O Fim

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Hoje começa meu primeiro dia de aula no último ano do ensino médio, meu futuro é meio improvável, posso morrer agora, amanhã, semana que vem ou daqui alguns anos, mas minha maior certeza é o desejo de fazer fotografia, mesmo sabendo que vai ser em vão eu quero isso pra mim, quero deixar meu diploma na sala de casa e mostrar a meu pai (único motivo pelo qual eu contínuo lutando) que eu fui capaz.
Quando acordei fui direto para o banheiro, tomei um banho e desci as escadas calmamente e fui direto para a cozinha. Lá estavam meu pai, com aqueles belos cabelos grisalhos, pele clara e seus belos olhos castanhos fixados no jornal do dia, acompanhado de uma xícara de café. E Margareth a governanta aqui de casa, achonque ela tem entre 50 e 60 anos, ela tem uma feição muito sisuda, brava, mas ela é um amor de pessoa, sempre me ajudando, ela é tipo uma avó que eu nunca tive. Os dois conversavam sobre o lançamento de um novo livro na livraria do meu pai, eu sentei-me à mesa e não disse nenhuma palavra.

-Bom dia querido- disse Margareth com uma voz doce e rouca.

-Bom dia -respondi olhando fixamente em seus olhos.
Levantei-me da mesa em direção a porta dos fundos, até que meu velho me chamou.

-Tom -Com uma voz cansada e sexy ao mesmo tempo.

-Sim? -Respondi rapidamente.

-Ontem foi seu aniversário, eu sei que você não gosta de comemorar, e não vamos, mas eu tenho uma coisa pra você. -Disse ele olhando para Margareth.

-Não precisava. -Falo como num sopro.

-Eu sei mas você vai gostar, tó.

Ele me entrega uma caixa recém chegada da entrega. Ele nunca faz embalagem em meus presentes de aniversário, imagina que isso pode quebrar o conceito de presente, já que eu não gosto de receber. Quando abro dentro a caixa havia dentro dela um telescópio, ele sabe o quão eu amo astronomia. Não deu pra disfarçar minha alegria, eu olho nos olhos de Margareth e logo depois olho para meu pai, ele abre seus braços e eu me encaixo neles, ele estava quente, e aquele abraço me trazia aconchego. Corro no meu quarto e pego minha câmera, devolta a cozinha eu à coloco na mesa e puxo meu pai e Margareth para a frente dela, abraço os doía e bate a primeira foto do dia.

-Amo vocês... -nisso eu fecho a porta e saio para a garagem, lá eu vejo minha bicicleta velhinha, vermelha e cheia de pó. Tiro então a segunda foto do dia. Sigo à pé até a casa da Julie, para irmos a escola juntos, assim que ela abre a porta seus longos cabelos amarelos voam para seu rosto e cobrem seus belos olhos azuis, ai vem a sétima foto do dia (durante o percurso até a casa dela eu encontrei um esquilo, uma alvorada de pássaros, algumas Maples envelhecidas e um casal de idosos). Mas nada se comparava aqueles belos olhos azuis...

-Não dá mais! Desculpa não posso! -Disse Julie com uma voz de culpa.

-Oque houve? Não compreendo. -pergunto, mesmo sabendo a resposta pergunto.

- Não dá, você sabe, eu não posso. -Fala em tom de desprezo.

-Não! Eu não sei!

-Claro que sabe, não se faça de idiota, você vai morrer, e eu não quero isso pra mim! -ela grita com raiva, mas havia uma lágrima em seu olhar.

-Como você descobriu?

-Não importa.

-Claro que importa.

-Não, não importa. -ela fecha a porta da casa e saí rapidamente em direção ao ponto de ônibus.

-Volta aqui, você não tem o direito, foram 2 anos, você me ama... -falo indo atrás dela.

-Amava, me deixa em paz!

-Está tudo bem, não te procurarei, mas por favor não fale a ninguém.

-Tarde de mais.

-Como assim tarde de mais? Quem mais sabe? Você não tem o direito de falar da minha vida! Julie volte aqui!

Ela entrou no ônibus rapidamente e ele sumiu em meio ao nevoeiro.

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