Luto

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Faz 2 meses desde a morte da Margareth, tem sido bem difícil, desde sua morte eu não consigo pensar em nada, vou poucas vezes a escola, não pego mais em minha câmera, não consigo pensar em nada que seja o quão vai ser difícil para meu pai após minha morte, ele tenta disfarçar sua dor em minha frente, mas eu consigo perceber o quão ele está mal. Ele abre a livraria apenas 3 vezes na semana, sendo que ele à abria 5 vezes. Ele sempre está sentado à frente da lareira, mesmo em dias quentes, não faz mais a barba, ele está parecendo um velho barrigudo abandonado pelos filhos.

-Pai?

-Tom!  Meu garoto - ele falava com uma expressão alegre, mas,  sua voz entregava seu real sentimento - precisa de algo? Está bem?

-Preciso! Que o senhor saia dessa poltrona, e vá fazer essa barba. E por favor vá para a livraria, não podemos nos dar ao luxo de parar de trabalhar.

-Como? -ele me olha espantado.

-Você entendeu.

-Não, não irei. Estou de luto. Meu momento de luto, Tom.

-Sim, eu compreendo, mas o senhor vai entrar em depressão, e eu não quero um pai que  tenha o hábito de tentar suicídio. Eu te amo pai... Eu não quero que você fique mais mal que já está.

-Também te amo filho. -Seus olhos estavam afogados em lágrimas, ele vem em minha direção e me abraça, um abraço de urso, literalmente.
No dia seguinte ele abriu a livraria.

***
Na escola eu caminhava pelo jardim interno enquanto aguardava a próxima aula, até que vejo Natalie, ela estava acompanhada, por um cara, em seu casaco do time de futebol havia seu nome, Patrick. Quem era ele?  E porque ele começou a beijá-la?
Eu imaginava que ela gostava de mim, eu estava errado? Completamente.
Minha vida baseia-se em dor e sofrimento, a certeza de uma morte precoce, depressão do meu pai após minha morte, culpa pela minha morte, e agora isso? Sério, não sei o meu proposito na terra...

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