhidos entre a multidão alguns para se submeterem a um sorteio para determinado cargo, com tempo de posse determinado. E todas as medidas institucionais com poder de lei não eram tomadas sem que a assembléia aprovasse. Isso era democracia. Hoje a população diz se aceita ou não candidatos de partidos. Caso todos recusem, anulando o voto ou se abstendo de votar, basta uma pessoa aceitar um cadidato para que ele seja empossado. Estes ficam no cargo com uma carta branca para fazer quais leis quiserem. Caso a população discorde da lei, não há mecanismo para a bloquear. Multidões podem fazer protestos, mas sem garantia de que serão atendidos. A isto chamam de democracia também. Eu te pergunto: se aquilo da Grécia antiga recebia o nome de democracia, este sistema de hoje deve receber o mesmo?(1)

Os mais sensatos preferem chamar o sistema de escolha de candidatos dos partidos para os cargos públicos de: GOVERNO REPRESENTATIVO. Ao invés de perverter o uso da palavra democracia.

No governo representativo é apresentado para a população um candidato de um partido. E outros de outros partidos. "PARTIDO" vem de partir, fragmentar. Indicando que a população se dividiu em grupos que pensam de modos diferentes em ideologia e aspirações ou anseios. Às vezes há partidos que buscam sistematicamente a hegemonia e eliminação de outros partidos e pensamentos distoantes dos seus. Esta atitude é ensinada como se fosse unificadora e de construção social, para uma sociedade "justa e igualitária". Mas o método é a sequência: supressão (maioria de votos), negação (doutrinação tendenciosa), anulação (desconstrução legislativa), opressão e repressão. Outros partidos coexistem com seus oponentes, numa forma de manutenção da diversidade de pensamentos. Mas mesmo estes não são fomentadores da união social intrínsecamente, ainda que busquem a coexistência pacífica. Por sempre estarem por buscar votos e maioria, partidos sempre provocam agitação social.

Os candidatos desses partidos são apresentados para serem os "representantes". Porém, eles já chegam com uma agenda, com um estatuto do partido, com ideias e ideais pre-formados. Ou seja: são um vaso pronto: com forma, tamanho e conteúdo já determinados. A população não escolhe um representante: não fabrica o vaso nem coloca seu conteúdo. Ela olha para o candidato do partido e decide se aceita ou não aquele. Olha para todos os escolhidos dos partidos e decide quais são os vasos "suportáveis". No final, a população em cada indivíduo se molda para adaptar-se ao que cada candidato já é. Quando não é possível, vai suportando até a próxima eleição, quando esperará um "candidato perfeito". E novamente são oferecidos uns tais que lhe resta optar pelo menos pior. O indivíduo sai em busca, como numa pescaria, daquele que pensa (legisla ou governa) com o pensamento mais aproximado do seu, e finalmente, quando a adaptação se completa, o votador diz: "este me representa!". Pensamento fruto de um conformismo alienador que o fez se moldar para se sentir representado por um candidato da fôrma de um partido. Enfim, o indivíduo já não pensa por si, mas pela coletividade de um partido. Aquele que o pescou. Mas que saída este votador tem deste labirinto de ratos?

Um antigo amigo me disse: "Espero que jamais esses monarcas me representem." Eis o sinal e sintoma. Frase perfeita para nos denunciar a veracidade do exposto acima. "Espero que jamais a monarquia parlamentar vença um plebiscito" – foi o que ele quis dizer, como se a monarquia fosse um partido. O cérebro já adaptou suas sinapses a pensarem assim: partidos. Os partidos derrotados transformam seus eleitores em votos vencidos. Um segmento da sociedade marginalizado. Resta a estes revoltar-se, boicotar, sabotar, aguardar. Estão em suspense até que ganhem os votos novamente. E a construção do Brasil, pausada. Nada que os "representantes"dos outros partidos que o venceram é frutuoso. Porque "não me representa!". E assim, cada sucessor destrói o que seu antecessor construiu. Afinal, o vencedor é o esperado "candidato perfeito".

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