Capítulo 1

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Halloween
Jasper narrando.


Vai ser divertido, falaram-me, bem iludido fui eu ao pensar que seria mesmo. Agora, cá estou eu, olhando o garoto de quem gosto já faz meses dar em cima de uma vadia qualquer. Suspirei e pus-me a caminhar até ele.

- Nicholas, acho que já vou para casa. - Falei o olhando, peça-me para ficar suplicavam meus olhos, mas ele apenas acenou com a cabeça.

- Ok, nos vemos amanha. - Disse ele antes de se virar para ela e dar um sorriso, ótimo, continue sua conversa, pensei ao me virar e sair caminhando.

Caminhei pela rua e fiquei a observar as pessoas, as crianças. Era incrível a quantidade de Batman's e Palhaços que se encontravam nas ruas. Será que o Halloween só se aplica a essas duas fantasias? Eu por exemplo, estou vestido de policial. Ok, não é tão original assim, mas pelo menos metade da cidade não está igual a mim.

Duas crianças passaram correndo por mim, ambas me olharam por uns segundos antes de voltarem a correr. Será que elas acham que eu não posso mais me fantasiar, por acaso? Prendam-me então, pensei enquanto virava uma esquina. Já estou quase em casa, só mais um pouco...

- Ei Jasper! - Ouvi alguém gritar, virei-me e vi algo parecido com um sapato voando em minha direção. Consegui desviar por pouco e me pus a olha-lo.

- Nicholas? O que está fazendo aqui? - Pedi olhando para o garoto vestido de vampiro à minha frente. Ele sorriu e se aproximou de mim calmamente.

- Deixei Jéssica aos cuidados do Matt. Ele vai cuidar dela. - Disse ele, ri, aposto que vai.

- Quer ir tomar um drink lá em casa Nick? - Pedi-lhe então, ele me olhou e balançou a cabeça.

- Acho que não, já está tarde e não quero irritar meus pais nem nada assim. - Disse ele, crianção, pensei o olhando.

- Seus pais me dão tédio. Eles acham que você é uma criança. - Falei enquanto caminhava, ele me acompanhou calmamente, sua casa ficava a um quarteirão da minha.

- É que nem todo mundo já é maior de idade. - Disse ele, o encarrei.

- Eu só tenho 18 anos, não fale como se eu fosse um velho. - Falei, ele riu.

- Não exagera Jas. - Ouvi-o dizer, ri, fazer o que, sou dramático mesmo. Caminhamos em silêncio então, somente observando as crianças e adolescentes pela rua. É uma injustiça o Nicholas aos seus 16 anos ter que ir para casa, e essas crianças de no máximo nove anos, não. O acompanhei até a porta de sua casa e o esperei entrar, não me surpreendi ao ver seu pai parado perto da porta. Velho babaca pensei enquanto acenava uma última vez para Nicholas e ia embora.

Minha vez de ir para casa, caminhei calmamente pela rua até em casa e desviei de todos os possíveis caminhos perigosos. E quando eu digo perigosos, quero dizer as ruas aonde eu sabia que grupos de adolescentes se encontravam todas as noites para beber e se drogar. A última coisa que eu preciso é arranjar problemas com aspirantes a valentões. Eles que estraguem a vida longe de mim.

Vi minha casa ao longe, como sempre, não havia pessoas ou crianças por perto. Pelo menos posso comer os doces sozinho, pensei enquanto abria a portinha que dava para o jardim. Caminhei na direção da porta e comecei a procurar as chaves nos bolsos, só o que me faltava eu ter perdido essa porcaria de chave de novo. Da última vez não foi muito divertido chamar o chaveiro e vê-lo me olhar torto o tempo inteiro enquanto trocava a fechadura. Imagina se eu tivesse que chama-lo de novo, e hoje ainda por cima. Acho que ele não viria, e suspeito que desligasse na minha cara se eu ligasse. Mas não sou vidente para saber, então...

