5. Mordida.

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"Hey, what the hell do you want me to do? Hey, does it look like I'm static to you?
Well, you might look twice 'cause I'm moving."
Ray — Millencolin


CHELSEA

Saímos pelo prédio para checar o perímetro. Helena e Kennedy se separaram de nós quando encontramos uma escada que dava para o segundo andar. Mable, Richard, Ray e eu continuamos pelo corredor escuro.

— Cara, como seria ótimo estar naquela festa de Halloween — comentei.

Era exatamente aquilo que eu estava sentindo. Adam, Cody, Michael e eu passamos o mês inteiro preparando as coisas para aquela festa. Era a festa do ano. Sempre era a melhor. E dessa vez, éramos nós que estávamos organizando. E agora, Cody estava desaparecido, andando por aí agindo como o Creeper e se alimentando. Eu não gostava nem de pensar nisso. Cody era uma boa pessoa, não deveria passar por isso. E Adam... Cara, aquilo não podia ter acontecido. Adam estava morto. Tinha se ido pelas mãos do Nemesis. E eu que sempre fiz piadinha dizendo que, se um dia encontrasse o Nemesis, ia querer tirar uma foto. No momento, tudo o que eu desejava para aquela criatura era a morte.

— Nem me fala! — Mable disse. — Eu queria estar bêbada dançando com Helena, Brittany e você.

— Hey, mas e a gente? — Ray reclamou.

— Iam ficar nos assistindo, oras — Mable respondeu.

— Ou podíamos dançar junto — Richard sugeriu.

— Vocês não conseguiriam nos acompanhar — disse, rindo.

Como era bom rir e descontrair em tempos como aquele. Pena que durava míseros segundos.

— Nossa, esse lugar é maior do que eu pensei — Ray comentou.

— Por que parece que estamos indo diretamente para um lugar que vai dar em um laboratório secreto da Umbrella? — perguntei, bufando.

— Por que estamos em Raccoon City — Mable suspirou.

Paramos em frente a uma bifurcação e acabamos optando por nos dividir. Mable e Richard foram para a direita e Ray e eu pegamos o caminho da esquerda. Combinamos de voltar e nos encontrarmos no hall de entrada. Esse também havia sido o combinado com Kennedy e Helena. Brittany, Michael e Peter tinham ficado lá, então, era o lugar mais prático para ser o ponto de encontro.

— Você ouviu isso? — perguntei ao ouvir o barulho de algo caindo, que se seguiu com uma espécie de gemido de dor. Ray concordou. — Vamos lá ajudar.

— Ajudar? — Ray me olhou, incrédulo. — Não é uma pessoa, Chelsea. É um zumbi! Ou vários!

— Você acha que eu não sei a diferença? — rebati, chateada.

— Sinceramente? — ele perguntou. — No momento, eu acho que você não sabe, já que quer ir lá.

— Você que não sabe a diferença — reclamei. — Alguém pode morrer por causa do seu egoísmo.

— Ah, agora eu sou egoísta? — ele levantou o tom. — Estou tentando não ser burro.

— E eu sou a burra? — gritei de volta, usando meu braço para empurrá-lo.

— Está querendo fazer exatamente como nos filmes! — grunhiu. — Quer ir para o lado em que a gente acaba morrendo.

— Estou tentando salvar uma vida! — revirei os olhos. — Pelo menos não fico parada, sem fazer nada, sem ajudar ninguém.

— Eu pareço parado para você, Chelsea? — questionou. — O que diabos você quer que eu faça?

— Quero que pare de ser um babaca! — explodi.

— Então, agora não sou bom o suficiente para você — ele disse.

— Quer saber? — estreitei os olhos. — Acabou, Ray!

— Então, okay. Acabou.

— E eu estou indo — anunciei.

Virei as costas e fui na direção que eu havia indicado, bater o pé. Eu estava com raiva, extremamente irritada com aquilo. Por que ele tinha que agir daquele jeito?

— Chelsea, não vai aí — ele chamou. — Puta merda! Volta aqui.

Ouvi ele correr na mesma direção que eu assim que eu entrei na sala. Parecia que o barulho tinha vindo dali. Andei até atrás de uma mesa, onde tinha alguém no chão. Eu não era burra. Sabia que podia ser um zumbi estirado ali. Por isso, eu tinha cuidado. Era uma mulher. Ouvi outro gemido de dor. Ela estava viva. E ela não era um zumbi.

— Não — ela pediu. Eu podia ver o pavor transparecido em seus olhos.

— Hey, calma — pedi. — Nós não somos zumbis.

— Somos humanos — Ray disse. — E você estava certa. Tinha alguém aqui.

— Está machucada? Foi mordida? — a interroguei, abaixando-me ao lado dela.

— Machuquei a perna fugindo daquelas coisas, mas não conseguiram me morder — ela disse.

— Qual o seu nome? — perguntei mexendo na mesa para ver se encontrava algo útil.

— Dra. White — respondeu.

— Doutora? — Ray questionou enquanto eu observava um cartão que encontrei.

— Tammy White. Doutorado em bioquímica — ela olhou bem para Ray. — Como você se chama?

— Carlos Olivera — respondi antes que ele pudesse. Percebi que ela havia observado a roupa dele.

— Você é U.B.C.S., é da Umbrella — ela observou, apressada. — Eles te mandaram para me buscar?

— Não, mas vamos te ajudar — ele disse.

— Dra. White, sinto lhe informar, mas a Umbrella não está nem aí para nenhum de seus empregados, a não ser que tenham algo do interesse deles — falei ao guardar o cartão que encontrei no meu bolso. — Eeles abandonaram os caras da U.B.C.S. que estavam com ele para a morte.

— Cuidado! — a doutora gritou, olhando na direção de Ray.

Virei-me e vi um zumbi chegando perto dele. Quando Ray se virou, o zumbi já estava com as mãos em cima dele. Automaticamente, ele colocou os braços na frente, entre seu rosto e o zumbi. Fiquei assistindo, em pânico. Não demorou muito para que Ray conseguisse o afastar o suficiente para que conseguisse se mover. Ergueu a perna e chutou a criatura para mais longe. Apenas então, mirou e deu um tiro no meio da testa do zumbi, que caiu no chão. Quando virei para ajudar a doutora a levantar para sairmos dali, ela gritou. Dois zumbis já estavam a mordendo.

— É caso perdido — Ray disse. Ele estava com o antebraço sangrando.

— Ele te mordeu? — perguntei, aterrorizada.

— Vamos dar o fora daqui!

A Maldição de Craven ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora