Capítulo 6

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O Anjo Inferior
Jasper narrando


- Você é o que?! - Pedi-lhe um tanto chocado. Ela só pode estar brincando comigo, só o que me faltava um cupido ter caído em meu jardim! Ela me olhou um tanto receosa, sentia o medo dentro dela, fechei os olhos.

- Sou... Um cupido. - Ouvi-a falar novamente, coloquei as mãos sobre os olhos. Se ela é um cupido, ela sabe sobre o que eu sinto pelo...

- Sim, eu sei. - Ouvi-a dizer, abri os olhos e a encarrei. Isso é... Terrível.

- Não conte a ele! Por favor? - Pedi-lhe em tom suplicante, não sei o que ele faria se descobrisse o que eu sinto. Talvez se afastasse, talvez risse da minha cara e fosse embora, há tantos talvez...

- Não vou contar. Lamento, eu não queria... Descobrir... Ou me intrometer. - Disse-me ela, olhei-a e vi que ela estava pálida, tremia um pouco e parecia se encolher na cama. - Não me mande embora, por favor? Eu não tenho para onde ir, e nem sei por que estou aqui! - Suplicou-me ela. Olhei-a e fui até ela, abracei-a e deixei que ela se agarrasse a mim, então ela chorou. Eu nunca estive em uma situação assim, o que eu faço agora? Falo alguma coisa? Continuo a abraçando?

- Não vou manda-la embora Isabel. Não se preocupe com isso, só, não saia por ai com suas flechas ok? - Pedi-lhe, ela parou de chorar, mas ficou em silêncio por um tempo.

- Eu não tenho flechas. - Disse ela por fim, comecei a rir.

- Ok anjinha. Agora para de chorar, acho que está na hora de você tomar um banho. Só não sei o que fazer com suas asas... Elas não podem molhar, não é? - Falei a encarrando.

- Claro que podem. - Respondeu-me ela. - Mas eu não sei se esses... Panos podem. - Continuou ela me olhando indecisa.

- Vamos fazer assim, nós tiramos as gazes agora, e depois do banho colocamo-las de novo. - Falei calmamente, ela assentiu com a cabeça, mas ficou em silêncio enquanto eu retirava as gazes. Levei-a até o banheiro do meu quarto, que era o maior da casa e liguei o chuveiro.

- Você prefere água fria ou quente? - Pedi-lhe então, ela olhava admirada de mim para o chuveiro e se aproximou, suas asas encostando-se às paredes do banheiro e derrubando várias coisas. Terei trabalho mais tarde, pensei calmamente.

- Hum... Fria? - Disse-me ela, resolvi coloca-lo em temperatura morna, na dúvida, vai à metade, pensei calmamente. Mostrei a ela como o chuveiro funcionava e me preparei para sair.

- Você sabe o que fazer agora, não sabe? - Pedi-lhe, ela me olhou por um instante e assentiu. Em seguida simplesmente tirando o vestido esfarrapado que usava.

- ISABEL, NÃO NA MINHA FRENTE. - Falei me virando. - Você não fica nua na frente dos outros. - Falei-lhe.

- Desculpe. - Disse-me ela.

- Ta. Vou sair agora, tem uma toalha aqui na mezinha. - Falei-lhe, sai logo em seguida. Voltei ao me lembrar de algo e abri a porta um pouco. - Já ia esquecendo, quando o Nicholas voltar com suas roupas, vou deixa-las aqui para você usar. - Falei-lhe, ouvi um "Ok" e fechei a porta logo em seguida. Caramba, eu vou ter trabalho com essa anjinha, pensei enquanto me jogava na cama e fechava os olhos.

...

- Hei Jasper. Você não está dormindo não é? - Ouvi Nicholas pedir, abri os olhos e me virei na cama.

- Já volto bebe? - Pedi-lhe, ele jogou alguma coisa em mim e comecei a rir. - Que violência! Conseguiu algo pra "Bell"? - Pedi-lhe.

