"I'm tired of lying about not thinking of you."
My Friend Peter — Alkaline Trio
✘ BRITTANY ✘
O corpo de Ray estava lá, estirado no chão e com um buraco na cabeça enquanto pegávamos as armas e munições dele. Isso nos fazia parecer cruéis e sem coração, mas precisávaos daquilo para sobreviver.
Chelsea tentava se conter, mas aquilo estava sendo difícil para todos. Aliás, essa noite estava sendo a mais terrível para todos nós. Cody estava desaparecido e agindo como um supervilão psicopata de um filme. Adam morrera para me salvar do Nemesis. Ray fora morto pela mão da mulher da vida dele, a qual ele planejava pedir em casamento essa noite.
Eu sentia todas aquelas dores. Era terrivelmente excruciante. Somos todos uma família. Nós não abandonamos um ao outro. As noites de Halloween costumavam ser especial para cada um de nós. E agora tudo de ruim que era possível de acontecer estava acontecendo. Na verdade, até mesmo o que não era possível, afinal, estávamos em uma cidade fictícia criada para um jogo de videogame.
Ah, como eu queria acordar e ver que tudo isso tinha sido um pesadelo idiota da minha cabeça.
Mas não era.
Peter tentava ao máximo não agir como um babaca perto de mim desde que Adam havia sido morto. Aquilo estava me deixando desconfortável. Na verdade, estava me incomodando muito mais do que deveria.
Eu gostava daquele cara. Quer dizer, Peter era um idiota e eu o ignorava justamente por causa do jeito que ele agia comigo. Mas agora, tudo o que eu mais queria no mundo era que ele fizesse uma piadinha babaca para eu fingir que detestava aquilo e rir. Eu queria aquilo para ver se eu conseguia descontrair. Peter estava tentando ser um cara legal e adorável exatamente no momento em que eu não queria isso. Mas eu entendia. Era difícil ter humor no meio de todo aquele terror.
— Cachorros — Kennedy gritou. — Cachorros maus.
— Precisamos seguir em frente — Chelsea pareceu decidida.
Era isso. Não tínhamos muito tempo para descontrair ou ficarmos de luto. Só poderíamos fazer isso se nos mantivéssemos vivos e, para fazer isso, precisávamos andar.
Quando abrimos a porta para seguir em frente, fomos surpreendidos por alguns lickers. Como se a noite não pudesse piorar... Não podíamos voltar porque tinha alguns cachorros infectados vindo até nós. Fechei a porta atrás de mim assim que entrei no recinto. Eu era a última.
Demos alguns tiros, mas aqueles eram monstros que demorava um pouco para matar.
— Temos que atravessar — Helena gritou.
Corremos. Sim, nós corremos. Era a melhor coisa a se fazer. Apenas atirávamos quando algum licker chegava muito perto da gente, pois isso os atrasava. Bem, pelo menos, era isso que eu estava fazendo. Não tinha tempo para ver como meus amigos estavam fazendo para sobreviver àquilo.
Senti uma daquelas línguas compridas bater em mim. Gritei. Na verdade, aquilo foi um grunhido misturado com um grito, mas isso não importava. Aquilo ardia demais. Era como se estivesse queimando. Aquela saliva era ácida? Porque parecia.
Foi então que levei uma ombrada que me fez perder o equilíbrio e ir de encontro a parede. Fiquei imóvel, assistindo Peter. Ele parou onde eu estava antes de ele me empurrar e atirou, atirou e atirou. Assim que aquele licker pareceu ter morrido, ele correu até mim.
— Venham! Rápido!
Chelsea e Helena gritavam paradas na porta. Peter pegou no meu braço e me levou junto com ele até lá. Assim que atravessamos a porta, Richard e Kennedy a fecharam, trancando-a logo em seguida.
— Lickers estúpidos! — Mable resmungou. — Sempre os odiei.
— É impossível suportar esses monstros — Helena juntou-se a ela nas reclamações.
— Você está bem? — Peter perguntou, segurando os ombros dela. — Está machucada?
— Não. Não faça isso — pedi enquanto ele me olhava atentamente. — Não quero que você me salve.
— Foi instinto — falou. — Não podia deixar que ele te pegasse.
— Eu não ligo. Eu não quero ver você tentando me salvar outra vez, entendeu? — o soquei de leve. — Adam fez isso e não está mais aqui. Eu não quero perder outra pessoa com quem me importo.
Peter me beijou no mesmo segundo em que parei de falar. Correspondi o beijo. Eu queria aquilo. E a adrenalina do momento deixou isso transparecer.
— Estava cansado de fingir — ele deu de ombros, rindo. — Tenho pensando em você o tempo todo.
— É, eu também tenho pensado em você — sorri, meio sem jeito.
— Uau! Pensei que não fosse acontecer nunca — Richard tirou sarro.
— Ah, cara, eu sempre shippei esses dois! — Chelsea comemorou. Era bom ver um sorriso no rosto dela, mesmo que não fosse uma situação muito adequada.
— Rebecca e Billy Coen era tudo o que eu queria — Mable comemorou.
— É como ver uma fanfic se tornar realidade — Helena bateu um hi-five com Mable.
— Vocês podem, por favor, calar a boca? — Peter pediu, meio incomodado. Ri. Era engraçado vê-lo assim.
— Está brincando? — Kennedy disse. — Nunca!
— Todo mundo shippava vocês dois — Michael completou.
— Vocês são detestáveis — revirei os olhos.
— É por isso que você nos ama — Chelsea disse.
Nossa conversa boba foi interrompida por um chiado, seguido de uma voz desconhecida. A voz saía de um walkie talkie. E foi só então que percebemos que tinha um corpo naquela sala. Nos aproximamos para ver se o cara estava mesmo morto e para ouvirmos melhor o que a voz dizia. O cara morto fazia parte da Umbrella. Ele deveria ser alguém importante, ou não estaria recebendo aquele tipo de informação. Uma informação boa o suficiente para nos ajudar a sair dessa cidade.
Parece que teria um helicóptero um pouco antes do amanhecer.
— Anotem a localização!
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A Maldição de Craven ✔
Short StoryEm uma festa temática na noite de Halloween, um grupo de onze amigos é amaldiçoado por três viajantes misteriosos a quem deram carona mais cedo. Intrigas. Zumbis. Armas biológicas. Um supervilão faminto. Não será fácil de sobreviver. Conto escrito p...