Prisão

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Bernardo pensou que cairia, podia tocá-la e a via diante de seus olhos como não via desde mil novecentos e setenta e oito, há mais de doze anos, não conseguia acreditar em si mesmo. Seus joelhos afrouxaram-se e ele sentiu seu estômago afundar, não conseguia ouvir nenhum som ao seu redor, apenas buscava encontrar a verdade no olhar dela, parecia estar esperando ela sorrir marotamente como fazia e dizer-lhe "Eu te disse que voltaria, meu amor".

Os olhos dele estavam molhados, mas ele tentava sorrir enquanto os lábios tremiam pronunciando sem emitir som repetidas vezes o nome "Lady Laura". Ele estava tão feliz como não ficara a tanto tempo, que chegava a estranhar a si mesmo, era tudo tão estranho, mas por fim verdade aquela frase que leu em algum livro "A dor da saudade, não se compara com a felicidade do reencontro". Bernardo finalmente sentia que depois de anos poderia prosseguir com sua vida novamente de onde parou.

-Você voltou -Disse em sussurro enquanto a garota o olhava sem entender nada -Eu esperei tanto tempo, mas você finalmente voltou. Voltou para mim -Ele admirava cada centímetro do rosto da garota que parecia não ter mais medo, apenas dúvidas, "Do que ele estaria falando?"

Finalmente o vazio dele havia se preenchido de novo. Ele tocava o rosto de Aurora com as duas mãos tão delicadamente como quem alisava uma pétala de uma rosa. E não queria nem ao menos piscar os olhos, tinha medo de que fosse um sonho. E mantendo seu olhar dentro dos olhos dela permitiu que uma lágrima pulasse de seus olhos escancarados e escorresse rapidamente sobre seu rosto.

Aurora estava confusa com a emoção emitida por ele que começara a olhar de um lado para o outro tentando evitar olhar para o homem emocionado, ela engoliu seco e tentou voltar a se comunicar com o Duarte que parecia um louco olhando para ela, o sangue dele havia fugido do corpo, o homem estava tão pálido quanto um cadáver.

-Senhor Duarte? -Ela o encarou com um olhar baixo, desconfiada -Eu posso...

Ela foi impedida de prosseguir com as palavras quando foi bruscamente puxada para trás pelo segurança que até então estava a rendendo segurando em seus braços, ela deixou escapar um leve gemido de desconforto e surpresa, seus pés tropeçaram um no outro, mas ela conseguiu equilibrar-se, um pouco antes dos homens postarem-na de frente para alguns policiais que foram convocados no hotel para "prenderem a ladra".

Os policiais foram rápidos e a algemaram com as mãos para trás antes que ela pudesse protestar algo. Bernardo assistia a tudo ainda em choque, mal conseguia concentrar-se no que estava acontecendo naquele momento, a única coisa que ele sabia era que ela estava ali.

Um dos policiais começou a empurrá-la guiando-a pelo corredor do hotel, Bernardo finalmente saiu do seu estado de transe ao ver o olhar de Aurora pedindo-lhe ajuda, ela também estava assustada com tudo aquilo, sendo levada como se fosse uma delinquente. Não era necessário tanto, pelo menos não no modo de vista dela.

-Espere! -Pediu Bernardo, mas os policiais pareciam não ouvi-lo e se ouviam não o obedeciam -Esperem! -Gritou mais forte fazendo seu pomo de adão subir e descer, enquanto enxugava o rastro da lágrima em seu rosto. Ele correu para a frente de Aurora esbarrando nos policiais e seguranças que pareciam terem se multiplicado naquele corredor que de tão movimentado parecia ter diminuído. Ele segurou o rosto da loira que estava com tanto medo novamente -Eu não vou deixar que te levem! -Disse com a respiração próxima a dela.

Aury, apenas agradeceu com um balançar de cabeça, mesmo achando estranha aquela atenção e todo aquele esforço que o Duarte demonstrava por ela.

Os policiais a empurraram novamente enquanto outros afastavam o relutante Bernardo de próximo a ela.

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