10. Minha culpa.

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"I'm having visions of the way it will end. I can see it all now in my head."
Kennedy Curse — The Maine


HELENA

Estávamos bem próximos ao local de onde o helicópetero sairia. Tínhamos continuado a caminhada logo depois de Cody ter levado Michael para longe. Já sabíamos o que aconteceria com ele. Conhecíamos o vilão, conhecíamos o filme.

Chelsea estava devastada e, mesmo que tentássemos, não sabíamos como consolá-la. Ela havia se fechado totalmente. Não queria falar sobre aquilo e também não queria que falássemos. E depois de deixar isso bem claro, Chelsea não abriu mais a boca para dizer nem sequer uma palavra.

— Ouviu isso? — ela finalmente se pronunciou, parecendo preocupada.

— O que? Os zumbis gemendo? — Richard questionou. — É claro que ouvi.

— Não, seu idiota — Mable xingou meu irmão. Parece que ela tinha ouvido seja lá o que Chelsea ouvira. — Preste atenção.

Fiz o que ela disse. Ouvi alguns barulhos estranhos. Com certeza aquilo não eram sons vindos de zumbis. E cada vez os sons ficavam mais e mais altos.

— Estão nos cercando — alertei.

— O que está nos cercando? — Peter perguntou, atento aos barulhos.

— Parece que vamos ter que esperar para ver — Kennedy comentou de modo cauteloso.

— Estão vindo por cima — Brittany apontou.

Então, pude ver um hunter. E não era só um. Segundos depois, outros apareceram. Ah, mas que merda!

— Que sorte eu ter encontrado essa metralhadora com aquele cara da Umbrella — falei.

— E essa doze aqui!

Mable mostrou a espingarda calibre doze em suas mãos. Ele teve que atirar logo em seguida, quando um hunter pulou nela. O monstro caiu no chão, mas obviamente não estava morto. Hunters não morriam facilmente.

— Eu sei como isso vai acabar! — Kennedy resmungou. — Nós vamos todos morrer, exatamentamente como os irmãos Craven.

— Da para você calar essa boca? — gritei, disparando tiros da minha metralhadora contra o outro hunter.

— Apoiado! — Peter gritou.

Por sorte, ou talvez reflexos muito precisos, consegui desviar de um ataque de outro hunter. Bem, talvez não totalmente. Meu braço ardia e eu podia sentir o sangue quente escorrer ali. Estava doendo, sim, mas aquilo não iria me matar. Eu não podia simplesmente largar tudo. Precisava lutar contra eles. Matei mais um. E outro.

Vi um hunter correndo na direção de Kennedy.

— Kennedy, cuidado! — gritei.

Voltei-me para o outro lado, de onde via outro hunter. Apertei o gatilho. A maioria dos hunters que apareceram já estavam mortos. Alguns de nós estavam machucados, mas não tinha como saber se era grave ou não. Só poderia checar isso quando o terror acabasse. O hunter em minha frente foi de encontro ao chão, morto. Não ouvi mais nenhum tiro ser disparado. Era isso! O terror havia acabado.

Virei-me, já com um sorriso no rosto por termos sobrevivido àquilo. Mas o que aconteceu em seguida foi terrível. Eu assisti, imóvel, meu namorado ser perfurado por aquele último hunter. Aquele do qual eu havia o alertado.

— Não!

Gritei em desespero e disparei minha metralhadora. Eu segurei o gatilho até ouvir o clique que indicava que o pente havia acabado. Aquele monstro caiu no chão, morto. Mas Kennedy também caíra.

Corri e me ajoelhei no chão ao lado dele. As lágrimas não paravam mais de sair.

— Helena... — ele sorriu. — Parece que não sou tão bom nessa coisa quanto você.

— Isso tudo é minha culpa — admiti. — Eu vi o hunter vindo e pensei que você desse conta. Eu devia ter atirado nele, Kennedy. Eu deveria ter feito isso!

— Não seja boba. Isso não é sua culpa — esforçou-se a dizer. — A minha arma falhou quando fui atirar. Foi só isso. Helena, olha para mim — pediu e eu o olhei nos olhos. — Não foi sua culpa.

Ele tossiu, cuspindo um pouco de sangue. Eu não podia acreditar. Eu estava mesmo perdendo ele.

— Você não pode me deixar, Kennedy — choraminguei. — Eu te amo.

— Eu amo você, Helena.

Aquelas foram as últimas palavras dele.

Tudo bem. Podia até não ser minha culpa, mas a culpa tinha que ser de alguém. Umbrella Corporation havia criado aqueles monstros. Como eu queria que eles se ferrassem. Mas tudo o que podíamos fazer agora era sobreviver.

— Precisamos sair da cidade — levantei, determinada. Ignorei todos aqueles olhares. — Não, eu não quero falar sobre isso.

Em pouco mais de cinco minutos, chegamos ao local que havíamos anotado. E não é que tinha mesmo um helicóptero. Menos mal. Pelo menos sabíamos que essas horas de caminhadas e as mortes de Adam, Ray, Michael e Kennedy não tinham sido por nada.

— Não temos muito o que planejar, mas precisamos ir silenciosamente até lá e matá-los para pegar o helicóptero — Brittany falou.

— São só três — Chelsea disse. — Não vai ser tão difícil.

Ignorei cada uma daquelas palavras. Saquei as duas nove milímetros que eu carregava comigo e apontei. Caminhei diretamente na direção daqueles três caras.

— É. Tudo. Culpa. De. Vocês.

Cada palavra vinha com uma puxada nos gatilhos.

— Esse é um bom plano também — Mable disse, correndo atrás de mim.

— O barulho vai atrair zumbis e outras coisas — Peter comentou. — Precisamos sair daqui o mais rápido possível.

Entrei no helicóptero, dando de cara com uma mulher. Ela estava toda equipada e tinha o símbolo da Umbrella em seu peito. Chutei a arma para longe de suas mãos e dei uma facada no coração dela.

— Ela era o piloto — Brittany observou. — Quem vai pilotar o helicóptero agora?

— Eu posso fazer isso — Richard se prontificou.

— Era o que eu ia dizer — falei. — Afinal, você tem as habilidades do Chris.

A Maldição de Craven ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora