Rumo à Jacksonville

15 2 5
                                    

Acordei num pulo, sabendo que em poucas horas estaria com meus pais. Tomei banho e me arrumei toda, vestindo camadas de roupa, sabendo que as tiraria assim que pisasse em Jacksonville. O clima da cidade, apesar de frio em algumas madrugadas, não era nada comparado aos dias de frio congelante em Detroit. O frio em si não me incomoda, porém ele me atrasa quase sempre. Três anos e ainda não consegui me acostumar, mas já estava bem mais rápida em relação ao primeiro ano. Sempre saia com roupas demais ou de menos, e sempre gastava pelo menos uma hora nesse processo.

Tomei meu café, dei uma última verificada em tudo e decidi sair mais cedo. Estava ansiosa demais para ver meus pais e sai de casa bem antes do que deveria, como se isso pudesse mudar o horário do meu voo. Cheguei ao aeroporto ao meio-dia, quando na verdade só teria que chegar lá com uma ou duas horas de antecedência. Passaria esse tempo olhando as lojas, talvez comprando algo de última hora, antes da viagem.

Entrei em uma loja de perfumes, havia muito tempo que queria experimentar algo novo, talvez algo sexy. Procurei entre as prateleiras e fiquei encantada, não sei se sou a única, mas sou fascinada por frascos de perfume. Não tinha ideia do que procurava, mas sempre preferi perfumes que tivessem baunilha em sua composição. Tive que pedir ajuda a uma vendedora para achar um perfume como buscava, e lá estava ele... Baunilha, rosas, com um leve toque amadeirado... Delicioso! Foi quando o vi...

— Oh meu Deus! — cobri a boca com a mão ao perceber que talvez eu tenha dito isso em voz alta.

Senti a loja parar pra me olhar e fiquei mortificada! Eu não podia ficar mais ali! Fui ao caixa e paguei o mais rápido que pude e quase correndo me dirigi à saída sem olhar para trás.

Quando estava longe o suficiente, olhei para dentro da loja e lá estava ele: lindo, loiro, olhos verdes... Totalmente delicioso. Eu mal podia acreditar no que meus olhos viam. Há muito tempo não via um homem tão maravilhoso quanto esse desconhecido. Com certeza ele deveria estar comprando um presente para a namorada... Obviamente esse homem não estaria disponível no mercado. O vi saindo da loja e por impulso me escondi. Ele não podia me ver, mas lembrei da cena na loja e não pude evitar a vergonha... Ele seguiu seu caminho e eu tive que dar adeus ao loiro misterioso e maravilhoso que me fez acreditar em amor à primeira vista.

Espantei os pensamentos rapidamente, afinal, nunca o veria de novo. Segui meu caminho ao café mais próximo, fiz o meu pedido e peguei o livro que seria o meu companheiro de viagem. Ainda procurei o "Loiro Misterioso" até onde meus olhos alcançavam. Nada... Ele sumiu. É como diz o ditado: Tudo que é bom, dura pouco. Me conformei com a ideia de que jamais o veria de novo. Esse pensamento foi desconfortável, pois eu conseguiria passar dias só admirando a beleza desse homem. Chega! Chega de pensar numa pessoa que vi por dois minutos e ainda passei uma das maiores vergonhas da vida. De qualquer forma, ele deveria estar comprando algo para uma namorada igualmente deslumbrante...

Terminei o meu café no mesmo momento em que o meu voo começou a ser chamado. Se isso não é sorte, o que mais seria? Peguei rápido as minhas coisas e parti em direção ao portão de embarque, mal podia esperar para chegar em casa e ver meus pais.

Poucas horas depois o comandante avisou pelo auto-falante que iríamos pousar. Respirei fundo, lembrando que em alguns minutos estaria com os meus pais. Papai fez questão de dizer que viria me buscar, acho que ele adoraria passar alguns minutinhos sozinho com a "filhinha" dele. Pais sempre dizem: "não importa quantos anos tenha, você sempre será o meu bebê", e eu acreditava realmente que isso era verdade, principalmente com papai. George Thomas era o homem mais amoroso que se podia imaginar, isso me comovia. Papai nunca se importou sobre quem ele estava se relacionando, ele era amoroso com todos e os fazia se sentirem como se fossem as pessoas mais importante do mundo! Não era à toa que ele era querido no bairro inteiro. Como era comerciante, ser amoroso com cada cliente e funcionário era o diferencial de sua loja de barcos, que nunca passou por uma crise financeira. Papai cativava cada cliente que entrava em sua loja e com isso, sempre finalizava suas vendas. Pensar sobre papai me deixou ainda mais ansiosa... Mal podia esperar para ver aqueles grandes e amorosos olhos verdes!

Holding Onto HeavenOnde histórias criam vida. Descubra agora