Sentimento

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Uma das coordenadoras entrou dentro do ônibus para chamar todo mundo pra fora por volta das dez da manhã, assim que chegamos. Ela  se deparou com todo mundo dormindo, ficamos acordados a noite inteira e jamais eu acordaria as dez da manhã no dia seguinte, mas aquele não era um dia normal.

Assim que fomos obrigados a sair do ônibus, fomos para um casarão, pelo oque ela disse lá é aonde vamos ter que dar nossos nomes e fazer crachas, ir ao banheiro e comprar algo para comer. Ela só sabia reclamar que a trilha era muito grande e que não merecia ter que levar esse bando de adolescente maluco.

Passo por ela, mas uma mão me prende.
- Aonde você pensa que vai Com esse cabelo?.
Olho para os meninos que ja tinham passado do portão e estavam estrando dentro da casa, eles me pagam. Talvez a ideia de queimar barracas não seja tão má assim.
- Resolvi pintar, pra combinar com meu tênis.- Fala serio oque eu acabei de falar!. Meu tênis é preto.
Ela sorri sínica.
- Se eu receber uma reclamação de você e seu grupo de babacas, eu expulso vocês no primeiro ônibus que sair daqui.- Ela sai resmungando.
Mostro a ela o dedo do meio, eu sei que é feio, mas ela está de costas.

(...)

- Entao aquela velha chata vai ficar na nossa cola?.- Matheus sorri travesso.- Acho que devíamos fazer alguma coisa a respeito.
- Nem pensar, você ja se livrou daquela mochila né?.- Júlia o olha impaciente.
- Que mochila?.- Pergunto.
- Ele trouxe uma mochila cheia de baboseira pra pregar peça nos outros.- Kath sorri travessa.
- Não sei como a velha chata não te parou, ela já enrroscou o bigode comigo só por causa do meu cabelo.- Pego meu salgadinho da mochila. Já estavamos nessa trilha a alguns minutos e ja fiquei com fome.
- Se ela pegar essa merda, a gente ta ferrado.- Julia rouba um pouco do meu salgadinho.
- Por isso mesmo, vamos usar tudo o mais rapido possivel.- Matheus sorri e Li faz um grito de gay.
- Tá já entendemos a animação toda, mas vamos com calma a gente nem sabe como é lá ainda.- Kath continua a tropeçar a cada graveto e Leandro ta quase implorando para ela deixar ele levar o violão, se ela cair pelo menos não o quebra.
- É, vai que  lá é cheio de guardas insuportáveis iguais o do colégio.- Júlia faz gestos com a mãos como se quisesse esmagar alguém.
- Olha só a menina certinha quer fazer arte agora é?.- Leandro sorri de lado para a loira.
- Cala a boca.
- Gente se concentra na caminhada a gente vai perder uns quilinhos.- Kath sorri empolgada.
- É você está precisando mesmo.
Ela vai pra cima dele pra lhe dar uns tapas, mas eu a seguro com o braço.
- Estamos chegando!.- A velha chata grita.

(...)

- Caralho..que campo enorme!.- só falta Kath rolar na grama de tão entusiasmada.
- Interessante.- Júlia sorri.
- Eu vou amar ficar aqui.- Matheus tira a mochila dos ombros.
Estavamos diante de um campo enorme no meio da mata e uma fogueira apagada a vários metros daonde estávamos.
- Sem chances de ter guardas aqui é enorme!. - Li se aproxima.
Varias barracas vendendo barracas, sacos de dormir, roupas, mapas, carregadores portáteis. Isso sim é estar preparados para receber vários adolescentes.

(...)

Já faz meia hora que estamos esperando Kath montar sua barraca para ir pra cachoeira. Ela não está tendo sucesso, mas não quer ajuda de ninguém, disse que é forte o suficiente para fazer isso sozinha. Os meninos só não estão ligando muito  pela demora pois estão adorando ve-la andar pra lá e pra cá de shortinho.

- Mas que porra, porque essa merda não fica em pé?.- Kath grita e chuta um dos paus que sustenta as paredes da barraca tamanho familia.
- Porque não é assim menina!.- Julia grita no mesmo tom, indo pegar o pau.
Ela acaba a ajudando e faz um bom trabalho, as duas se trocam e vamos atrasados para a cachoeira.

(...)

- Ai quanto mosquito!.- Matheus bate a mão em um do seus braços.
- Nem me fale to suando aqui, vamos pular logo!.- Kath sorri travessa.
-Vamos mesmo pular de uma rocha?. La em baixo parece ser tao fundo, acho que não vou não.- Renato sorri.
- Que isso Renatinho, não é você que ama adrenalina?.
- Não mas, acho que sei la cara.- Ele coça a nuca inseguro.
- Vai mano o Zack pula com você.- Matheus sorri.
- Vocês são uns bananas mesmo.- Julia resmunga tirando sua roupa, ficando só de biquini. Fiquei impressionado, a Júlia dar uma dessas? Talvez ela nao seja quem eu achava que parecia.

Uma metida, patricinha.
Ela pulou! Cara, não acredito. Que menina foda, desci correndo as pedras para ver se elas estava bem. E ela saiu da água maravilhosa com um sorrisão no rosto.

E foi ai que eu me toquei, eu também estava sorrindo. Eu estava sentindo alguma coisa se acender dentro de mim.

Isso com certeza não era bom.

Garoto ErradoOnde histórias criam vida. Descubra agora