A Câmera

Wizard Books

Começa hoje meu "castigo", são 06:54 da manhã, ao me levantar vou rápido ao banheiro, tomo uma ducha e desço para tomar café.

-Você não comeu nada ontem -disse Margareth enquanto servia o café de meu pai- sente-se e coma alguma coisa.

-Bom dia pra você também Margareth. Quer um beijo? Beijo! Abraço! -digo todo eufórico.

-Oque houve? Você está com cara de... De...

-Retardado -disse meu pai ao engolar o café.

-Ah pai, tô feliz!

-Por que se você está de castigo? -falou meu pai todo duvidoso.

-Porque seu "castigo" -ela fez sinal de aspas com os dedos- não é bem um castigo Sr. Clarke.

-Exato -ratifico.

-Está okay, vamos, apresse-se  não quero abrir tarde. -fala rindo.

Após tomar um copo de suco e comer alguns pães, pego minha parceira de sempre e sigo para o carro.
Faz alguns meses que eu havia ido à livraria, ela agora estava reformada, suas portas agora eram de vidro, suas paredes azul escuro, e havia um livro de mais ou menos 1,50 na frente, e pelo o que observei, alguns recletores aos pés do livro, imagino que à noite ele fica iluminado. Por dentro as prateleiras eram de vidro (nas paredes) as fixas ao chão eram de madeira de carvalho branco, estava tudo lindo. Havia uma ala só para best sellers, e outra para livros e seus respectivos filmes adaptados. Havia também livros digitais, eram tablets fixos em mesas para leitura na própria livraria. Estava tudo bem, bem diferente.
Logo que abrimos a livraria aparece um cliente, um garoto de aproximadamente 13 anos, ele procurava algo na prateleira de gibis.

-Moço? -ele dirige a palvra a mim.

-Sim? -respondo tentando não ser chato.

-Aqui tem "O dinossauro vermelho"? -pergunta ainda procurando.

Puts, dinossauro vermelho?  Meu Deus como alguém escreve algo com esse nome? Como alguém lê, algo com esse nome?

-Pai?  Aquele garoto quer ler "O dinossauro vermelho".

-Esgotou ontem. Todos os 600 exemplares.

Como assim 600 exemplares?  Como alguém lê isso? 

-Com licença, esgotaram. -Falo tentando me manter sério.

-Ai droga! Obrigado. Tchau.

Tadinho, todo decepcionado.

-Calma -Berro -posso te dar uma sugestão?

-Sim. -responde entusiasmado.

Vou então em uma sessão de lançamentos e pego "A garota maravilha".

-Aqui, ele é ótimo, já li ele duas vezes. Se você gostar vem aqui e me fala, se não gostar pode vir aqui que vou te reembolsar. -Porque eu disse aquilo? Eu nunca li ele. Ele poderia odiar, aquele livro é 10 dólares.

-Okay então, obrigado pela ajuda.

Ele sai todo empolgado com o novo livro.

-Duas vezes é? -diz meu pai me olhando sério.

-Hahahaha, ele vai gostar. Tenho certeza que "O dinossauro vermelho" é pior.

-Quem sabe.

Durante a manhã apareceram sete clientes, todos tinham que falar, "Ah esse é o pequeno Tom", "Ah, olha como ele cresceu!", "Ele já é um rapaz, quase um homem", "Lembra de mim? ", um saco.
Minha câmera estava quase descarregando e o carregador tinha ficado em casa, tirei várias fotos da livraria, dos livros, dos clientes quando ainda estavam fora da livraria, quando saiam e do bosque que ficava logo atrás da livraria, era lindo, cheio de árvores frutíferas, borboletas e flores, tudo muito romântico.

-Meio dia pai. -alerto entusiasmado.

-Verdade, vou fechar o caixa e já vamos.

Pego meu casaco hiper pesado, minha câmera e um exemplar de "A garota maravilha".

Durante o caminho nos deparamos com uma árvore caída no meio do caminho, chamamos então Billy Hanter, um fazendeiro que morava a 5 minutos dalí. Enquanto isso vejo alguns cisnes voando, estavam indo para o norte, provavelmente fugindo do frio. Momento perfeito para fotografar, mas minha câmera estava descarregada. Droga, perdi um momento desses, Margareth ia adorar uma fotografia daquela em seu quarto, ela ama aves, cisnes então.
Billy chega e com a ajuda de um trator retira a árvore do meio da estrada.

-Obrigado Billy, apareça lá em casa. -agradece meu pai.

-Nada, aparecerei, mas vou indo, há outra árvore na estrada 75. Até logo.

-Até logo. -falamos eu meu pai ao mesmo tempo.