Jasper Narrando
Efeito ColateralIsabel foi embora. Tudo se resumia a isso. Os dias passaram se arrastando, não fazia mais sol, e quando fazia, odiávamos. Tudo nos lembrava ela. Mas porque? Nem a conheciamos a tanto tempo assim, isso era só um tipo de efeito colateral causado por sua partida.
Era isso, precisávamos dela.
Nicholas aparecia todos os dias la em casa, as vezes matava aula. Eu queria impedi-lo, mas não conseguiria. Mesmo se eu o pegasse pela mão e o levasse até a sala de aula, eu acho que ele daria um jeito de fugir e viria para cá. Procura-la. Todos estávamos assim, cogitamos nos mudarmos de novo, para tentar esquece-la, mas era impossivel. E se ela voltasse? Nos encontraria?
Eu não queria nem pensar no que o pai de Nicholas faria quando descobrisse que ele estava matando aula. Na verdade eu tentava não pensar em nada nos últimos dias.
Estava tudo muito difícil, minha mãe parava ainda menos em casa. E como eu sei disso? Simples, larguei o meu emprego. No começo eu não podia ir trabalhar mesmo, depois não quis mais voltar. E agora eu estava em casa, sobrevivendo as custas da herança do meu pai. Não sei como esse dinheiro ainda não acabou.
E aqui estou eu, jogado no sofá jogando no celular. Vicio? Não, só não tenho mais nada para fazer. Tédio me representa.
Joguei o celular em um canto e me levantei, que se dane, vou sair. Peguei uma jaqueta e sai pela porta sem me importar com frio, a chuva ou as pessoas que me olhavam como se eu fosse maluco. A cidade estava meio deserta, a chuva afastava as pessoas da rua, ao que parece elas são feitas de açucar sabe... Incapazes de se molhar um pouco. As poucas pessoas que se via estavam dentro de lojas, restaurantes, cafés. Protegidas. Chega a ser emocionante.
Vi ao longe duas crianças correndo pela chuva, elas se divertiam e pareciam não ligar para a mulher que gritava feito uma maluca chamando-os para dentro de casa. Obviamente, ela queria que as crianças entrassem, mas não queria ir busca-las. Suspirei, fui até elas devagar, elas me observaram enquanto me aproximava. Me abaixei para ficar de suas alturas e dei um sorriso.
- Acho melhor vocês entrarem antes que ela tenha um ataque. - Falei calmamente, o menininho me encarrou e sorriu.
- Ela não é minha mãe. - Disse ele como se me desafiasse à contradize-lo, sorri.
- Encontre a parte em que eu disse isso e então poderemos conversar. - Me virei para a menininha. - Não acha que seria um ótimo dia para brincar dentro de casa? Fazer um chá... Esse ai pode ser seu "colega". - Falei me referindo ao garoto que me olhava bravo.
- Só entro se for pra jogar vídeo game. - Disse-lhe ele, ela sorriu.
- Mas depois vamos brincar do que eu quiser.
- Tá bem...
E foi assim que fui excluído da conversa e os dois correram para dentro de casa. Amigável.
Voltei a andar e fui na direção de um antigo café em que eu e minha mãe iamos sempre, bem... Antes de Isabel e tudo mais. Quando cheguei fiquei surpreso ao ver que minha mãe, que sumia quase todos os dias, la sentada, rindo e conversando com um velho. Ok, ele não era velho, mas também não era novo, era mais velho que a minha mãe sem dúvidas.
Vi-o pegar na mão dela. Ok, o que está acontecendo?
- Mãe? - Falei me aproximando, ela levou um susto ao me ver e se levantou da mesa, o homem se levantou logo em seguida.
- Jasper, o que aconteceu com você, meu filho? - Disse ela meio nervosa. Olhei para o meu reflexo nos espelhos que havia no café, que eram muitos aliás. Eu estava, sem dúvidas, parecendo o típico badboy que assaltava bancos e bebia litros. Meu cabelo estava molhado caindo sobre meu rosto, e minhas roupas pretas encharcadas me dava um ar desleixado. Acho que não escolhi muito bem minhas roupas hoje. Dei de ombros.
- Não curto guarda-chuvas. - Falei simplesmente, ela me olhou com uma cara de desaprovação antes de se virar para o homem.
- Bem, não era assim que eu queria que se conhecessem. - Disse ela, a encarei.
- E porquê eu deveria conhece-lo mesmo? - Perguntei, ele sorriu meio sem graça e estendeu a mão para mim.
- Ora, você não falou mesmo de mim para o garoro? - Disse ele lhe lançando um sorriso nervoso. -Eu sou Otávio, sou o namorado dela.
O encarei, ok. Acho que estou doente e delirando. Só pode. Minha mãe, namorando? Ta bom.
- Jasper... Eu queria te contar...
- Queria mesmo? Acho que não, já que você vem sumindo faz muito tempo e nunca comentou nada. - Falei antes de virar as costas para os dois e ir embora, voltando pra chuva e pra solidão do meu próprio coração. Raiva, era o que eu estava sentindo. Ela havia escondido algo importante de mim, como ela pode? Sou o filho dela, e ela nem se preocupou em me contar.
Olhei para o relógio e vi que pela hora, a aula do Nicky ja devia estar acabando. Será que eu deveria ir procura-lo? Não. Hoje não.
Fui até um antigo campping que havia na divisa da cidade e entrei em uma das antigas cabanas. A primeira coisa que vi foram teias de aranha. Muitas. Não preciso nem comentar da sujeira, me sentei em uma cadeira velha que havia em um canto e fiquei lá, olhando para o teto durante sei lá quantas horas. Quando dei por mim ja estava meio mal por falta de comida, sinceramente, não sabia quanto tempo havia se passado. Decidi voltar para casa e sai da cabana, havia parado de chover. Voltei para casa em silêncio, encarando o vazio do céu.
Quando cheguei na esquina de casa vi Nicholas correndo até mim, ao contrário de mim, ele estava seco e arrumado.
- Jasper. Meu Deus, procuramos você a tarde toda! Onde estava? - Pediu ele me encarando.
- Caminhando... Precisava pensar. - Respondi enquanto ia em direção a casa, ele me acompanhou.
- Entendo... Sua mãe estava preocupada sabe... - Disse ele, não respondi. Não estava com vontade de falar dela, não agora.
~💙~
Oie
Voltei, e esse cap. é maior kk
O cap. não foi revisado pq meu pc está meio bugado.
Me desculpem.
Qualquer erro podem me avisar que eu mudo.Obg para quem leu até aqui.
❤❤❤
Vcs são demais.
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Caída (Completo)
FantasyO Halloween é uma ótima oportunidade para sair, se divertir, se fantasiar e é claro, pedir doces. Mas, e se ao voltar para casa você encontrasse uma garota desmaiada em seu jardim? Ao acordar, a garota parece perdida e começa a falar coisas sem sent...