Capítulo 14

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Jasper Narrando
Lembranças


Os dias que se passaram foram estranhos, Isabel se distanciava de nós aos poucos, e apesar de minhas tentativas de reaproximação ela acabou somente por se aproximar mais de Aaron. Este, alias, acampou lá em casa durante todos os finais de semana desde então, sinceramente, queria poder chuta-lo para fora da minha casa, mas não posso. Nicholas e eu tentamos de todas as formas descobrir o que havia com Isabel, desistimos depois dela sumir por dois dias depois de tentarmos convence-la a nos contar.

Arranjei um emprego fixo, à noite, como segurança de uma boate. Minha pobre mãe quase teve um infarto quando descobriu, mas consegui tranquiliza-la dizendo que não havia perigo nenhum, e bla bla bla. O que realmente é verdade, ninguém perigoso chega sequer perto daquela boate, considerando que ela está localizada do centro da cidade e só tem música ruim a noite toda.

Tranquei a porta da boate lá pelas 3:00 da manhã (o que me surpreendeu, como alguém consegue ficar ouvindo aquela coisa até as 3 horas da manhã?) e me pus a caminhar para casa, era sempre assim, todos iam embora e eu ficava. Tudo estava silencioso, nem mesmo os cães latiam para mim, suspirei, melhor assim. Cheguei em casa após uns 40 minutos caminhando e me joguei no sofá, cansado é pouco para definir como eu estava. Após uns minutos somente lá, largado no sofá, decidi ir tomar um banho. Fiquei no máximo 10 minutos embaixo do chuveiro e então sai, vesti qualquer coisa e me joguei no sofá, preciso dormir.

...

Acordei com Isabel me sacudindo, o que ela quer agora?

- Jasper acorda! Tem uma mulher lá fora, ela disse ser sua mãe. - Disse-me ela, arregalei os olhos e pulei do sofá.

- Mamãe?! - Falei correndo até a porta, e lá estava ela, com a bolsa em uma das mãos e uma mala em outra. - Mãe?

- Bom Dia querido! Quem é essa jovem que atendeu a porta? Não é sua namorada não é? - Pediu ela me dando um abraço, a olhei.

- É claro que não, mãe. - Falei enquanto pegava uma de suas malas e ia entrando em casa, ela me seguiu.

- Ah, que pena, já estava pensando em meus possíveis netinhos. - Disse ela, a olhei e comecei a rir, ela me encarou por uns segundos e então riu também. - Ok, eu estava brincando. - Disse ela colocando a bolsa sobre o sofá.

- A Bell mora comigo, mas não é minha namorada. - Falei, ela me encarrou e sorriu para Isabel.

- Ela é sua protegida então? - Pediu-me ela, assenti.

- Tipo isso, é complicado. - Falei enquanto colocava sua mala ao lado do sofá. - A senhora pretende ficar uns dias aqui? - Pedi-lhe, ela sorriu.

- Se houver espaço, e não for incomodo. - Disse ela calmamente, sorri.

- A senhora nunca incomoda. - Falei-lhe. Percebi então que ainda não havia apresentando Isabel a minha mãe, e tratei de chama-la para perto de mim. - Mãe, essa é a Isabel, Isabel, essa é a minha mãe, Rose. - Falei calmamente, Isabel sorriu e se aproximou de minha mãe.

- É um prazer conhece-la, senhora. - Disse Isabel estendendo-lhe a mão, minha mãe que nunca foi tão formal puxou-a para um abraço.

- Pode me chamar de Rose, querida. - Disse ela sorrindo, sorri. Elas parecem terem se dado bem, ótimo, meio caminho andado, pensei enquanto as olhava.

Ficou decidido que minha mãe ficaria por mais ou menos duas semanas, e naquela mesma tarde a minha enorme cama de casal foi passada para a sala, e duas camas de solteiro ocuparam o quarto. A sala ficou minúscula com a minha cama lá, e ficamos nós três a encarando e pensando no que fazer com ela, por fim minha mãe achou a solução.

- Se mude. - Disse ela simplesmente, a encarei.

- Que? A senhora está louca? Quer que eu deixe a minha casinha? - Pedi-lhe, ela me olhou séria.

- Jasper, você sabe muito bem que isso aqui não está mais dando certo. Deixe de ser orgulhoso e compre uma casa maior com o dinheiro da herança do seu pai. - Disse-me ela séria, a encarei e encolhi os ombros.

- A senhora sabe que eu não gosto de gastar o seu dinheiro comigo... - Falei, ela me fuzilou com os olhos e se aproximou de mim.

- O dinheiro é seu também Jasper, aceite isso de uma vez. - Disse-me ela séria, ela suspirou. - Isabel, pode nos dar licença, por favor? - Pediu-lhe ela, Isabel assentiu e saiu pela porta da frente, indo para longe de nós e me deixando sozinho com minha mãe. - A morte do seu pai não foi culpa sua, e está na hora de você entender isso. - Continuou ela indo se sentar na cama, que ainda estava no meio da sala. - Sente-se aqui. - Disse ela apontando para o lugar vazio a sua frente. Sentei-me lá e a encarrei.

- Mas...

- Mas nada, Jasper! Você não é mais uma criança, está na hora de entender que você não teve culpa. Quantas vezes eu já lhe disse isso? - Disse-me ela, me encolhi em meu lugar. - Olhe para mim Jasper. Seu pai trabalhou a vida inteira para que você tivesse uma vida boa, confortável. E para que? Para você agora não querer aceitar o dinheiro dele. - Continuou ela, senti meu coração se despedaçar e comecei a chorar. Por Deus, o que eu havia feito comigo nos últimos anos?

- Desculpe mãe. - Falei, já começava a soluçar quando ela se aproximou e me abraçou.

- Só me prometa que não vai mais negar aquilo que é seu. E o que é mais importante, me diga que não vai mais se culpar. - Pediu-me ela, a olhei e assenti com a cabeça.

- Prometo mãe. - Falei enquanto a abraçava novamente, e ficamos assim, o filho inconsolável e mãe carinhosa, abraçados diante das lembranças que talvez devessem ser esquecidas.

~❤~

Oi gente, to passando aqui para agradecer ao pessoal que está votando e comentando.
Obrigada.
Vcs são incríveis 💙
Espero que continuem assim kk
Como vcs ja devem ter percebido, voltei a todo vapor, então vamos aproveitar kkk
Obrigada por tudo.
Bjs da Lua.

Caída (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora