Os nomes tem poder
Isabel narrando
Fechei os olhos mais uma vez e tentei ignorar a dor lancinante que vinha de minhas asas. Eu cai, não sei como, não sei por que, eu só cai. E cá estou eu, sendo cuidada por um humano que ainda tem dúvidas em relação a mim. Não o culpo, eu mesma percebi que havia algo errado quando acordei, o local onde me encontrava, a energia que emanava curiosidade e impaciência ao mesmo tempo. Uma energia que os anjos não costumam ter, mas mesmo sabendo disso me prendi a ideia de que ainda estava no céu. Mas não estou, não sei se minhas asas vão se curar, mas não posso esconde-las até elas estarem bem novamente. Até lá, terei que confiar nesse humano. Realmente espero que ele não me traia, ouvi histórias horríveis sobre o que os humanos fazem com os anjos que caem. Mas algo não se encaixa. Eu ainda estou com as minhas asas, elas não foram tiradas de mim, por quê? Se minhas asas estão aqui, significa que não fui expulsa do céu, mas o que eu faço aqui então?
Abri os olhos, não me lembro de algum dia já ter me sentido tão... Perdida. Ele me encarrava, o olhei por um segundo antes de desviar os olhos.
- Terminei. - Disse ele por fim, sorri, ao menos isso. - Só não sei como você vai fazer para dormir, talvez tenha que se deitar de bruços até, bem... As suas asas estarem boas. - Disse ele, o encarrei. Ele ainda não acredita em mim. Louca me veio à mente, é isso o que ele acha que eu sou. Mas o que é uma pessoa louca? Tentei me lembrar do significado dessa palavra, mas não consegui. Por que ele acha isso de mim? E, o que isso significa?
- O que é uma pessoa louca? - Pedi-lhe sem pensar, ele arregalou os olhos e abaixou a cabeça dando um sorriso sem graça. - Não precisa ficar assim. - Falei-lhe, ele deu um passo para trás. Por que ele fez isso? Está com medo? Ele me olhou.
- Uma pessoa louca é aquela que não sabe o que faz ou diz, ou que acredita que algo que não é verdadeiro seja real. - Disse ele por fim. - Onde você ouviu isso? - Pediu-me ele, dessa vez eu abaixei a cabeça. Não posso contar que o ouvi, ele pode ficar com medo, ou me rejeitar como os outros, pensei enquanto olhava para meus pés. Ou talvez seja melhor dizer a verdade...
- Não sei. Essa palavra me veio à mente. - Falei calmamente, não estou mentindo. Até por que não conseguiria, pensei enquanto o olhava. Percebi então que ele parecia cansado, será que está com sono? - Você está bem? - Pedi-lhe. - Parece cansado. - Continuei calmamente, ele me olhou por um segundo antes de se virar para... Uma janela? Ele caminhou até lá e puxou o pedaço de pano que a cobria. Uma fraca luz amarela entrava por ela, minha curiosidade venceu meu bom censo e me aproximei me parando ao seu lado.
- O que é isso? - Pedi-lhe enquanto olhava as cores que iam do vermelho ao amarelo de uma forma magnifica.
- É o nascer do Sol. - Respondeu-me ele. Sorri e o olhei encantada.
- O Sol? Eu nunca o havia visto assim, é tão lindo... - Falei enquanto olhava admirada aquelas luzes brincarem com a paisagem ao seu redor. - Você não está com sono? Talvez devesse dormir, descansar um pouco. - Falei me virando para Jasper, ele sorriu.
- Ótima ideia anjinha. Vamos dormir agora, que tal? - Disse ele fechando a janela com aquele pano novamente. - Você fica na cama, eu no sofá. - Disse ele então, queria lhe dizer que não estava com sono, mas resolvi não falar nada. Talvez seja melhor que eu durma mesmo, talvez eu me lembre de algo nos meus sonhos...
- Ok, se precisar de qualquer coisa, eu estou na sala. - Disse ele indo até uma parte afastada da parede e apertando em alguma coisa na parede, e então tudo ficou escuro.
- JASPER? - Chamei-o. - Jasper, a escuridão, Jasper! - Falei começando a caminhar, a luz voltou logo em seguida e vi Jasper me encarrando. - JASPER! Foi você que fez isso? Como fez? - Pedi indo até ele, ele me olhou e começou a rir.
- Isabel, eu só desliguei uma lâmpada. - Disse ele calmamente, o que é uma lâmpada? Resolvi ver com meus próprios olhos e ergui a cabeça. Uma luz cegante chegou aos meus olhos, os fechei e dei uns passos para trás.
- Ai! - Falei enquanto colocava as mãos sobre os olhos.
- Isabel! Não se olha assim para uma lâmpada querida. Machuca os olhos. - Disse ele, arrisquei abrir os olhos e vi que ele me encarrava sério, impaciência era o que vinha dele. Abaixei a cabeça.
- Desculpe, eu não sabia. - Falei baixinho, ele se aproximou e me abraçou, ou tentou, as asas não ajudaram muito.
- Ok, tudo bem. Só não faça mais isso. - Disse ele passando as mãos em meus cabelos. - Agora, que tal você se deitar? Eu desligo a luz depois que você já estiver na cama dessa vez. - Disse ele dando um sorriso, me virei para o que deveria ser a "cama" e fui em sua direção. Como vou me deitar sem machucar as asas? Pensei ao encarrar a cama, Jasper deve ter percebido o que eu pensava, pois logo se aproximou.
- Acho que você terá que se deitar de bruços. - Disse ele, assenti. Deitei-me calmamente e arrisquei dar uma olhada para a "luz", vi pouco, mas a claridade foi a mesma. Fechei os olhos.
- Ok, boa noite anjinha. - Ouvi-o dizer antes de a luz se apagar novamente e eu estar em meio à escuridão.
- Boa noite. - Sussurrei-lhe antes de fechar os olhos e simplesmente dormir.
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Caída (Completo)
FantasyO Halloween é uma ótima oportunidade para sair, se divertir, se fantasiar e é claro, pedir doces. Mas, e se ao voltar para casa você encontrasse uma garota desmaiada em seu jardim? Ao acordar, a garota parece perdida e começa a falar coisas sem sent...