Quando chegamos na escola o sinal tinha acabado de bater e todos estavam andando para as suas respectivas salas. Eu e o Enzo ficamos na mesma turma e na mesma sala, obra das nossas mães, não duvido nada.
Na sala, todos já tinham arrumado seus lugares, e conversavam agitados.
O professor veio na nossa direção. Não consegui deixar de notar que parecia muito com um rato gordo. Escrevi uma nota mental pra não falar isso pra ele.
— Vocês devem ser o Sr. Carter e a Srta. Adams!? – ele quis saber.
Juro que a voz dele parecia muito o guincho de um rato.
— Nós mesmos, professor! – Enzo respondeu e esticou a mão para o professor.
Ele olhou para a mão esticada do meu amigo por alguns grandes segundos antes de esticar a própria e apertar.
— Eu sou o Prof. Hendrik. Agora queiram se sentar pra eu poder começar a minha aula.
Sentamos nas duas últimas cadeiras vazias, uma do lado da outra, no fim da sala.
— Ele é um pouco estranho, não acha? – Enzo sussurrou no meu ouvido, me pegando de surpresa quando eu tirava meus materiais da mochila.
— Parece a forma humana de um rato. Uma transformação mal feita. – eu respondi.
— Ele devia querer cheirar a minha mão naquela hora! – ele disse e nós rimos juntos.
— Acho que os animais fazem isso pra reconhecer uns aos outros...
— Há! Há! Há! Muito engraçada! – ele disse sarcasticamente.
Eu ri.
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O dia passou sem nada interessante acontecer, até chegar a hora do almoço.
Estávamos sentados lado a lado em uma mesa no canto da cantina enquanto ele me mostrava o trailer de um filme de terror que vai estrear no cinema.
— Isso é horrível! Eu tenho pavor de filmes de terror, imagina ainda vê-los no cinema, é tortura! – eu disse.
— Ah, que isso, cara! Eu vou com você, te protejo se sentir medo. – ele disse sorrindo.
— Claro! Você vai me proteger. Acho mais fácil você me largar lá sozinha... – respondi.
— Sério que você pensa isso de mim? – ele perguntou sarcasticamente.
— Claro que sim. – eu respondi e rimos juntos.
— Vocês são tão fofos! Namoram há quanto tempo? – perguntou uma menina loira de cabelo cacheado que eu não faço a menor ideia de como apareceu do nada na nossa frente.
— Que? – Enzo perguntou – Quem namora?
— Desculpa aparecer assim do nada, mas a maioria dos alunos dessa escola já se conhece e vocês são novos. É difícil não reparar em vocês juntos. São tão fofos. Namoram há quanto tempo? – ela repetiu a pergunta.
— Não, nós não namoramos – eu respondi.
— Sério? – ela pareceu gostar da resposta, olhou para o Enzo como se fosse comê-lo com os olhos. Não sabia o motivo, mas aquilo me irritou profundamente. – Mas ficam ou se gostam? Ou não rola nada mesmo?
— Somos só amigos! – Enzo respondeu corando.
— Ah, olha ele corado! Que lindo! – Ela disse se referindo ao Enzo que riu ao ouvir essas palavras.