- Sim, só não sei se você vai gostar. - Disse-me ele, o encarrei.

- Nicholas... O QUE VOCÊ TROUXE? - Pedi-lhe. - Se você ter trazido alguma roupa indecente ou...

- Sossega Jasper! É só que são roupas... Velhas, e um pouco... Estranhas. - Disse ele.

- Pelo jeito não são as roupas da sua mãe. - Falei enquanto tentava ver o que tinha dentro da sacola que ele carregava.

- São, as roupas dela de adolescente. - Disse ele, comecei a rir.

- Não seja bobo, sua mãe não é tão velha assim. - Falei, na verdade eu diria que a mãe dele tem no máximo 30 anos, e olha lá. Ele riu.

- Você não tem ideia da idade dela. Mas, enfim, eu trouxe alguns vestidos. Têm algumas jaquetas também, saias... - Disse ele indo até a minha cama e virando a sacola sobre ela. Caramba, só tem coisa velha ai, pensei enquanto olhava tudo. Saias rodadas, vestidos soltos, jaquetas... Maneiras. Até que pra época, essas roupas eram legais, percebi enquanto olhava tudo. Olhei para Nicholas quando encontrei um pacote fechado de algo.

- São... Calcinhas. - Ouvi Nicholas dizer, me virei para ele e ergui as sobrancelhas.

- São da sua...?

- NÃO! Credo Jasper, eu não ia pegar as calcinhas da minha mãe. - Disse ele.

- Então de quem...?

- Olha, eu contei pra minha mãe que uma prima sua tinha vindo morar com você, mas ela foi assaltada e roubaram as malas dela. E como é domingo, não tínhamos como ir fazer compras, então ela ligou pra uma amiga dela que tem uma loja de roupas íntimas... E pediu algumas calcinhas. - Disse ele.

- E como você sabia o tamanho? - Pedi, vi-o ficar vermelho e me segurei para não rir.

- Eu chutei. - Disse ele, comecei a rir.

- Me desculpe. - Falei entre risos. - É que não consigo não imaginar você falando com a sua mãe sobre calcinhas. - Falei para ele que já estava mais vermelho que aqueles corações de cartões de dia dos namorados. No mesmo instante me veio à mente a imagem de Nicholas e sua mãe conversando, ele dizia "eu preciso de calcinhas também" e sua mãe segurando uma, olhava para ele e dizia "pra que amorzinho?". Comecei a rir mais ainda, eu pagaria para ter visto isso.

- Para com isso idiota! - Ouvi-o dizer, segurei o riso e o encarrei.

- Que foi? - Pedi-lhe fazendo uma cara de santo, ele me olhou sério por um tempo.

- Podemos parar de falar de calcinhas agora? - Pediu-me ele.

- Claro bebe, vamos falar de que agora? Cuecas? - Pedi dando um sorriso malicioso. Vi-o ficar vermelho e resolvi parar, ele é tão tímido! Qual o mal de falar de cuecas e calcinhas se todo mundo fica sem em algum momento? Pensei calmamente. Ouvi um barulho e olhei para a porta a tempo de ver Isabel saindo só de toalha do banheiro.

- Isso é para mim? - Pediu ela olhando para as roupas em cima da cama.

- Sim. Escolha o que quiser. - Falei enquanto puxava Nicholas para fora do quarto. Fomos até a sala e nos sentamos no sofá, ligamos a TV e colocamos um filme qualquer para assistir.

- Dá pra acreditar nisso? Você está morando com um anjo cara. Um anjo. - Disse Nicholas, como sempre, nenhum de nós dois prestava atenção no filme.

- Realmente, quem imaginaria isso? - Falei o olhando. - Será que isso reserva meu lugar no céu? - Pedi-lhe, ele riu.

- Não sei. - Disse ele. Ficamos conversando por uns instantes até ouvirmos a porta de meu quarto fechar.

- Lá vem ela. - Falei sorrindo, e logo ela apareceu, radiante com seu vestido amarelo esvoaçante e suas asas brancas.

Caída (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora