Problemas

103 9 2
                                    

15 de dezembro de 1994

Alguns adolescentes tinham uma conversa tensa. Estavam encostados em um muro grafitado, ao todo eram cinco, duas garotas e três rapazes. Um deles caminhava de um lado para o outro enquanto soltava fumaça pelos lábios e em seguida levava novamente o cigarro a boca.

-Eu realmente não entendo como isso aconteceu! -Dizia o fumante tentando esconder o tom de medo que predominava sua voz.

-Quer que eu desenhe para você? -Indagou a loira irritada dando um passo para frente de modo que ficou bem próxima ao outro -Tinha câmeras de segurança lá e nos pegaram no flagra! Vão chamar nossos pais a qualquer momento e não sei o que vai acontecer com a gente.

-Vão nos prender -Disse a outra garota com o olhar paralisado como se já pudesse enxergar a cena -Vão mostrar as imagens a polícia e aí vão nos prender!

-Não, eu não posso ser presa -Rebateu a loira que agora enxugava as mãos suadas na saia jeans que usava -Eu não posso ser presa! Meus pais me matam antes disso e além do mais não dá para fazer faculdade na prisão. Eu tenho que entrar na faculdade ano que vem, eu não posso ser presa!

-Calma, galera -Falou Igor (Um dos cinco), mascando o chiclete e levantando os óculos de sol -Relaxem, se fossem fazer isso de nos denunciar já teriam feito! Já faz três dias.

-Só que ele me ameaçou hoje, o que indica que talvez ele denuncie hoje também...

-Relaxa, Aury -Aury, era assim que seus amigos a chamavam, mas seu nome era Aurora-Talvez ele só quis avisar para que não façamos de novo!

-E talvez ele realmente queira nos ferrar! -Cuspiu o outro rapaz ainda segurando um cigarro entre os dedos.

-Eu não queria fazer isso, vocês me obrigaram -Choramingou Derick, que até então estava em silêncio. -Eu vou entregar vocês, eu não queria roubar aquela porcaria, vocês me obrigaram -Apontava para os amigos com o grande nariz vermelho.

-Para de ser idiota, Derick! -Resmungou Aurora revirando os olhos e cruzando os braços -Se cairmos, cairemos juntos!

-E além do mais se você fizer alguma tolice, eu mato você. Me ouviu? -Ameaçou Igor segurando a gola da camisa do pobre e medroso Derick que confirmara que sim com a cabeça, havia entendido.

-Ah...Droga! O que vamos fazer?

O silêncio tomou conta do ambiente, um olhava para o rosto do outro como se buscassem respostas sobre o que fazer escrita em suas testas. O vento balançava os cabelos cheios de Aurora e ela passava a mão sobre o rosto retirando a franja de cima dos seus olhos, mais uma vez o vento soprara e levara a cinza do cigarro de Lucas para longe enquanto ele apertava os olhos soltando a fumaça.

Um carro com alto-falantes passou chamando a atenção de todos os cinco

"O renomado Sr.Duarte, dono das empresas de joalheria Duarte será o anfitrião da grande festa das damas da cidade esse ano e irá recompensar as vencedoras com um belo presente, as melhores joias de suas lojas a ainda tem mais..." - O motorista que conduzia o carro anunciante parecia ter pressa virou em uma esquina prejudicando o som, mas mesmo assim os jovens não pareciam interessados no que ouviam a não ser Maria que todo ano participava da competição.

-Será que ele vai nos expor no dia da premiação? -Perguntou mais para si mesma do que para os amigos.

-O que disse, Maria? - Indagou Aurora com o dedo mindinho na boca, desatenta.

-O Duarte...será que ele vai nos expor na festa das damas? -Ninguém parecia entender o que ela falava -Sabe, ele é o dono da joalheria que roubamos -Todos deixaram que escapassem exclamações do tipo "Ah!", e os rostos voltaram a preocupar-se.

Quem é ela?Onde histórias criam vida. Descubra agora