No final do dia eu tinha uma pilha de trabalhos pra fazer e nenhuma vontade de fazê-los, já o Enzo parecia superdisposto.
— Só acho que a gente podia fazer logo tudo hoje. Amanhã os professores vão passar mais e assim por diante. Para de ser preguiçosa, Mari! – Ele começou a puxar minha mão, eu estava deitada, largada na cama.
— Não, Enzo! To cansada, suada, e tá um calor tão grande que me impede de fazer qualquer coisa.
— Então vai tomar um banho pra gente fazer logo esses trabalhos! – ele ordenou sem um pingo de brincadeira. – Vai logo, Mari! – acrescentou rindo.
— Meu Deus! Você é muito chato, cara! Senhorrrr. – disse levantando e indo tomar banho. – Você vai ficar aqui me esperando? – perguntei vendo que ele acabou de se jogar na minha cama.
— Claro que eu vou! Tenho certeza que assim que eu sair desse quarto você vai se jogar na cama de novo.
— Idiota! – disse rindo.
— O idiota que você ama. Agora vai logo e para de enrolar.
Fui para o banheiro e entrei no banho.
Depois de uns 15 minutos, enquanto eu tava me enxugando eu escutei uma batida na porta do quarto, do lado de fora. Estava trancada.
Botei a cabeça pra fora do banheiro e vi o Enzo largado na cama sem saber o que fazer. Meus pais o adoram, é claro. Mas odeiam a ideia de eu ficar trancada no quarto com qualquer garoto, não importa quem seja, e ele sabe disso.
Fiz sinal pra ele ficar em silêncio e perguntei: — Quem é?
— Sou eu, Mari! Só quero emprestado aquele livro que eu te dei semana passada pra mostrar pra um amigo do trabalho que ficou interessado nele. – meu pai respondeu.
— Pai, to de toalha no banheiro, não dá pra pegar agora.
— Então abre a porta e vai para o banheiro que eu mesmo pego, porque ele está lá embaixo e já vai embora.
Olhei para o Enzo sem saber o que fazer, ele parecia apavorado. Meu pai é bem alto e forte, e muito ciumento. Por mais que ame o Enzo tem dois olhos bem abertos com ele. Ele sempre diz: "Não confio muito nesse garoto que segue minha filhinha pra todo canto!".
Fiz sinal pra ele abrir a porta e entrar no banheiro comigo. Quando ele entrou gritei para o meu pai que ele já podia entrar.
Eu ainda estava de toalha e meu banheiro é minúsculo então estávamos sentados dentro da banheira onde tinha mais espaço.
— Mari, você tem que arrumar esse quarto. Tá uma zona, filha! Aonde tá esse livro? – meu pai perguntou de dentro do quarto.
Eu não consegui me concentrar muito no meu pai do lado de fora, por que nesse momento o Enzo não parava de olhar para o meu corpo enrolado na toalha.
— Sei lá, pai. Deve estar na estante! – eu disse alto o suficiente pra ele escutar.
O Enzo começou a se aproximar e segurar na minha cintura, me colocando em pé e me puxando pra ele.
— O que você tá fazendo? – falei um pouco alto demais.
— To procurando o livro, Mariana! Mas tá difícil. – meu pai respondeu minha pergunta.