Achei as chaves por fim e abri a porta, liguei a luz da sala e vi o jardim se iluminar. Uma pena as aboboras só ligarem quando a luz da sala é ligada, isso faz com que o pessoal da vizinhança não possa admirar meu belo jardim completamente. Dei uma última olhada na lua e me virei para entrar em casa, acho que vou tomar uma taça de vinho, pensei calmamente. Comecei a fechar a porta, mas vi algo que me fez parar, havia alguém caído no meio do jardim. As aboboras ao seu redor estavam quebradas e a escuridão da noite encobria quem quer que fosse. Como eu não reparei nisso antes, pensei enquanto saia de casa e ia até lá.

É uma garota, percebi ao me aproximar, uma garota vestida de anjo. Pelo menos a fantasia é original, ninguém mais se fantasia de anjo hoje em dia, pensei enquanto me aproximava. Ela parecia dormir, mas então percebi que na verdade, estava desmaiada. Ótimo, pensei enquanto sentia seu pulso. A pulsação era fraca, mas estava lá, ao menos não está morta, pensei enquanto a olhava. O que eu faço agora? Entro lá dentro e pego água? Começo a chama-la feito um maluco? Chamo a polícia? Ta, ok, exagerei. Se eu chamar a polícia é capaz de eles me prenderem antes de eu sequer contar como a encontrei. Resolvi que seria melhor tentar chama-la, talvez ela só tenha bebido muito e apagado. Não que ela pareça ser desse tipo, quer dizer, qual é! A garota está vestida de anja, olhei para ela mais uma vez e percebi com certo assombro que suas roupas estavam rasgadas, e céus, havia sangue aqui também. Arregalei os olhos e me afastei um pouco da garota. Talvez ela não tenha apagado por causa da bebida, pensei.

- Ai caramba. - Sussurrei antes de começar a sacudi-la. Que se dane, essa garota precisa acordar. - Acorda! Garota... Acorda! - Falei, ouvi a gemer de dor e a soltei. Merda, acho que estou fazendo errado. Resolvi então leva-la para dentro de casa, mas as asas da fantasia incomodavam na hora de levanta-la, então fiz a única coisa que podia. Peguei o celular e disquei o primeiro número da lista.

- Alo... Jasper? - Ouvi uma voz cansada dizer, sorri.

- Já estava dormindo Nick? - Pedi calmamente.

- Estava, é por isso que eu vim para casa, sabe... - Ouvi-o dizer, revirei os olhos, chato.

- Preciso da sua ajuda. Tem uma garota aqui...

Ouvi-o rir do outro lado do celular e revirei os olhos, espero que ele não comece com isso de novo.

- Tem medo de garotas agora? - Ouvi-o pedir em tom zombeteiro.

- É claro. - Falei sarcasticamente. Ele só pode estar brincando, é tão difícil assim perceber que eu estou afim você, imbecil? - A garota está desmaiada, com as roupas rasgadas e o melhor, tem sangue aqui. Eu não sei o que aconteceu, mas eu acho que ela pode ter sido atacada ou algo assim. - Falei enquanto a olhava, ouvi-o ofegar do outro lado da linha.

- Pelo amor de Deus, Jasper chame a polícia! Ou a ambulância, sei lá. - Disse ele, agora ele está bem acordado para falar comigo pelo menos.

- Talvez. Mas e se não for nada? Sei lá, não quero envolver a polícia nisso, não sem saber se é mesmo necessário, pelo menos. - Falei meio nervoso. A polícia não gosta muito de mim, não sei por quê...

- Você é louco, cara. Olha, eu vou sair agora, vou levar o kit de prontos socorros da minha mãe e chego ai em alguns minutos. - Disse ele, ouvi o som do que devia ser ele se vestindo, garoto bagunceiro, pensei enquanto sorria.

- Okay, te vejo daqui a pouco. - Falei antes de desligar. Guardei o celular no bolso e olhei para a garota desmaiada a minha frente, você precisa acordar querida.

Caída (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora