6. Instinto de sobrevivência.

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"I miss you tonight. I made up my mind. I shouldn't have acted that way."
Richard Marxism — Mest


MABLE

Dei alguns passos para trás lentamente e continuei com a arma apontada para aquele dobermann infectado que me observava. Eu sabia que eu não podia fazer movimentos bruscos. Senti Richard atrás de mim e parei, com minhas costas coladas nas dele.

— Só sobraram dois — murmurei.

— O que faremos agora? — Richard usou o mesmo tom de voz baixo e o mais calmo o possível que eu usara.

— Não temos muita munição — observei. — Precisamos fugir.

— E como vamos fazer isso? — ele perguntou.

— Instinto de sobrevivência — falei. — Não esqueça que você tem algumas habilidades do Chris. Vamos saber o que fazer, somos estratégicos.

— Certo — concordou. — Esperamos eles pularem para nos atacar e então, nos abaixamos, rolamos para longe e corremos para a entrada principal do prédio.

— Confirmado. Se meu senso de localização ainda está impecável, devemos ir para a minha direita — instruí. — São trinta metros até a esquina, então, viramos à direita e corremos...

— Cerca de cinquenta metros até a porta — ele completou.

Os cachorros infectados estavam cada vez mais próximos. Observei o dobermann na minha frente se preparar para atacar. Para a nossa sorte, tínhamos dado um jeito de prender dois deles em uma sala com alguns zumbis. Assim, só tinha sobrado dois — um em minha frente e um na frente de Richard. Eles não tinham como nos cercar, pelo menos não de um modo que fosse impossível para a gente sair. Seguindo a estratégia que meu noivo e eu montamos, eles iriam chocar-se um contra o outro. Isso os atrasaria alguns míseros segundos, mas isso já era mais do que útil para nós.

E foi exatamente assim que aconteceu. Eles pularam, partindo para o ataque. Richard e eu seguimos o plano, rolando juntos para a minha direita. Pude ouvir o barulho e o gemidos de quando um cachorro se chocou com o outro no ar. Corremos. Corremos aqueles trinta metros. Dobrei a esquina e parei repentinamente.

— Richard — o chamei, nervosa.

— Não pare!

Nemesis estava lá, cerca de meia milha de distância de nós.

— Não podemos correr na direção do Nemesis! — insisti.

— Ele vai pegar nossos amigos de surpresa se dermos meia volta. Vai!

Richard gritou. Eu corri novamente, sendo seguida por ele.

Entramos pela entrada principal, assustando Peter, Michael e Brittany. Peter estava tão alerta que apontou a arma para mim no mesmo momento.

— Onde subimos estava limpo, sem ninguém. Encontramos munições e mais algumas coisas — Kennedy apareceu, nos mostrando a mochila que carregava em suas costas.

— O que está acontecendo? — Helena perguntou, observando enquanto Richard colocava coisas para manter a porta trancada.

— Precisamos fugir. Nemesis está vindo — alertei, ofegando. — E dois cachorros infectados, também.

— Acabei aqui — Brittany disse, apontando para as pastas verdes que haviam feito enquanto estivemos fora.

— Eu levo — Michael se ofereceu.

— Só não podemos usar agora — Peter disse. — Precisamos encontrar Chelsea e Ray e dar um jeito de sair daqui.

— Encontramos pouca munição — Richard disse enquanto caminhávamos pelo corredor. — E um mapa velho da cidade.

— É isso! — Helena se animou. — Achamos um mapa estranho. Eu vi algo lá. Acho que pode nos ajudar.

— É bom que nos ajude mesmo — Ray disse, caminhando vagarosamente ao lado de Chelsea.

— Onde estávamos está infestado de zumbis — Chelsea contou. — Tinha uma doutora da Umbrella lá e...

— Ela morreu — Ray completou antes que Chelsea terminasse.

Chelsea o encarou de um modo estranho, mas não falou mais nada. Tinha algo errado entre aqueles dois, mas achei melhor não mencionar.

— Aqui — Helena mostrou o outro mapa. — Tem um túnel subterrâneo que nos leva desse prédio para o o outro.

— Vamos logo antes que o Nemesis nos descubra aqui — Richard disse.

E nós fomos. Achamos a entrada secreta que descia para o subsolo onde o túnel deveria estar. Demos de cara com uma porta trancada — uma que não podíamos arrombar.

— Ótimo! — revirei os olhos. — Precisamos de um keycard. E provavelmente é um da Umbrella, quer apostar?

— Eu tenho um — Chelsea disse, tirando um cartão branco do bolso e passando no leitor.

— Onde achou?

— Tammy White, doutora em bioquímica — ela disse assim que fechamos a porta atrás de nós.

— Os zumbis devoraram ela — Ray complementou.

— E ela não foi a única — Chelsea contou. — Esse babaca foi mordido por um zumbi.

Meu queixo caiu. Então, era isso. Eles tinham brigado. Ray estava com o vírus no corpo. Isso era ruim. Muito ruim.

— Precisamos encontrar o anti-vírus — ouvi Helena dizer.

Richard pegou no meu pulso e me fez ficar para trás. Andei mais devagar, o acompanhando. Entrelacei nossas mãos.

— Como a nossa vida é louca — Richard disse, segurando firme em minha mão.

— Estávamos indo para uma festa e decidindo deixar os problemas para depois — lamentei. — E agora, talvez não teremos um depois para resolver isso.

— Nemesis, o ataque dos cachorros e, agora, Ray sendo mordido e toda essa loucura que está acontecendo só me fez pensar nisso — ele disse, me fazendo parar de caminhar. — Eu só consigo pensar em como eu podia ter perdido você em qualquer um desses momentos.

— Mas eu estou aqui — falei.

— E eu também — concordou. — Mas por quanto tempo?

— Não ouse falar algo desse tipo — pedi.

— Eu só quero me desculpar. Eu sei que te desapontei — olhou no fundo de meus olhos. — Eu ferrei com tudo. Nunca mais vou fazer isso.

— Eu sei que você não vai — sorri.

— Então, você me perdoa? — ele parecia surpreso por ter sido tão fácil.

— Sim, eu só estava te dando uma dura — admiti.

— Eu estava morrendo de medo que você fosse acabar com o nosso noivado amanhã — admitiu, antes de me beijar.

— Se sairmos vivos disso — falei. — Vamos adiantar esse casamento o máximo que pudermos, por favor.

A Maldição de Craven ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora