Capítulo XIII

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Marina andava de um lado para o outro, pensando o que ainda fazia ali, na frente do prédio de Luciana.

Deveria ter pego o carro, dirigido para casa sem olhar para trás. Seria fácil. Ela ainda tinha as chaves nas mãos, podia senti-las ao fechar os dedos ao redor delas. Mas algo a impedia, como uma força que a mantinha ali, naquele lugar, perto dela. Não podia mais ficar longe, por mais que temesse se machucar. O coração já sofria as dores do sentimento que não podia mais negar.

Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, apertando os lábios. Respirou fundo, pensando em como as coisas tinham acontecido minutos antes, quando apertou a campainha no apartamento de Luciana, dando de cara com uma pessoa que não esperava encontrar ali.

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— Pois não?

A porta tinha acabado de se abrir para Marina e ela esperava encontrar aquele mesmo par de olhos esverdeados. Mas não foi a dona deles quem a atendeu.

— Você é...?

— Sabrina. Nós nos conhecemos numa cafeteria que você estava com a Luciana.

A memória de Marina clareou num piscar de olhos e ela sentiu a mente girar de leve.

— Claro, eu me lembro.

Havia um sorriso fraco no rosto de Marina; um que estava pronto para se desmanchar.

— Quer falar com a Luciana? Ela 'tá numa ligação com alguém da editora, sobre o lançamento sábado...

— Não, não se preocupe — Marina levantou a mão aberta, afastando-se dois passos. — Só... diga que eu estive aqui e que depois nos falamos.

Então Marina saiu, antes de dar espaço para que a outra dissesse alguma outra coisa.

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Diante da lembrança, Marina resolveu que era hora de colocar logo a chave na porta do carro e abri-lo, para que ela pudesse ir embora de uma vez. Assim que ela destrancou o carro, ouviu seu nome dito por uma voz familiar. Ela se virou para Luciana, sendo incapaz de recebê-la com o sorriso de sempre.

— Ei — Luciana parou diante de Marina, ofegante por ter vindo correndo. — Você ia embora sem falar comigo?

Marina apertou a chave na mão.

— 'Tá muito tarde e eu não deveria te incomodar

Luciana deu de ombros, um sorriso culpado.

— Nada, você sabe que eu não durmo cedo. — O sorriso de Luciana desmanchou e ela franziu o cenho. — 'Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

— Não, nada, só... preciso mesmo ir pra casa.

Marina se virou de costas para Luciana, com a intenção firme de abrir o carro. Colocou a chave na maçaneta, mas parou a sentir a mão da amiga sobre a sua. Os olhares se encontraram.

— O que foi? Diz.

Marina umedeceu os lábios e deixou a chave pendurada na porta do carro, ficando de frente para Luciana.

— Você não me disse que tinha voltado com ela.

— Porque não voltei.

Marina fechou os olhos, respirou fundo e os abriu novamente.

— Lu, ela 'tá no seu apartamento.

— Isso não significa nada. Ela não significa mais nada pra mim.

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